O inglês Marcus Edwards estreou-se no onze inicial do Sporting CP no jogo que fechou a 26ª jornada da Primeira Liga, frente ao Moreirense FC. Na sua primeira vez no onze inicial o jovem de 23 anos mostrou o seu potencial e apontou, inclusive, uma assistência para o golo de Islam Slimani. Será que o canhoto já merecia mais minutos pelos leões?
Marcus Edwards foi uma das aquisições do Sporting na última janela de transferências. A sua vinda para a turma verde e branca também não era novidade, dado que o Sporting já tinha mostrado interesse pelo extremo.
Contudo, Marcus Edwards ainda não passou da rotulação de “opção” para Rúben Amorim, sendo que só começou no onze dos leões ao fim de dez jogos e nem fez os 90 minutos do jogo. Além disso, importa mencionar que Edwards não foi utilizado em quatro destas dez partidas, sendo que nos restantes saiu sempre do banco, sem contar com o último jogo frente à equipa de Moreira de Cónegos.
Posto isto, o extremo soma, até ao momento, um total de 182 minutos e uma assistência. Só para termos algo com que comparar, na primeira metade da temporada Edwards apontou oito golos e duas assistências em 28 jogos pelo Vitória de Guimarães.
Ao fim dos três jogos Edwards já era titular na sua temporada de estreia. Nos primeiros dez jogos o extremo inglês somava um total de 769 minutos, o que mostra uma grande diferença face ao tempo de jogo pelos leões, apontando um golo e uma assistência.
Considero existirem duas razões, óbvias, que explicam este fenómeno: a adaptação e a concorrência. Comecemos pela concorrência, na minha opinião o mais preponderante.
A INCRÍVEL FORMA DE SARABIA
Edwards chegou a Alvalade e encontrou pela frente um concorrente para a sua posição que se encontra numa forma incrível. Pablo Sarabia tem sido um dos principais destaques desta temporada da turma verde e branca e, depois de se adaptar ao reino do leão, vive um dos melhores momentos da sua carreira. São já 13 golos marcados e oitos assistências em 36 jogos feitos pelo internacional espanhol que veio de empréstimo do PSG.
Comparando os dois jogadores, existem muitas parecenças no estilo de jogo dos dois atletas. Ambos são tecnicamente evoluídos, gostam de ter bola no pé, acrescentam muito no processo ofensivo e pressionam alto o adversário. Contudo, Sarabia alberga uma bagagem com muita mais experiência do que Edwards.
O espanhol está habituado a grandes palcos, dado que se formou no CF Real Madrid e, após se destacar no campeonato espanhol (especialmente nas temporadas pelo Sevilla), representou uma das maiores potências do futebol mundial, o Paris Saint-Germain, por duas temporadas. Além disso, é regularmente chamado à seleção de “nuestros hermanos”.
Tem outra maturidade e acabou por tirar partido disso depois de se adaptar ao campeonato e estilo de jogo português, o que, claramente, não favoreceu nem facilitou a vida de Edwards na busca por um lugar no onze, mas não põe em causa o seu potencial.
Por outro lado, Edwards e Sarabia podem atuar na outra ala do campo (ambos são polivalentes e podem atuar como extremo esquerdo ou direito). Porém, as potencialidades dos dois jogadores ficam limitadas no outro flanco, dado que são jogadores que gostam de puxar a bola para o seu pé preferencial, com olho no remate ou desequilíbrio no um contra um.
Desta forma, Edwards acaba por se cingir aos minutos que lhe são dados. O extremo tem de agarrar todas as oportunidades que o homem do leme, Rúben Amorim, lhe der para começar a ganhar a confiança do treinador e começar a ganhar terreno, tendo em conta que Sarabia está emprestado apenas por um ano sem opção de compra.
DA CIDADE BERÇO PARA A CAPITAL
Tal como acontece com qualquer jogador, o tempo de adaptação a uma nova casa é um fator a ter em conta e é inevitável. São raros os casos em que um jogador se afeiçoa, quer ao futebol quer à zona, de pronto a um novo clube. Marcus Edwards não foge à regra.
Podemos ligar este fator ao fator acima mencionado e recorrer ao exemplo de Pablo Sarabia. O internacional espanhol também demorou algum tempo até chegar ao ponto em que se encontra hoje. O sucesso de Sarabia também demorou a chegar.
O mesmo se aplica a Edwards. Tal como se costuma dizer “há que dar tempo ao tempo”. Apesar da mudança do jogador inglês não ser uma mudança muito drástica, a verdade é que há um novo plantel com o qual o jogador se tem de relacionar, ideias novas de um treinador novo e uma nova casa a abraçar.
Ao que tudo indica, tal como vimos no jogo frente ao Moreirense, Edwards já estará a entrar no ritmo leonino e, tal como Rúben Amorim indicou no pós-jogo, a “apresentar uma consistência cada vez maior”. O próprio treinador dos leões frisou que todos os pormenores, nomeadamente o facto de já ter casa e já ter a família por perto, “apontam para que se sinta mais livre para jogar”.
Ainda pensando no que foi dito por Rúben Amorim na conferência depois da vitória do Sporting em Moreira de Cónegos, julgo que o jogador deve levar à letra tudo o que foi dito pelo treinador para vingar na equipa.
Agora cabe aos adeptos continuarem a apoiar o jovem, sendo que a forma como foi ovacionado na substituição por Pote no último jogo é o perfeito exemplo desse apoio.
Porém, há que manter os pés na terra e lembrar que, tal como o treinador português afirmou “foi só um jogo”. No entanto, quando a equipa percebe o potencial do jogador e o jogador as ideias da equipa estarão reunidas todas as condições para que o jogador aumente a sua confiança e, consequentemente, o seu rendimento.
Está a olhos vistos que Edwards é um jogador com qualidade para estar no Sporting e que mais tarde ou mais cedo vai começar a jogar com mais regularidade, só precisa de oportunidades. Deixem o miúdo jogar.
Tal como espera Edwards pela próxima oportunidade, resta-nos também esperar que o menino inglês volte a entrar em campo para ver a sua consistência, de maneira a que comprove que merece mais tempo do que aquele que tem jogado.
Formado nas escolas do Tottenham, Marcus Edwards chegou a Portugal para representar o Vitória SC na temporada de 2019/2020. O jovem veio a custo zero e mostrou ser uma excelente contratação para a equipa de Guimarães. No total apontou 20 golos e oito assistências em 96 jogos. Rumou a Alvalade para vestir a listada verde e branca neste mercado de inverno.
Artigo com opinião do redator da Secção do Sporting CP, João Marques
