Nuno Santos, o refilão

    No mais recente “Inside Sporting”, que demonstrou a preparação feita tendo em conta o jogo frente ao SC Braga, houve um momento com Nuno Santos que me chamou à atenção e creio que também não passou despercebido a outros sportinguistas.

    Perto do minuto 11:44, num exercício de jogo/posse de bola com finalização, Nuno Santos teve uma ação bem ao seu estilo. Com o intuito de motivar os seus colegas, disse imperativamente: “anda lá f***-**. Parece que estamos a comer sopa, c******.” Alguns segundos depois, com o exercício já a decorrer, Nuno Santos tem uma entrada um pouco mais ríspida sobre o recém-chegado Manuel Ugarte, Rúben Amorim marca falta e Nuno Santos refila: “Ai não, p**** mister, como é que apitas isto?”, ao que Amorim respondeu prontamente: “Como é que tu não queres falta?”.

    Este pequeno diálogo demonstra duas coisas que são bem visíveis. Em primeiro lugar, o bom ambiente que se vive no reino do leão, quer seja entre jogadores como entre a equipa técnica e os jogadores, todos se dão bem e se divertem a fazer o que mais gostam. Depois, em segundo lugar, reforça um traço de Nuno Santos que já todos conhecíamos, que é um refilão como já existem poucos.

    O homem é fiel a si mesmo. Não gosta nada de perder, seja a doer, seja nos treinos, e eu, enquanto de um clube que tem e quer ter uma mentalidade vencedora, acho isso perfeito. Como sportinguista, ou seja, enquanto adepto de um clube que quer ganhar jogo sim, jogo sim, esta é a mentalidade. Jogar sempre com “a faca nos dentes”. Durante anos e anos, notou-se uma certa apatia, uma certa indiferença, uma apatia fosse que resultado fosse, por isso, ver que qualquer resultado que não seja a vitória, que não favoreça o Sporting e os seus, incomoda quem nos representa, de certa forma relaxa-nos, porque nos apercebemos que eles querem tanto o bem do nosso clube quanto nós, os adeptos.

    TODOS OS PLANTÉIS DEVIAM TER UM NOVO SANTOS

    Ainda há pouco tempo, Sebastian Coates (o nosso capitão) admitiu, em entrevista ao Mais Futebol que «as coisas dele (Nuno Santos) fazem o clube ganhar um grupo forte». Para além disso, ainda rematou que «nós precisamos do Nuno Santos com aquele feitio dele». Se até o capitão afirma, quem somos nós para dizer o contrário.

    Neste seu modo de ser, Nuno Santos é um jogador que me faz lembrar João Pereira ou Emiliano Ínsua, dois jogadores que representaram bem o nosso Sporting CP. Qualquer um dos três abomina a derrota e incomodava-se. Não sabiam (e ainda bem) conviver com o fracasso e transformam os outros à sua volta em jogadores que também não querem perder. É um modo de ser e de estar que se contagia e ainda bem.

    Posto isto, por todas as razões já elencadas, acho que é um jogador extremamente importante de estar presente no plantel, mesmo que não jogue. No entanto, como é lógico, é um jogador que vai jogar, porque, para além de uma boa atitude, tem qualidade e características únicas no plantel leonino, por isso, jogará com todo o mérito. Contudo, e voltando ao ponto de partida, pessoas como Nuno Santos são imprescindíveis, quer seja como jogador ou como treinador, daí também ter ficado bastante contente quando o clube anunciou que João Pereira faria parte da equipa técnica da equipa de sub-23.

    Em suma, ainda bem que temos Nuno Santos e ainda bem que ele é como é. Devia ser obrigatório existir um Nuno Santos por plantel. Nunca mudes, Nuno. Enquanto a derrota te enraivecer e enquanto tu lutares exaustivamente em prol dos interesses do Sporting, vais ser sempre necessário e farás sempre falta.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Alexandre Sequeira Ribeiro
    Alexandre Sequeira Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido e criado na ilha Terceira, nascido e criado para o futebol. Desde cedo aprendeu, viveu e vibrou com o desporto rei. Com o futebol e a escrita espero proporcionar um espetáculo fora das quatro linhas para todos aqueles que partilhem o gosto pela bola e pelos seus artistas.