Com tudo isto, e para ultrapassar esta pressão que já todos perceberam funcionar contra nós, precisávamos do estilo de jogo de há dois anos, com futebol apoiado, em constantes trocas de bola, de um e dois toques, não deixando que, mesmo os jogadores mais fortes na pressão consigam chegar a tempo de a disputar. E qualidade técnica para isso temos, e basta olhar para William Carvalho, Bruno Fernandes, ou Rúben Ribeiro, mas falta-lhes depois rapidez de processo, algo que se treina. Muitas vezes vemos estes jogadores a terem demasiado tempo a bola nos pés, dando tempo aos adversários para pressionar, aproveitando o seu maior poderio físico e rapidez para ganhar os duelos.
Não temos um meio campo forte fisicamente, mas temos o melhor meio campo tecnicamente. Por isso potenciem-se os nossos pontos fortes, porque me custa muito ver Bruno Fernandes ou Rúben Ribeiro restringidos a ter que correr a ressaltos de bola e segundas bolas. Tínhamos jogadores para fazer uma circulação de muita qualidade, não dando sequer tempo ao adversário para pressionar.
Falam que o jogo do Sporting, sem Gelson Martins, perde velocidade, mas o Sporting para ter velocidade de jogo não precisa do Gelson. E ele próprio ficaria a ganhar muito mais se tivéssemos essa maior rapidez de processos, uma vez que, muitas vezes, o nosso jogo é tão lento que, quando a bola lhe é endossada, já ele está em fora de jogo.
Algo que também nos retira fluidez de jogo é a forma como os árbitros decidem gerir os jogos. E eu percebi essa forma de gerir quando ouvi um ex-árbitro na televisão a dizer algo como que a inteligência do mesmo se vê também no conhecimento que este tem dos jogadores e equipas que vai arbitrar, e adaptar-se ao seu estilo de jogo. Ou seja, o que ele quis dizer foi que, sabendo que determinado jogador ou equipa jogam de forma mais física ou viril, não vai começar a mostrar cartões, senão todos os jogos dessa equipa acabariam sem jogadores em campo.
Será que a adaptação não deveria ser ao contrário? Sabendo que o jogador tem forma viril de abordar os lances, admoestá-lo para que se retraia no seu ímpeto? Não está estabelecido que se deve defender a integridade física dos jogadores? Não é defender os jogadores, é defender a integridade física dos mesmos. O nosso problema é também esse. É que contra nós, as equipas, por muito duro que entrem nos lances, apenas começam a receber cartões depois dos sessenta minutos, o que coloca as equipas bem confortáveis para condicionar o nosso jogo.
Juntando tudo isto, com pressão alta dos nossos adversários, coadjuvada pela inteligência dos árbitros, e a nossa maior lentidão de processos, temos um Sporting com grandes dificuldades em marcar golos e consequentemente ganhar jogos.
Pensa nisso Jesus, porque eles já sabem.
Foto de capa: Facebook oficial de Sporting Clube de Portugal