Depois de ele ter saído, a tal estrutura veio tentar vender a história de que Jesus estava a cuspir no prato onde tinha comido. Mas aqueles que cuspiram no prato onde comeram talvez tenham sido eles. Depende muito da perspectiva, não é verdade?
Mas confesso que até aqui só nessa parte é que tinha gostado de Jesus, ou seja, de imaginar a imagem de Jesus a fazer tamanha maldade àquele clube. Não é azia; é facciosismo mesmo. É querer que as coisas boas sejam todas para o meu clube, e as más todas para os outros. Não, não venham com tiques de vedetismo ou uma ramificação de geocentrismo. Não quero mal só ao anterior clube de Jesus, mas sim a todos os que não sejam o Sporting Clube de Portugal.
Posso pensar assim, não posso? Se o vice-presidente daquele clube pode, porque não poderei eu? E nem é que me queira comparar a tal figura, até porque me pode destruir o curriculum que ainda posso querer ter a ambição de construir.
Mas voltando a Jorge Jesus e a como gostava da sua personalidade e do seu profissionalismo: já tinha dito que não gostava, certo?
Mas a verdade é que Jorge Jesus, ao cuspir no prato (ou ao cuspirem no Jorge Jesus, como quiserem), conseguiu quebrar o gelo. Pelo menos fez-me pensar que talvez não fosse tão mau assim.
E agora, conhecendo-o como treinador do Sporting, continuo a não gostar dele como pessoa, mas passei a considerá-lo um excelente profissional.
Primeiro, porque é o treinador do Sporting, e isso mudou muita coisa; quase tudo mesmo.
Segundo, porque ele é o treinador do maior clube do mundo e arredores. Desculpem, acho que me estou a repetir.
Terceiro, porque colocou o Sporting a jogar bem. Não é a jogar bem como com Peseiro, em que jogávamos bem, mas sempre mais perto de perder do que ganhar. Jogamos agora bem, e de forma segura, equilibrada. Pode haver um ou outro jogo com erros, com azar, que não nos levem à vitória, mas sempre ficamos com a sensação de que estamos mais perto de ganhar que os outros.
Quarto, porque vemos todos os jogadores concentrados durante 90 minutos, entregues a um objectivo comum…
Quinto, porque, ao contrário do que eu previa, o homem não gastou rios de dinheiro (até agora) com contratações absurdas. A maior parte das contratações para a equipa principal jogou e rendeu. Em alguns casos por teimosia, mas a verdade é que essas contratações acabaram por render.
Sexto, porque o homem até aposta na formação. E, como ele diz, aposta porque há muita qualidade nas equipas jovens do Sporting. Não entram de caras na equipa principal, mas vão entrando aos poucos, e é isso que se pede.