Nem sempre se consegue ganhar bailando…

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    As vitórias frente ao Tondela e nas receções ao Nacional e ao Estoril foram bastante semelhantes entre si. Todas foram sofridas, em jogos onde o Sporting não jogou particularmente bem e onde, ainda por cima, não foi eficaz.

    Nesta última partida, em primeiro lugar, notou-se a ausência de Adrien Silva. O capitão leonino é um jogador muito importante na manobra da equipa, quer nas fases de pressão sobre o adversário, quer na rotação e intensidade que empresta aos movimentos ofensivos da equipa. Em sua substituição, foi João Mário que alinhou à frente de William Carvalho e o Sporting foi uma equipa menos forte a recuperar bolas, “mastigando” mais o jogo na hora de sair para o ataque. Ora, isso era o que o Estoril pretendia: ter tempo para se organizar atrás, com várias “peças” posicionadas em frente ao quarteto defensivo, dificultando a incessante procura do jogo interior por parte de Gelson Martins e Bryan Ruiz. Diego Carlos e Yohan Tavares nunca deram muito espaço a Slimani e os “leões” tiveram dificuldade para testar a atenção de Kieszek.

    Tendo em conta que William Carvalho também não esteve ao seu mais alto nível, é fácil entender o porquê do Sporting ter tido dificuldades para levar de vencida os “canarinhos”. O remate de meia distância é outra das boas alternativas para estes jogos com equipas mais fechadas, mas quando o melhor rematador da equipa está no banco é difícil recorrer a esta arma. Refiro-me a Fredy Montero, o avançado colombiano que, mal encontra uma nesga de espaço, não tem medo de testar o pontapé. O Sporting devia ter mais um ou dois jogadores com esta característica em particular.

    A ausência de Adrien fez-se notar no meio campo leonino. Fonte: Sporting CP
    A ausência de Adrien fez-se notar no meio campo leonino.
    Fonte: Sporting CP

    Outra semelhança preocupante que encontro nestes três jogos é a dificuldade evidenciada por dois dos mais cotados “leões”, Bryan Ruiz e Teo Gutiérrez, para se notabilizarem e desnivelarem o jogo a favor da equipa de Jorge Jesus. Teo passa muito tempo afastado do jogo e o seu entendimento com Slimani ainda não é perfeito. O argelino ainda vem muitas vezes procurar jogo atrás, funcionando quase como o avançado mais móvel, o que não está de acordo com as suas características mais fortes. Existem momentos em que as bancadas de Alvalade suspiram pela inteligência e peloremate fácil do “Avioncito” Fredy Montero. Já no que toca a Ruiz, o costa-riquenho faz-me recordar várias vezes Pedro Barbosa: muito bom tecnicamente, espalha classe quando arranca com a bola dominada, mas depois parece muito “pachorrento” quando tem de se desmarcar ou correr atrás de um adverário. Nos jogos frente a equipas menos cotadas, estes pontos fracos de Teo e Ruiz têm-se notado bastante. Quando este aspeto for corrigido, os “verde e brancos” serão muito mais ameaçadores no plano ofensivo.

    Neste jogo, valeu ao Sporting o seu porto seguro: Rui Patrício. O guarda redes foi decisivo a segurar o nulo na primeira parte, permitindo que o golo solitário de Teo na segunda parte chegasse para a equipa vencer e manter a liderança isolada da tabela classificativa. Mas é importante que os problemas abordados acima sejam resolvidos, para tentarmos ao máximo evitar surpresas em jogos como este. A próxima jornada vai ser muito importante, por vários motivos.

    Em primeiro lugar, porque o jogo vai ser no difícil terreno do Arouca, que este ano fez um grande “upgrade” no banco de suplentes: Lito Vidigal é bastante organizado e um treinador que espreita sempre o ataque (veja-se a vitória em agosto frente ao Benfica, em Aveiro); em segundo lugar, será um jogo que significará muito, porque vai ser o último antes da paragem das seleções e antes do “derby” da Taça de Portugal; e, por último, porque o Sporting tem de cimentar a posição de líder isolado. Para que se volte a sentir em Alvalade o ambiente que se sentiu neste sábado, com mais de 40 mil adeptos a puxar para o mesmo lado.

    Uma última palavra para o líder supremo Bruno de Carvalho. Rui Patrício, Slimani, Adrien e João Mário podem ser os ases de trunfo que estão nas mãos do mestre Jorge Jesus, mas este Sporting não seria possível sem o “joker” que é este presidente. O Sporting renascido deve-se essencialmente a ele.

    Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

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    Diogo Janeiro Oliveira
    Diogo Janeiro Oliveira
    Apaixonado por futebol, antes dos livros da escola primária já lia jornais desportivos. Seja nas tardes intermináveis a jogar, nas horas passadas no FIFA ou a ver jogos, o futebol está sempre presente. Snooker, futsal e andebol são outras paixões. Em Portugal torce pelo Sporting; lá fora é o Barcelona que lhe enche as medidas. Também sonha ver o Farense de volta à primeira…                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.