Dezanove anos depois, os sportinguistas podem sonhar com o título de campeão nacional. Contudo, as exibições nem sempre foram as melhores, mas que importa? Andava o Sporting CP a discutir qual é o seu título de campeão nacional, que está entre os 18 e os 22 campeonatos conquistados, com grandes exibições. Todos nos lembramos como jogaram as equipas de Jorge Jesus, quando este era técnico do clube verde e branco. Bater-se contra aquele que iria ser o campeão da Liga dos Campeões, Real Madrid CF, olhos nos olhos. Quem nunca? Muito poucos.
Conta-nos a velha máxima e a gíria dos adversários que o «Sporting joga como nunca, mas perde como sempre». Não está de todo errado. Afinal, excetuando as taças, o Sporting não ganha um título nacional há 19 anos e apenas por uma vez conseguiu passar a fase de grupos da Liga dos Campeões.
É relevante? Apenas para a história. Fica, para quem se lembra as grandes exibições e fica, no museu, as taças. Será assim tão interessante? Só para vitórias morais.
E se o Sporting não ganha com brilhantismo? Não é competência, é estrelinha, dizem “eles”. Confesso que me custa a aceitar a ideia de que o possível melhor clube a formar extremos em todo o mundo (Figo, Ronaldo, Quaresma, Nani, Futre, Simão, etc…) e que, durante anos, dominava tudo nas competições entre os mais jovens (mas que na equipa sénior não conseguia ganhar) tenha alguma estrelinha. A não ser que a estrelinha ilumine muito pouco.
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Prefiro acreditar em trabalho. Prefiro também acreditar na vontade dos jogadores. Vejamos o último jogo com o CD Tondela. O Sporting CP, nas últimas duas temporadas, não tinha sido capaz de conseguir os três pontos. O mesmo clube que tem quase a totalidade dos pontos em casa (ainda que seja a pior defesa da Liga) e um leão que vinha de uma exibição menos conseguida com o CD Santa Clara.
Nessa mesma semana, antes do jogo, o ex-treinador dos leões Domingos Paciência indicou: «Acho que o Sporting nunca atingiu neste campeonato um nível exibicional em que se possa dizer que é um campeão inquestionável. É verdade que tem todo o mérito naquilo que está a fazer, a forma regular como está a jogar, mas diria que é o menos mau».
Posto isto e seguindo-se um confronto em Alvalade, no próximo dia 20 de março, diante do Vitória SC, a minha questão para os leitores remete para o título: A nota artística conta assim tanto?
Os leões vão iniciar a jornada com mais dez pontos que o segundo classificado (FC Porto) e podem ficar mais próximos do título, à medida que nos aproximamos para o fim do campeonato. Seja a marcar no primeiro minuto do jogo, seja no último, com golo do Coates ou do TT [Tiago Tomás], com uma vitória com mais de três golos de diferença ou apenas por um, tenho a certeza que a maioria dos sportinguistas vai preferir o título sem grande brilho, nesta reta final, do que um campeonato sem a vitória no fim, mas com exibições de alto nível.