Porquê pelo Mónaco, Leonardo?

    Ze Pedro Mozos - Sob o Signo do Leao

    É certo que a boa campanha desportiva do Sporting esta época se deve a todos os membros do clube (desde jogadores até à direcção, passando pela equipa técnica). Mas quando tentamos encontrar os principais responsáveis por esta boa temporada é difícil encontrar um nome consensualmente aceite. No entanto, o nome de Leonardo Jardim é um dos que mais aparecem associados ao sucesso leonino.

    Talvez por ser tão visível o dedo do técnico madeirense neste novo Sporting, o interesse em contratar Leonardo Jardim surgiu em alguns clubes. O Mónaco foi o primeiro a chegar-se à frente e nos últimos tempos o nome do ainda treinador do clube de Alvalade é dado como certo nos monegascos para as próximas duas temporadas. Creio que nenhum sportinguista recebeu com agrado esta notícia, e eu não sou (de todo!) uma excepção.

    Desde o final da época passada (2012-2013), que foi mais ou menos a altura em que Leonardo Jardim começou a ser dado como o novo treinador do Sporting, que acreditei a sério neste Sporting. Sempre considerei o jovem treinador madeirense uma mais-valia para qualquer clube, e quando se oficializou a sua contratação para o clube do meu coração achei que tinha sido a escolha mais acertada, pois tanto o Sporting como o próprio Leonardo Jardim sairiam beneficiados com esta decisão. O projecto, esse, era voltar a colocar o clube leonino na rota dos títulos, sendo que esta época seria apenas “o ano zero” e a próxima poderia ser considerada como a temporada da afirmação. E o técnico madeirense seria um dos protagonistas deste projecto.

    Leonardo Jardim teve sempre do seu lado tanto o plantel como os adeptos, não deixando nunca que uns influenciassem os outros em excesso, para bem ou para mal. Foi um treinador muito elogiado ao longo desta temporada, não só pelo trabalho desempenhado mas também pela coerência e calma com que sempre falou, nunca se deixando deslumbrar pelos bons resultados nem deixando que os adeptos o fizessem.

    “Marco Silva é o principal candidato para suceder Leonardo Jardim”  Fonte: www.zerozero.pt
    “Marco Silva é o principal candidato para suceder Leonardo Jardim”
    Fonte: www.zerozero.pt

    Ninguém esperava, depois da pior época da história do Sporting, que os leões acabassem em segundo lugar neste “ano zero”, garantindo assim o acesso directo à liga milionária. O trabalho foi notável e Leonardo Jardim foi uma peça fundamental neste processo. A equipa praticou um excelente futebol, alcançou um bom número de vitórias, marcou muitos golos, e, acima de tudo, nunca desiludiu os adeptos, que puderam voltar a acreditar no seu clube. O ambiente que se viveu em Alvalade este ano foi de esperança, de alegria, em alguns momentos até de euforia. Nós, os sportinguistas, tínhamos a certeza de que a mudança estava a acontecer. E, mais uma vez, víamos Leonardo Jardim como um dos motores dessa mudança.

    Não tenho reservas em afirmar que Leonardo Jardim é, sem dúvida, o melhor treinador deste campeonato. E, para além disso, é sportinguista. Façamos, então, um simples ponto da situação: Leonardo Jardim é um dos principais rostos deste novo Sporting; faz parte de um projecto a longo prazo e que ainda vai a meio (o próprio o disse); tem do seu lado o apoio e a confiança dos adeptos; o seu trabalho é sobejamente reconhecido; é o melhor treinador a trabalhar em Portugal; e, ainda, é sportinguista.

    Posto isto, é relativamente fácil perceber as razões pelas quais não quero que Leonardo Jardim se vá embora. Mas se isto já me deixa triste e incomodado, o facto de o clube que motiva esta perda ser o Mónaco ainda piora mais a situação. Os monegascos têm mais poder económico, mas isso não é tudo. Aliás, não é nada. Os novos-ricos estão a destruir o futebol, banalizando-o e tornando esta competição num negócio, acima de tudo o resto. A meu ver, o Sporting é, a todos os níveis – desde a história até ao número de adeptos e passando pela mística -, melhor e maior que o clube do principado, para além de não ter magnatas a investir desmesuradamente no clube – o que para mim é uma vantagem.

    Deixar um projecto ambicioso a meio, no clube do coração, com os adeptos do seu lado e com um reconhecimento ímpar é algo que me custa perceber. Mas aceitá-lo-ia, embora com tristeza, se Leonardo Jardim o fizesse por um projecto maior, mais ambicioso e em que o desafio desportivo fosse, acima de tudo o resto, o principal motivo. Agora, por um projecto como o do Mónaco, peço desculpa, caro míster, mas o sentimento que noutra situação seria apenas de tristeza é acompanhado por indignação, desilusão e incompreensão.

    Confio na direcção do Sporting para encontrar o sucessor. Gosto mesmo muito do nome de Marco Silva, que é apontado como principal candidato à sucessão de Leonardo Jardim, e creio que pode vir a fazer um excelente trabalho no Sporting. Acho que é um excelente treinador e que faria muito bem ao Sporting. Até pode resolver problemas que ainda existam, limar algumas arestas que ainda estejam por limar. O problema é que o jovem técnico dos canarinhos não devia resolver nada porque não deveria haver nada para resolver. Mas os milhões falaram mais alto. Se isto tudo se confirmar, sê bem-vindo, Marco!

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Sérgio Conceição: «O resultado da eliminatória é justo»

    Sérgio Conceição já reagiu ao desafio entre o FC...

    Favoritos para vencer os prémios individuais | NBA 2023-2024

    A fase regular da NBA terminou. Depois de 82...

    Quem vai conseguir contratar Carlos Sainz?

    Ainda não tinha começado a temporada de 2024 e...
    Artigo anterior
    Próximo artigo
    José Pedro Mozos
    José Pedro Mozos
    O Zé Pedro nasceu um dia sob o signo do leão, assim como uma das suas maiores paixões: O Sporting. Desde aí que o seu percurso tem sido traçado a verde-e-branco. Vibrou com os grandes triunfos e sofreu com os desaires, mas nunca deixou de apoiar o clube leonino. Escrever para este site é só uma das muitas formas de expressar aquilo que sente pelo Sporting.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.