Com a entrada de Bryan Ruiz na segunda parte, o estilo de construção na tradicional transição entre linhas reforçou a posse do Sporting. Porém, não chegando um golo madrugador, a força anímica da equipa de Jorge Jesus não se elevou. Alguma instabilidade em lances cruciais foi permitindo a aproximação pontual do Rio Ave à baliza de Rui Patrício. É, contudo, importante referir que apesar do fluxo ofensivo dos Vila Condenses ter diminuído, houve claras mudanças nos principais culpados da incapacidade leonina. Bruno César, primeiro, esteve mais atento à ocupação do espaço; depois, ao mesmo nível, Schelloto melhorou a interpretação dos lances, não comprometendo em movimentos básicos da teoria defensiva – tal como se manifestou num lance aos 59 minutos fechando o espaço ao adversário – talvez se assim tivesse feito na primeira parte a história fosse outra.
Num claro aumento de iniciativa da equipa do Sporting na primeira parte, o golo de honra aconteceu já tarde de mais para galvanizar o espírito da reviravolta. Havendo mais pressão sobre a bola, o nervosismo não permitiu, porém, reforçar a qualidade colectiva. Devo, em justiça, atribuir um voto de distinção aos centrais do Sporting que, num jogo péssimo nas laterais defensivas, foram cirúrgicos em vários lances. O mesmo voto se estende à pérola do costume: Gelson foi o inconformado de serviço, cabendo-lhe, até, um momento de altruísmo no lance do golo de Bas Dost. Nas anotações finais, que se volte a frisar o seguinte: Bruno César é, de facto, um jogador de grande qualidade táctica, mas quando a sua ala se encontra débil devido à falta de intrusão defensiva de Campbell, há erros que não se podem cometer – e Gil Dias apercebeu-se claramente disso. Schelloto, que na minha opinião fez o pior jogo desde que joga no Sporting, cometeu erros que não são compreensíveis numa equipa que compete neste ritmo. Jorge Jesus, por fim, que sempre considerei um Mestre na idealização táctica, falhou ao não ponderar as dificuldades com que os defesas-laterais se iriam debater – e, diga-se, falamos de uma posição que ele nos habituou a trabalhar de forma exímia.
Um jogo atípico em que o Sporting poderia ter sido mais feliz – se assim o quisesse. Não obstante a qualidade do futebol do Rio Ave, que muito elogio, neste de balança o demérito leonina tem muito mais volume.