📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Derby eterno: mais de um século de histórias para contar

- Advertisement -

sporting cabeçalho generíco

Quando, a 1 de Dezembro de 1907, o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa se encontraram no campo da Quinta Nova, para disputar um encontro inserido no Campeonato de Lisboa, estar-se-ia longe de imaginar que se estaria a na presença da inauguração de uma história de rivalidade que já leva agora mais de um século. Passados mais de cem anos, o derby deixou de ser um simples jogo para ser “O JOGO”  dos jogos, independentemente do momento em que cada um dos oponentes se encontre. Não há favoritos, apesar dos mitos que se já se construíram à volta do jogo com mais história e histórias do futebol português.

Assim será no próximo domingo. Apesar do peso da história e das diferenças entre si, quando o a´árbitro apitar, na cabeça dos adeptos a única coisa que interessa é que o resultado final seja favorável, pois não há vitória mais saborosa do que as conseguidas frente aos eternos rivais.

Enquanto um novo capítulo da secular rivalidade não se escreve, faço uma viagem pelo tempo, ressuscitando velhas histórias que fui lendo e ouvindo de Sportinguistas mais velhos. Voltar a elas é também a forma de não deixar morrer os que edificaram um clube cuja paixão não nasceu para ser explicada, mas para ser vivida com toda a mesma intensidade da primeira golfada de ar e o mesmo dramatismo do último estertor. A definição é com certeza hiperbólica, assim o é também a paixão e ela ganha ainda maior exuberância e fulgor em jogos como o derby.

O campeonato do pirolito, das bestas e dos bestiais

Estávamos na época de 1947/48 e o Sporting ia escrevendo os seus anos e ouro na história do futebol português. O campeonato haveria de se decidir por apenas um golo, que foi a diferença registada no confronto entre os dois clubes rivais, Sporting e SLB. Seria uma vitória especial,  marcada pelo carácter e vontade de superar o que parecia ser um destino desfavorável.

No jogo da primeira volta havíamos perdido por 1-3 em casa e no jogo da segunda volta apresentávamo-nos com a desvantagem de dois pontos em casa do rival. Ganharíamos o jogo por 4-1, passando para a frente do campeonato. Haveríamos ainda de perder um jogo com o Setúbal, mas a derrota do SLB em Elvas na mesma jornada confirmou o título. O golo de diferença seria o tal pirolito, que era como era conhecida uma das bebidas da época e cujo vedante era uma bola. Foi a diferença de uma bola que nos deu esse campeonato, que terminaríamos empatados com 41 pontos!

O jogo seria ainda marcado por uma forte polémica à volta do treinador Cândido Oliveira. Tido como benfiquista, e por força da tensão que envolvia o jogo, viu a sua competência profissional colocada em causa por um dirigente do clube (onde é que eu já ouvi isto?…) e apresentou a sua demissão no final do jogo. Para marcar a diferença dos tempos, esse dirigente apresentaria ele mesmo a demissão, pedindo ao treinador que reconsiderasse. Cândido de Oliveira acedeu a reconsiderar a sua posição desde que o dirigente fizesse o mesmo. No final diria a fase que hoje é célebre entre nós: quando ganhamos somos bestiais, quando perdemos somos bestas.

O derby entre Benfica e Sporting é um dos jogos mais emblemáticos da Europa
O derby entre Benfica e Sporting é um dos jogos mais emblemáticos da Europa

A Taça que não era para nós mas que é só nossa

Nesse campeonato, o de 1947/48, o Sporting celebraria uma dobradinha. Daí que o campeonato seguinte, 1948/49, ganharia especial interesse por se poder então registar o primeiro tri da história dos campeonatos nacionais do futebol português*. Facto que viria a ocorrer com relativa tranquilidade, o que é conferido pelo 5 pontos de avanço sobre o rival e os 100(!) golos marcados em apenas 26 jogos, o que titula a impressionante média de 3,84 golos por jogo.

Ora nessa altura um dos jornais mais importantes do país era o há muito extinto “O Século”. O seu director, João Pereira Rosa, entendeu que as receitas da exposição organizada pelo jornal para celebrar os 30 anos de futebol a sério em Portugal deveriam reverter para o móbil do evento: o futebol nacional.

Segundo as regras então definidas o primeiro clube a ganhar 3 campeonatos seguidos, 5 interpolados ou o que acumulasse mais títulos em 10 anos receberia a taça com o mesmo nome do jornal. Tratava-se de um imponente troféu, que as imagens documentam e cuja deslocação não era possível a apenas um individuo. Daí que, ao alcançar o primeiro tri o Sporting seria o primeiro clube a conquistar o tão apetecido troféu.

Este feito viria a ser repetido na época 1952/53, selando com réplica ligeiramente alterada do monumental troféu o segundo tri da sua história. Infelizmente tal significaria também o final do próprio troféu, apesar da imensa popularidade que este tinha no país futebolístico, certamente pela sua imponência e pelo significado implícito de superioridade  sobre os rivais.

Dizem as más linguas que tão súbito final se deveu ao facto de os seus criadores, os donos do referido jornal, serem benfiquistas e a a atribuição consecutiva do troféu aos rivais não ser propriamente um facilitador das respectivas digestões…

*Os campeonatos nacionais, no modelo competitivo que se realizam hoje, iniciaram-se na temporada de 1938/39. Viriam a substituir as competições iniciais como os Campeonatos de Portugal (1921/22-1933/34) e os Campeonatos da Liga (1934/35-1937/38).

José Duarte
José Duarte
Adepto do Sporting Clube de Portugal e de desporto em geral, especialmente de futebol.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Eis o Ranking UEFA depois dos desaires do FC Porto e do Braga na Europa League

Não foi um dia positivo para Portugal no Ranking UEFA. FC Porto empatou, Braga perdeu e comparação com os rivais não é boa para Portugal.

As mensagens finais de Noronha Lopes e Rui Costa: «Peço desculpa pelo debate. Não foi nada, não dignificou o clube»

Rui Costa e João Noronha Lopes debateram na BTV, a dois dias das eleições do Benfica. Eis as mensagens finais de ambos.

Rui Costa visa Noronha Lopes: «Está com amores por Luís Filipe Vieira e por si nem era sócio do Benfica»

Rui Costa debate com João Noronha Lopes a dois dias das eleições do Benfica. Presidente encarnado espera pela reeleição no ato eleitoral.

5 razões para votar em Rui Costa

Rui Costa aposta numa política de continuidade, defendendo que o próximo mandado servirá para consolidar o trabalho iniciado em 2021

PUB

Mais Artigos Populares

João Noronha Lopes e os direitos televisivos: «Não são a resolução de todos os males»

João Noronha Lopes debate com Rui Costa a dois dias das eleições do Benfica. Gestor procura a mudança na presidência encarnada.

Nuno Borges perde frente a Novak Djokovic e cai nos quartos de final do ATP Atenas

Nuno Borges cai nos quartos de final após perder 2-0 com Novak Djokovic. Após a partida, o sérvio disse que o português «jogou a nível elevado».

Rui Costa e Noronha Lopes em bate-boca sobre as contas: «Ou nasceu petróleo ou está pronto para entregar o clube a um investidor»

Rui Costa debate com João Noronha Lopes a dois dias das eleições do Benfica. Houve bate-boca sobre as contas dos encarnados.