O mercado de verão do Sporting Clube de Portugal foi extremamente cirúrgico. Num ano sem UEFA Champions League, o que se traduz numa ausência preocupante dos milhões que daí são provenientes, os dirigentes leoninos conseguiram realizar um mercado que, certamente, muitos adeptos pensavam difícil. Entre entradas e saídas, é possível afirmar que o clube de Alvalade tem um plantel homogéneo e com possibilidades de atacar todas as frentes.
A baliza verde e branca não sofreu grandes mexidas. O guarda-redes António Adán continua como figura sólida nas redes leoninas. Como número dois, tal como na época transata, surge o uruguaio Franco Israel. A grande mudança dá-se com a saída de André Paulo (atualmente no Clube Desportivo Mafra), com Diego Callai, dono e senhor da baliza da equipa B, a surgir como terceiro guarda-redes.
Comparativamente às épocas anteriores, principalmente após a saída de Luís Maximiano, a dúvida que surge é idêntica. Aparentemente, António Adán continua relativamente confortável na baliza, sem grande concorrência.
O setor mais recuado dos leões não sofreu alterações. Os dirigentes leoninos acreditam que, a espinha central da equipa, está consolidada. Gonçalo Inácio, Sebastián Coates, Ousmane Diomande, Matheus Reis, Jerry St. Just, Luís Neto e o regressado de emprestado, Eduardo Quaresma, dão garantias. Sem esquecer João Muniz, central de 18 anos que espreita a oportunidade na equipa A. Uma mescla entre juventude e a experiência.
Os corredores laterais foram uma incógnita até final do mercado. Com a saída de Pedro Porro, em janeiro, Ricardo Esgaio ficou sozinho, sem concorrência. Rúben Amorim optou por adaptar Geny Catamo, um canhoto à direita. Apesar do bom rendimento na pré-época, as exibições do jovem moçambicano ainda despertam algumas dúvidas do ponto de vista defensivo. Atendendo a isto, e depois de algumas novelas de verão, Iván Fresneda chegou a Alvalade e reequilibrou o lado direito dos leões, aumentando a competitividade intra-posição. Do lado oposto, Rúben Amorim pode contar com Nuno Santos e, agora, Geny Catamo, dois jogadores muito fortes do ponto de vista ofensivo. Na procura por um jogador com características mais defensivas, Rúben Amorim pode adicionar Matheus Reis à equação. Desta forma, e do ponto de vista defensivo, o Sporting parece estar bem preparado para o que aí vem.
Sem o dinheiro proveniente da entrada na máxima competição de clubes do futebol europeu, o Sporting viu-se obrigado a vender Manuel Ugarte, e assim redesenhar um novo meio-campo. Essencialmente, a questão incidia sobre quem iria fazer dupla com o japonês Morita?
Um ano depois, Daniel Bragança recuperou de uma lesão grave e voltou a estar à disposição do técnico português. Com poucas alternativas para o “miolo”, o recuo de Pedro Gonçalves para o meio tornou-se uma opção válida. Restavam ainda Dário Essugo e Mateus Fernandes (atualmente, emprestado ao GD Estoril Praia), provenientes da Academia de Alcochete.
Com a venda de Ugarte, o Sporting foi ao mercado e encontrou Morten Hjulmand, dinamarquês de 24 anos com características interessantes e semelhantes às de João Palhinha. Desta forma, o Sporting conta com três médios prontos a lutar pela titularidade, mais a possível adaptação de Pedro Gonçalves e ainda o “menino” Dário Essugo. Sem dúvida um meio-campo de qualidade, mas onde, na minha ótica, poderia encaixar mais um médio de qualidade.
No setor ofensivo, os leões venderam Yousseff Chermiti e adquiriram o avançado Viktor Gyokeres. Até ao momento, o sueco prova ser uma grande mais-valia por ser um avançado muito diferente daquele que estamos habituados a ver em Portugal. Paulinho sentiu, ou a nova concorrência ou a ausência de pressão, e parece outro jogador, quase uma nova contratação. A juntar a estes dois destaques, no início desta temporada, Rúben Amorim tem ainda Pedro Gonçalves, Francisco Trincão e Marcus Edwards. Se a aposta na formação for uma opção da estrutura leonina, então faz sentido o número de jogadores para a frente de ataque, considerando a possível inclusão de Rodrigo Ribeiro e Afonso Moreira (que já se estreou esta época). Se poucas forem as oportunidades para estes jovens, então teria sido importante à equipa de Alvalade adquirir mais um homem para o setor avançado.
O Sporting parece ter conseguido, com pouco e abdicando de apenas um jogador fundamental (Manuel Ugarte), construir um plantel competitivo e equilibrado. Para além disso conseguiu limpar a casa, nomeadamente os chamados “jogadores excedentários”. Prova da boa gestão do plantel é o arranque de época dos leões. Ainda assim, é importante perceber se este Sporting, com este número de jogadores, irá aguentar um calendário apertado, com lesões e cartões, mantendo um nível semelhante ao atual.
Artigo da autoria de Tiago Rodrigues.