Bruno Fernandes | Breves reflexões sobre um génio refilão

Após a derrota no Bessa diante do Boavista FC, alguns comentadores afetos ao clube de Alvalade têm-se espumado em revolta para com Jorge Sousa, o árbitro da partida. No cerne destas ardilosas ondas revoltosas, surge o facto do juiz portuense ter apenas assinalado cinco das onze faltas que Bruno Fernandes sofreu ao longo da partida. Para completar a contenda, qual cereja no topo do bolo, eis que o internacional português foi expulso pela acumulação de amarelos – um por uma falta cometida a um jogador boavisteiro e a segunda, por protestos, após uma falta do capitão leonino quando corria já a segunda parte. Esta situação colocará o canhão maiato de fora do próximo jogo do campeonato diante do Famalicão FC.

Bruno Fernandes é, que não restem dúvidas, o melhor jogador a atuar em Portugal. Mas esse estatuto deve ser acompanhado por uma maior maturidade em campo, nomeadamente no capítulo disciplinar. Quanto mais gostamos de um filho, mais lhe damos um “puxão de orelhas” quando ele merece, pois acreditamos no seu potencial. Gosto de um jogador aguerrido ao jogo, que deixa as vísceras em campo se for preciso, e o Bruno é, sem dúvida, um deles. Mas quando se trata de ultrapassar alguns limites, convenhamos, terá que refletir seriamente, como todos os outros, sobre o sucedido.

Sérgio Krithinas na sua crónica no jornal Record do dia seguinte ao jogo escreveu acertadamente: “Bruno Fernandes devia ter mais cuidado na forma como contesta decisões dos árbitros, até porque essa fama de refilão já o persegue (diante do Sp. Braga passou todos os limites e foi poupado) e faz com que haja menos tolerância do que em relação a outros jogadores”. Lamentavelmente, não vi nenhum opinion maker ligado ao Sporting abordar o assunto “Bruno Fernandes e o Bessa” desta forma. Até porque este problema de Bruno Fernandes é já antigo, não veio do jogo do passado sábado.

Dizer isto permite-me afirmar o seguinte com todas as letras: o empate no Bessa não foi da responsabilidade de Jorge Sousa, desculpem aqueles que acreditam nessa tese. Nos dias após o empate, multiplicaram-se os comentários sobre a péssima arbitragem que prejudicou o Sporting. Jorge Sousa tem tido as costas largas nos últimos tempos, principalmente depois do Boavista vs Sporting. Mas as “costas largas” do juiz do encontro têm impedido, ao mesmo tempo, uma análise profunda sobre o que está, de facto, a correr mal na nossa equipa de futebol.

É que aquilo que se viu no Bessa, principalmente na primeira parte, foi uma monstruosidade do que é jogar mau futebol, sobretudo por uma falta de concentração gritante. Estive no estádio, vi com os meus próprios olhos. Apenas o reforço congolês Yannick Bolasie se destacou pela positiva e, pelo menos para já, vontade de marcar a diferença não lhe falta. Confesso que a estreia de Plata pela equipa principal dos Leões me deixou incrédulo, um jogador que acompanho há algum tempo nos sub-23 e que esteve, à semelhança da restante equipa, irreconhecível.

A primeira expulsão de leão ao peito irá retirar o capitão do jogo frente ao líder Famalicão
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Depois do Bessa seguiu-se uma deslocação a Eindhoven para defrontar o PSV para a Liga Europa. Vi apenas a segunda parte e, mais uma vez, a exibição roçou o medíocre e o resultado espelhou bem (3-2) a supremacia dos holandeses. Depois do que vi no Bessa, não fiquei surpreendido.

Mas a pergunta tem que colocar-se de forma inequívoca: o que andou a equipa técnica anterior a fazer – sim, porque aqui Leonel Pontes não tem responsabilidades – em não inscrever Pedro Mendes dos sub-23 na Liga NOS, dada a iminência da saída de Bas Dost do clube e restando apenas Luiz Phillipe no plantel? Qual seria o “9” que estava na calha do brasileiro? Está visto que Mendes tem jeito para a bola, dá aquilo que o Sporting mais precisa: um número “9” que seja uma referência ofensiva e que permita que os elementos do setor dianteiro assumam maior liberdade nas suas funções. A ausência de um “9” tem levado a a uma salgalhada de todo o tamanho no ataque onde todos querem marcar e ninguém marca. E o jogo do Bessa foi o corolário disso. Alguém do Sporting falou nisso?

O próximo jogo é já na próxima segunda-feira, dia 23, diante do Famalicão. Ou as coisas mudam ou teremos mais um desaire, desta vez em pleno anfiteatro leonino. A ausência de Bruno Fernandes deixará mossa na equipa, dada a “brunodependência” que ainda se verifica neste Sporting. Mas Bruno Fernandes não durará para sempre e o clube terá que começar já a pensar em alternativas credíveis, venham elas de fora ou de dentro, para render o génio. E o jogo diante do Famalicão pode muito bem ser o primeiro laboratório para Pontes ensaiar as alternativas possíveis ao internacional português.

Foto de Capa: Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Artigo revisto por Diogo Teixeira

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Simão Mata
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O Simão é psicólogo de profissão mas isso para aqui não importa nada. O que interessa é que vibra com as vitórias do Sporting Clube de Portugal e sofre perante as derrotas do seu clube. É um Sportinguista do Norte, mais concretamente da Maia, terra que o viu nascer e na qual habita. Considera que os clubes desportivos não estão nos estádios nem nos pavilhões, mas no palpitar frenético do coração dos adeptos e sócios.                                                                                                                                                 O Simão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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