O mau arranque do Sporting

    Este artigo de opinião foi escrito antes do jogo de ontem, frente ao GD Estoril Praia.

    O Sporting CP está a ter um mau, para não dizer péssimo, arranque neste campeonato. Os leões estão, claramente, com dificuldades, em campo e fora dele, e isso reflete-se nos resultados e na tabela classificativa, o que nos leva a pensar se vale a pena lutar por este campeonato.

    Julgo que este mau arranque se deve a diversos fatores que, no seu agregado, fazem com que a equipa leonina esteja a ficar para trás.

    O primeiro, tal como já escrevi em artigos anteriores, está na equipa e na sua forma de jogar. Não sei o porquê, mas a defesa está pouco entrosada, o que é de estranhar dado que as opções de Rúben Amorim já jogam juntas há algumas temporadas, o miolo não apresenta grandes argumentos e o ataque tem o problema que todos nós sabemos.

    Por partes, o setor defensivo é o que mais me faz confusão por não haver química. Coates, que devia ser o patrão da linha defensiva, ainda não demonstrou esse papel tão importante. Inácio, que não está assim tão mal, parece não estar muito confiante com os seus colegas. Neto, que acho que assume um papel muito importante na defesa, começa a ser ameaçado por St. Juste, e acho que não ficaríamos mal servidos. Só me resta falar nas alas, onde, na direita, Porro é dono, e bem, e na esquerda, temos Matheus Reis, muito certo, e Nuno Santos, que faz sem problemas a ala inteira. Apenas St. Juste é novo na defesa, como apresentamos problemas e abrimos buracos? Não se percebe.

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Em relação ao meio-campo acho não haver muito a acrescentar. Acho que temos bons jogadores, com muita qualidade, mas sem grande capacidade de argumentação dentro de campo.

    No ataque, falta-nos um avançado puro. Falta-nos um matador. Falta-nos um homem com faro de golo, como Bas Dost, por exemplo, e com capacidade de finalização, apesar de o nosso estilo de jogo estar bem diferente. Isto tudo junto, naturalmente, faz com que a equipa, se não estiver nos seus dias, não apresente resultados.

    O segundo aspeto, relacionado com o plantel, foi o facto de não nos termos reforçado com jogadores de que realmente precisamos. Dou o exemplo de Arthur, que acaba de chegar, que tem qualidade e não ponho isso em causa, mas não acrescenta nada ao plantel. Por esta altura, no ano passado, apresentávamos Sarabia, agora apresentamos Arthur…

    O Sporting fez um péssimo trabalho no mercado de transferências. Era preciso tapar um buraco deixado por Matheus Nunes e não se conseguiu fazer isso. Era preciso arranjar um avançado e preferimos ir buscar mais um extremo. Não se percebe.

    O mau arranque do Sporting significa muitas coisas e uma delas era ir ao mercado buscar alguém capaz de mudar isso.

    Por último, o fator que mais me custa enunciar, julgo que esta má primeira fase do campeonato esteja muito relacionada com a teimosia do treinador. Rúben Amorim, que foi muito venerado e elogiado com as suas ideias, parece ser um osso duro de roer que, apesar de ver a sua equipa em mau estado, teima em continuar com a sua forma de jogar.

    Está na altura de mudar. É impressionante como Rúben Amorim vê a equipa jogar mal, mas afirma, com determinação, que a sua forma de jogar e mostrar a equipa a joga não vai mudar. Por vezes, para se manter a qualidade é preciso não ter medo de arriscar e coragem para experimentar outras soluções.

    Quando um ladrão assalta uma casa e vê que uma porta está fechada, arrisca, não desiste, experimenta outra porta ou janela. O Sporting é o ladrão, meio estúpido, que continua a esbarrar pela mesma porta sem conseguir entrar.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    João Filipe Marques
    João Filipe Marqueshttp://www.bolanarede.pt
    O João Marques é natural da ilha Terceira. Desde cedo manifestou um gosto especial pelo desporto. Com o crescimento surgiu o gosto pela escrita e a vontade de transmitir informação. Decidiu juntar o útil ao agradável e acabou por aventurar-se pela FCSH – Nova Lisboa, onde se licenciou em Ciências da Comunicação. Regressou à Terceira e encontra-se a estagiar no jornal local, o Diário Insular. Entra no projeto com grande vontade de escrever sobre o desporto rei e sobre o seu grande amor, a turma verde e branca.