Espera-se, afinal, que o experiente técnico encontre forma de maximizar as qualidades do holandês, pondo ao mesmo tempo menos a nu as fragilidades que o Sporting tantas vezes tem tido no processo defensivo e que, ao contrário do que se tem vendido, não derivavam apenas da ausência forçada do capitão Adrien ou da má forma de alguns elementos do quarteto defensivo.
Na minha opinião, isso deverá passar pela transformação do 4x4x2 do Sporting em algo mais próximo do 4x4x1x1, sendo colocado na posição de segundo avançado um jogador com mais mentalidade de médio-ofensivo do que de ponta de lança. Opções? Saltam à vista Joel Campbell, que até rende mais no centro do que na esquerda (onde jogou frente ao Arouca e bem); o polivalente Bruno César; ou Alan Ruiz, isto quando o argentino perceber que agora joga num campeonato com outra intensidade de jogo.
Desta forma, o Sporting ganharia automaticamente outra robustez no miolo, situação que deixaria o quarteto defensivo (e William) muito menos exposto e permitiria, igualmente, que Bas Dost se pudesse fixar ainda mais em zonas de finalização, funcionando como uma referência clara para os serviços dos seus colegas.
É que também me custa que, num campeonato com centrais tendencialmente “baixos”, o Sporting não esteja a saber aproveitar na plenitude as valências de um “nove” com 196 cm, ainda para mais sendo este especialmente forte no capítulo da finalização de cabeça. Ora, num esquema mais próximo do 4x4x1x1, e com Bas Dost, mais fixo no eixo, os cruzamentos para a área seriam certamente mais frequentes e, mais importante do que isso, com mais possibilidades de êxito.
Desta forma, estou certo que o rendimento do “matador” holandês subiria vertiginosamente, perdendo gradualmente os adeptos verde-e-brancos a vontade de tentar comparar Bas Dost com Slimani, numa missão que me parece tão hérculea quanto a vontade de Jorge Jesus em modelar o ex-jogador do Wolfsburgo à imagem de “Super Slim”.
Foto de capa: Sporting Clube de Portugal