Sporting: Europeísmo ou Sensatez

     

    A parte boa: alguma crítica considera Jorge Jesus um treinador que despreza a Europa. Não encontro – num treinador que no passado, e num curto espaço temporal, levou uma equipa a duas finais da competição -, sustentação para esta ideia. A experiência de Jorge Jesus na competição traduz-se, por certo, numa mais valia para a forma de encarar as jornadas europeias, mesmo não tendo sido feliz a experiência no ano transato. Depois há a ditadura do sorteio, a resposta que alguns jogadores de segunda linha poderão dar e, ainda, a parte mais morosa do processo: a paciência para entender o que a competição nos dirá. Eu explico: é que torna-se fácil começar a elevar os ânimos numa competição deste tipo, caso as eliminatórias forem ficando para trás, enquanto o Sporting caminha para a frente. E, chegando aos quartos de final da Liga Europa, é impossível não acreditar. Até porque quem tem a Europa toda a tirar-lhe o chapéu depois de dois jogos de luxo contra o Real Madrid, pode perfeitamente ganhar a Taça.

    Jorge Jesus tem em mãos a decisão sobre as prioridades futebolísticas do Sporting Fonte: Sporting CP
    Jorge Jesus tem em mãos a decisão sobre as prioridades futebolísticas do Sporting
    Fonte: Sporting CP

    Agora, por seu turno, vamos à parte má: não tenho os dados estatísticos, mas arrisco que na realização de um inquérito aos sportinguistas, mais do que a maioria dos inquiridos preferia ser Campeão Nacional a vencer a Liga Europa. A não ser que se conquistasse as duas. Perante a bifurcação de hipóteses, os anos de jejum no Campeonato ditam que as forças devem ser direccionadas para a prova das provas, porque uma coisa é deter um plantel em força para uma competição, e outra é organizá-lo para jogos intercalados que aumentam cansaço e dão robustez ao calendário. Acresce-se ainda outra ideia: é forte a possibilidade de os adversários directos permanecerem na Liga dos Campeões. E confessando não existir qualquer réstia de rivalidade na seguinte análise, devo referir que sempre é maior a probabilidade, para uma equipa portuguesa, de sair mais cedo da Liga dos Campeões do que sair da Liga Europa, podendo resultar numa vantagem na calendarização alheia. E embora esta última parte pareça infértil para o sucesso do artigo, no que respeita a maratonas futebolísticas todos os dados contam.

    Há, em suma, uma moeda de duas faces, que parece separar o lado emotivo do sportinguista que quer a equipa a lutar por conquistas em múltiplas frentes, do lado do outro sportinguista que não considera a divisão de esforços para além da luta pela conquista do Campeonato.

    Foto de capa: Sporting Clube de Portugal

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    Ricardo Gonçalves Dias
    Ricardo Gonçalves Diashttp://www.bolanarede.pt
    O primeiro contacto do Ricardo com a Bola foi no futsal. Mais tarde passaria pelas camadas jovens do Oriental, esse gigante de Lisboa. O sonho acabou algum tempo depois e hoje lida bem com isso. E com a escrita também.                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.