BnR: Com a constante vinda de jogadores do estrangeiro, os jogadores da formação dos mais variados clubes têm cada vez menos oportunidades. Parece-lhe sensato uma regulação diferente ao nível dos jogadores extra-comunitários e/ou a inclusão obrigatória de um determinado número de jogadores portugueses no 11 titular das equipas da Primeira Liga?
PP: O futebol não é um mundo à parte do mundo. Há legislação que condiciona a regulamentação das competições profissionais. Desde logo porque são profissionais, e a legislação laboral, subordinada a diretrizes europeias, é muito clara quanto às várias exclusividades referidas. O caminho, quanto a mim, é o da aposta séria e consistente na formação. Os portugueses têm talento para o futebol. Há que exponenciá-lo e ganhar esse espaço, mesmo nas competições internas, com esse mesmo talento. Já para não falar das condicionantes económicas, que são sempre mais favoráveis à formação e à utilização de portugueses. A racionalização da gestão desportiva já vai nesse caminho.
BnR: Um dos pontos que têm merecido mais destaque no seu percurso como Presidente da Liga Portuguesa é o acordo com a empresa multinacional chinesa LEDMAN. Até que ponto considera este negócio importante para o futebol Português, quer a nível desportivo, quer a nível financeiro?
PP: Sempre que uma organização ou entidade de grande dimensão estrangeira investe em Portugal há toda uma nação a beneficiar disso. Se a LEDMAN entendeu que é, precisamente, na competição em que investiu que está o nosso talento a despontar, a isso podemos chamar uma simbiose. Uma relação que interessa a todos e em que todos beneficiam. Não só o futebol profissional, mas todo o país.
BnR: Fez, no passado mês de Julho, um ano de mandato na Liga de Futebol Profissional. Fazendo uma introspeção, quais acha que foram as maiores conquistas? E que batalhas ainda tem para lutar?
PP: Primeiro, as contas em ordem, positivas e em dia. A Assembleia Geral da Liga Portugal aprovou massivamente o primeiro orçamento sob minha responsabilidade, que apresentou um saldo positivo na ordem dos 2,8 milhões de euros, após vários anos de perdas sucessivas. A batalha da gestão racional foi ganha; o caminho é, agora, o da consolidação. Isso passa pela pacificação do futebol português no que diz respeito à sua própria gestão. Há um entendimento generalizado de que o caminho a seguir é o que traçámos, na salvaguarda dos interesses de todos os agentes desta “grande indústria” nacional, que gera receitas, emprego, economia local e nacional. Uma coisa é a paixão pelo clube, a discussão do lance do fim de semana anterior, etc.. Outra coisa, que interessa a todos, é a gestão isenta, racional e agregadora com que a Direção da Liga Portugal se comprometeu.