O principio do fim do Futebol de Praia em Portugal

    O Sporting Clube de Portugal, clube desportivo que se preza pelo seu ecletismo e aposta na formação, decidiu terminar uma das suas modalidades, o Futebol de Praia, por não conseguir cumprir um dos pressupostos acima indicados.

    O facto de não conseguir ter um projecto formativo consistente foi, segundo o clube leonino, a principal razão para a decisão de extinguir uma das muitas modalidades que são disponibilizadas a todos adeptos e sócios.

    Só ainda não consegui perceber se as condições serão financeiras e/ou humanas. Aparentemente seriam financeiras, uma vez que o comunicado informava que com esta medida pouparia duzentos mil euros anuais (mais ou menos três meses e meio de salário do Esgaio – Desculpem, tinha de deixar esta provocação para os haters). No entanto, um clube desportivo como o Sporting, além de ter sempre preocupações financeiras nunca poderá descurar as sociais.

    Por muito que o valor para o comum associado seja avultado, é quase insignificante comparado com os montantes apresentados no Balanço e Demonstração de Resultados de um clube com a dimensão do nosso. E ainda que se possa dizer que, para poupar, tem que se começar em algum lado, isso só terá algum sentido quando nos comunicarem a que outras poupanças se juntarão esses duzentos mil. Esse valor, por si só, é residual.

    Fazer um corte desta dimensão é como eu chegar a casa e dizer que temos de poupar água para baixar a fatura mensal, e, no entanto, manter a subscrição dos canais de desporto.

    Esta medida isolada não torna o clube mais sustentável no futuro, e, ao mesmo tempo, priva os jovens sportinguistas de praticar a modalidade em questão com o símbolo do leão rapante ao peito. Porque é impensável conceber que outros clubes de menor dimensão que competiam com o Sporting consigam seduzir crianças para a modalidade e nós não. Sim assim for, e já não houver espaço de recrutamento no nosso cantinho à beira-mar plantado (carregadinho de praias), poderá ser o princípio do fim da modalidade em Portugal. Não me parece o caso.

    Seria uma questão de patrocinadores? Não me parece, até porque mesmo não sendo há alguns anos a maior potência do futebol de praia, ainda conseguiríamos ser maiores promotores que muitos outros clubes que, com menor capacidade a todos os níveis, e menor visibilidade, conseguem ter apoios.

    Será que por estarmos a passar por um período escasso em resultados desportivos teríamos menor capacidade de captação? Então aproveitava-se a imagem de um dos maiores jogadores de todos os tempos que por acaso é sportinguista, jogava no clube, tinha o filho a jogar no clube, e faria tudo para manter viva a modalidade no Sporting.

    O que eu acho é que o Sporting não foi sincero com os sócios, e ainda que isso seja pouco importante para os que só se preocupam se há jogo de futebol ou não, todos os que fizeram parte do passado glorioso da modalidade e os que ainda ambicionavam fazer parte do futuro da mesma mereciam um esclarecimento, ou se isso não for possível, ao menos um pedido de desculpa por se verem privados de algo para o qual lutaram e algo que reforçava ainda mais a ligação ao seu clube de coração.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.