Não redijo este texto com o desígnio de narrar cada um dos tentos apontados pela laranja mecânica, portadora de uma enorme veia goleadora, nem exercer o colóquio munido de mil saudades e nostalgias. Em três épocas, Bas Dost dadivou os adeptos com 93 (preciosos) golos e difundiu, de norte a sul, aquele festejo hemisférico, mesclando o rugido com o sorriso inconfundível. Aquela ínfima parte do universo insciente já era, o holandês descortinou “Thunderstruck”.
Mas é passado, e dos passados vivem os museus. O presente é uma encruzilhada de pensamentos inócuos e o futuro é o que Frederico Varandas pretender dele. A tranquilidade reina no gatil do leão, a preocupação é inexistente e as palmadinhas nas costas constantes. Como adepto (e aposto que, como eu, a maioria deles) esperei que, cessado o dossiê Dost, a eminência cavalgasse num galopar voraz sobre a terra rasa e poeirenta que cobre o mercado de transferências. Resultado? Nem a trote: o cavalo permanece preso por uma corda que volteia a árvore, inerte e estático, enquanto o líder leonino recua e avança em pensamento sobre a possibilidade de testar a índole dócil e quiçá acariciá-lo. Ou seja, desprendê-lo e montá-lo é uma alucinação. De que serve cansar o mamífero?
Atacar o campeonato somente com Luiz Phellype? Admiro o credo de Frederico Varandas! Equipas que se sagraram campeãs com um único avançado têm, para sempre, a minha vénia. Ao contrário do líder, exibo o meu ceticismo. Mas, caso o futebol português, até maio, padeça de um tufão, sou a primeira pessoa a pedir licença à Câmara Municipal de Lisboa para lhe erguer a merecida escultura.
Esperem! Será que a legião sportinguista se precipitou nos comentários? Será que ele durante o tic tac do fecho apresenta uma contratação que evidencie uma alteração de paradigma? Por que razão nós, adeptos, demonstramos inquietação se, daqui a duas jornadas, podemos festejar ao ritmo de um “Ceremony”, de um “Ready To Start” ou de um “To The End”? Falta “só” deliberar o estilo…
Agora, algo completamente diferente. Ocorreu-me que pudesse reabrir o período de captações com um número pré-estabelecido para a posição letal. Afirmo convictamente de que encontraria alguém que dignificasse a listada verde e branca, independentemente da qualidade exibicional. E não, não queria a estátua. Bastava o que foge há quase 18 anos…
Foto de Capa: Sporting CP
artigo revisto por: Ana Ferreira