G.D. Estoril Praia 2-1 Académica OAF: Briosa devastada por felicidade canarinha

    Cabeçalho Futebol Nacional

    Nota prévia- a um dia de semana, estiveram no António Coimbra da Mota 1500 adeptos afectos à Académica (vieram com a Mancha Negra, aproveitando o ínfimo euro cobrado por transporte e bilhete). Mais de metade da média de espectadores do Cidade de Coimbra num fim-de-semana à tarde. Muitas dessas pessoas abdicaram da sua vida profissional para poder ver a sua Briosa. O futebol devia ser mais vezes assim.


    Este era um jogo de afirmação. O descolar de um momento de marasmo rumo a um lampejo de glória perdido (mas nunca esquecido!) no passado recente, que há muito era reclamado pelos adeptos de ambos os lados. Os do Estoril porque não celebravam uma vitória desde a última eliminatória da Taça, os da Académica por se verem atirados para a “segunda”.

    A Briosa, talvez galvanizada pelas circunstâncias (ver nota previa), começou melhor e conseguiu condicionar a circulação de bola do Estoril, obrigado a optar por bolas longas perante o sufoco da pressão ofensiva imposta por Marinho, Kaka, Ernest e Traquina, o habitual quarteto de apoio ao ponta de lança (Toze Marreco, esta noite). Os canários demoraram a habituar-se, mas lograram fazê-lo e foi através de um passe comprido de Diakhité que deram o primeiro sinal de adaptabilidade, a bola foi ter com Ailton, que obrigou José Costa a defesa apertada. Na recarga, NunoPiloto (com o peito, parou remate de Diogo Amado) e o poste (Mattheus) impediram o inaugurar do marcador.
    O Estoril ia ficando mais confortável no jogo, “comendo” o meio-campo com a subida de linhas, por ação de Taira e Mattheus, e conseguiu controlar a contenda. Foi assim, aliás, que chegou ao golo. A presença agressiva de Taira obrigou Traquina a perder a bola, depois encontrou Mattheus a descair para a ala esquerda, serviu-o, e este cruzou para Alisson, já na área, liberto da marcação de João Real e Diogo Coelho, atirar para o fundo das redes.
    A Académica reagiu bem, encontrou brechas na muralha estorilista e até podia ter anulado a desvantagem, mas Kaká, na cobrança de uma grande penalidade conquistada por Marinho no final da primeira parte, não teve engenho para desfeitar Luís Ribeiro (que limpou a imagem de um erro crasso na primeira parte).

    Estádio António Coimbra da Mota esteve pintado de negro Fonte: A. Académica de Coimbra OAF
    Estádio António Coimbra da Mota esteve pintado de negro
    Fonte: Académica OAF

    A segunda parte conheceu um início semelhante ao da primeira, com muita vontade, de ambos os lados, em devolver a alegria perdida aos adeptos. A Académica, porém, foi mais acutilante, fruto do recuo da linha ofensiva, que tornou a transição ofensiva num movimento em bloco. Foi neste contexto que lhe pertenceram as melhores oportunidades para a Briosa.
    Marinho (num remate dentro da área) e Tozé Marreco (cabeceamento aposentando cruzamento de Nuno Santos) fizeram ameaças, que coube a Traquina concretizar. O extremo foi o “assassino designado” para concretizar um golpe desenhado por Ernst e Marinho – o ganês, depois de um drible bem sucedido, descobriu o capitão da Briosa a fugir do centro para o flanco direito (arrastando João Afonso na marcação) e este serviu o ex-Covilhã para o golo do empate aos 58 minutos.
    A Académica galvanizou-se ainda mais a partir daqui, mas deixou de subir tanto o seu bloco defensivo, o que partiu o jogo. Porém, apesar do Estoril se ter intrometido (incursão de Toncantins sobre o flanco direito, terminou em cruzamento para remate de letra de Bazelyuk que rasou o poste), foram dos estudantes os lances mais perigosos – Marinho e Dhiakité (também por acção do capitão da Briosa) obrigaram Luis Ribeiro a aplicar-se.
    Cientes do ritmo frenético do jogo, e com mais medo do desaire do que a ambição da vitória, os treinadores mexeram na partida. Costinha deu equilíbrio a equipa fazendo entrar Makonda para o lugar de Kaka, enquanto que Carmona trocou de avançados, em busca de maior condicionamento da circulação de bola do adversário – saiu Bazelyuk, entrou Kleber.
    O jogo ficou mais calmo, mais disputado a meio-campo, e passaram a escassear as oportunidades de golo. Foi a Académica, mais uma vez, a pôr travão no marasmo – João Real e Toze Marreco, na mesma jogada, cheiraram o golo -, mas seria o Estoril a chegar ao golo. Kléber, de cabeça, servido por Taira, descoberto (outra vez) do lado direito do ataque estorilista, desfez a igualdade…

    … e o sonho de 1500 adeptos vindo de Coimbra, que almejavam ver a sua Briosa regressar a uma meia-final 5 anos depois. Mas podem enxaguar as lágrimas. A Académica voltou a mostrar a alma nobre de tempos passados. Não os do passado recente, mas os de um passado de campanhas com mais brio que a mera luta pela manuntenção.

    Hoje, no António Coimbra da Mota, sentiu-se a alma da revolução estudantil em cada uma das 1500 gargantas e em cada par de pés dos 14 jogadores que foram a jogo. Hoje a Briosa voltou a ser ela mesma.

    Quanto ao Estoril, segue em frente na Taça de Portugal (73 anos depois, alcança as meias-finais), mas com muitos problemas de identidade por resolver. Valeu-lhes a redenção de um homem que procurou, mais que todos, um reencontro com a glória. Valeu-lhes Kléber.

    Pedro Machado

    Foto de capa: Académica OAF

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