V de Varandas

Violência no Desporto. Tivemos oportunidade de abordar esta matéria noutro fórum e noutro momento, mas as notícias veiculadas pela comunicação social desta semana não nos deixam resistir a voltar a tocar a mesma tecla. Vejamos.

Dia 17 de janeiro de 2020: a equipa sénior de futebol do Sporting CP perde em casa com o seu eterno rival SL Benfica.

Dia 17 de janeiro de 2020: aquilo que, independentemente do resultado, tem de ser um espetáculo desportivo, foi, mais uma vez, brindado por um triste episódio de “chuva” de material pirotécnico, arremessado da bancada onde se sentam os adeptos da equipa verde e branca.

Dia 21 de janeiro de 2020: os jornais diários desportivos anunciam que a direção do clube leonino vai instalar aquilo que é, legalmente denominado como zona com condições especiais de acesso e permanência de adeptos, para os adeptos associados àqueles incidentes e que estão ligados aos Grupos Organizados de Adeptos (GOA) de “apoio” ao Sporting CP.

Ponto importante para a reflexão do tema: Sim, o Sporting CP ainda tem GOA nas suas bancadas, mesmo que não sejam apoiados pelo clube. Mas o facto de não serem apoiados pelo clube não impede que o clube crie as referidas zonas com condições especiais, desde que aprovadas pela recém-criada Autoridade para Prevenção e o Combate à Violência no Desporto.

Independentemente do carinho que se tenha (ou não) pela atual direção do Sporting CP e, mesmo que se condene (ou não) a gestão e decisões tomadas pela sua liderança, a reação  às manifestações de violência nos espetáculos desportivos praticada pela direção do atual Presidente do clube tem sido automática e, salvo melhor entendimento, exemplar.

Não sabemos, nem podemos confirmar, mas imaginando a concretização de tal decisão, tratar-se-á de mais um capítulo de peso no futebol português e, à semelhança do que sucedeu com a revogação do apoio às “claques”, poderá configurar mais um pequeno grande passo para a verdadeira melhoria da realidade desportiva nacional.

O país tem tanto valor desportivo, do qual a maior parte não é dado a conhecer à população. A pequena parte que é dada a conhecer, que é o futebol, e que constitui, em grande medida, o principal produto desportivo nacional, dá audiência a demasiados maus exemplos que criam uma imagem errada e deturpada daquilo que é um verdadeiro espetáculo desportivo. Se é difícil dar palco a mais modalidades e mostrar ao país e ao mundo o verdadeiro valor desportivo do país, ao menos que se limpe o palco onde apenas atua um protagonista, pois apenas dessa forma podemos continuar a querer comprar bilhete para assistir.

A ferida continua aberta nas bancadas de Alvalade
Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede

O desporto é, e tem que continuar a ser, aquele que é praticado dentro das quatro linhas e não pode estar refém da liberdade de expressão aparentemente ilimitada daqueles que se mostram eternamente insatisfeitos, seja pela prestação desportiva da equipa que apoiam, ou seja simplesmente pelo facto da direção do clube que apoiam não ser aquela que queriam ou em que votaram.

Há que separar o trigo do joio e, nessa medida, ter o discernimento de distinguir os resultados desportivos associados à eventual gestão menos boa de um clube daquilo que são, verdadeiramente, decisões de peso e de grande vulto para o saneamento de uma modalidade que, há vários anos, tem vindo a ficar refém de manifestações totalmente distantes do campo da legalidade e que apenas envergonham os seus restantes intervenientes.

Se se pretende evitar que entremos no mesmo percurso de recuperação pelo qual passou a mesma modalidade em Inglaterra, temos que beber das medidas por eles praticadas.

E se, quando pusemos a lei em vigor a ser trabalhada e adaptada às melhores recomendações a nível internacional nesta matéria – designadamente a Convenção do Conselho da Europa sobre uma Abordagem Integrada da Segurança, da Proteção e dos Serviços por Ocasião dos Jogos de Futebol e Outras Manifestações Desportivas, de 3 de julho de 2016 -, acabámos por aprovar uma lei que ainda está longe de ir ao encontro dessas orientações. Há que criar soluções dentro deste novo enquadramento normativo que, de forma alternativa, consiga conter a imagem que este desporto continua a passar ao país, ao mundo, e sobretudo, dentro destes, às gerações mais jovens e vindouras.

Foto de Capa: Carlos Silva/Bola na Rede

Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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João Pedro Maltez
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Um militante no combate à monocultura desportiva nacional. Um esperançoso por um desporto melhor, a que seja garantido e reconhecido o justo retorno do seu valor social.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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