Kiss My Score: A app que está a mudar a forma como vês futebol

    O Kiss my score é o mais recente parceiro do bola na rede. para dar início a esta ligação, nada melhor do que uma reportagem para conheceres um pouco melhor deste projeto que agora está ligado ao nosso site.

    Qualquer pessoa que acompanhe o fenómeno do futebol com interesse, já fez apostas de resultados com amigos ou conhecidos. Sobretudo em ano de Mundial ou Europeu, nos dias que antecedem a competição, lá preenchemos um excel feito de forma rudimentar para recolher as apostas de todos os jogos.

    O Bola na Rede descobriu uma aplicação que faz isso tudo e ainda permite criar ligas com amigos, receber prémios, ver as apostas dos amigos e saber os resultados em tempo real, isto tudo sem gastar um cêntimo. Chama-se Kiss my Score (KMS) e acaba de fazer um ano de atividade. O Bola na Rede foi saber como correu esse primeiro ano e quais as expetativas para 2019.

    Kiss my… Score?

    Foi no final de tarde de um dia glorioso que nos deslocámos ao Braço de Prata para conversar com João Duarte, fundador e CEO do Kiss my Score. E o que é o Kiss my Score? Nas palavras do seu fundador, “o Kiss My Score é uma comunidade de fãs de futebol.” Parece simples? Na verdade, é. Estamos a falar de uma aplicação que permite fazer apostas de resultados de futebol e ganhar prémios.

    Tudo começou há alguns anos, quando João Duarte descobriu as apostas profissionais, que juntavam duas coisas de que tanto gostava: o futebol e a matemática. Começou então a tentar decifrar os algoritmos e perceber como “enganar” as odds. “Mas rapidamente percebi que não estava a jogar pelo dinheiro, mas sim para ganhar as apostas e dizer aos meus amigos, porque isso me dava credibilidade enquanto adepto do futebol.”

    João Duarte fundou o KMS em fevereiro de 2018
    Fonte: Kiss my Score

    Mas o fundador do KMS sentiu que faltava qualquer coisa, que havia um vazio. “Procurava alguma coisa que me permitisse estar perto do futebol, com os meus amigos, e que envolvesse competir, porque eu sempre adorei competição.”

    Foi então que chegou o Euro 2016 e, juntamente com amigos, João Duarte decidiu fazer apostas dos resultados, utilizando para isso uma folha de Excel simples, com fórmulas básicas. O problema foi que o número de pessoas aumentou, o que gerou imensa confusão e o ficheiro acabava por ir abaixo com tanta informação.

    Este problema foi o pontapé de saída que levou João Duarte a procurar uma solução que permitisse jogar aquele jogo que tanto gostava com amigos e que acabava por trazer boas conversas sobre futebol, mesmo até com aqueles amigos que nem percebiam ou nem acompanhavam assim tão de perto o futebol. “É a oportunidade para eles de entrar numa conversa da qual muitas vezes são excluídos à partida”, diz-nos o fundador do KMS.

    O primeiro teste da aplicação foi feito no Euro 2016, juntamente com dois amigos da faculdade. Fizeram uma aplicação muito básica e colocaram nas stores, atingindo os 10.000 downloads, algo que os surpreendeu.

    A plataforma esteve no ar até ao fim do Euro e João descobriu que, daqueles 10.000 utilizadores, 80% continuou a jogar até ao fim da competição. Aí percebeu que a sua ideia tinha potencial. Terminado o Europeu com um golo de Éder, João Duarte decidiu terminar os estudos e trabalhar noutras aplicações para ganhar experiência, acabando por lançar o KMS em fevereiro de 2018.

    Primeiro ano de atividade – crescimento pelo feedback

    A estrutura do KMS é simples e muito característica de uma startup: quatro pessoas, divididas por duas áreas apenas. A área técnica, de desenvolvimento de produto e programação, e uma outra área responsável por tudo o resto, que engloba principalmente Vendas e Marketing.

    Segundo João Duarte, o grande desafio no primeiro ano de atividade foi o de conseguir criar um jogo à volta do jogo. Neste momento, o KMS quer ser mais do que um jogo. Quer ser uma comunidade à volta do futebol, onde este seja discutido de forma saudável.

    “Acima de tudo acho que somos um bom iniciador de conversas de futebol. No KMS eu consigo ver os palpites que os meus amigos fizeram para aquele jogo e consigo ver o resultado desse jogo em tempo real, porque a app também funciona como um Live Score”, refere João Duarte.

    E o que é que esta aplicação traz de diferente à forma como os adeptos se relacionam com o desporto rei? Tem a palavra o seu fundador: “Eu consigo, por exemplo, ver que o meu irmão apostou que o Sporting ia empatar com o Belenenses. Eu como não estou com ele, não saberia o prognóstico dele se não fosse o KMS. Isto dá-me contexto para eu iniciar uma conversa com o meu irmão, sobre futebol, sobre o jogo jogado. Porque ao ver o palpite dele, eu começo uma conversa com ele para perceber o porquê. E ele não me diz que é por causa do árbitro, mas porque viu que o treinador vai apostar no sistema tático x e que o jogador y está lesionado e não vai jogar.”

    Este é o início, diz-nos João Duarte, mas o fundador do KMS não quer ficar por aqui. O seu desejo é que esta aplicação se torne no sítio ideal para viver futebol com os amigos, aproveitando a possibilidade que a Internet oferece de encurtar, ou até eliminar, a distância física.

    O KMS pretende ser o sítio ideal para os adeptos viverem o futebol com amigos
    Fonte: FPF

    “Se eu tivesse que explicar o que é o KMS, para mim era uma sala com o melhor para ver um jogo de futebol: os meus amigos que gostam de futebol, um ecrã gigante para ver o jogo e cervejas no frigorífico. Isto é o que queremos trazer para o digital, tornar a experiência de ver futebol com amigos melhor, mesmo não havendo essa presença física”, afirma João Duarte.

    E o mais engraçado é que a ideia de colocar prémios em disputa nas ligas surgiu de forma orgânica, pois foi algo que inicialmente não estava pensado. “Quando as pessoas criavam ligas, tinham dois campos para preencher: o nome da liga e a descrição. Com o tempo, começámos a perceber que as pessoas usavam o campo da descrição para colocar o prémio que estava em jogo. Descobrimos que nas ligas em que havia na descrição a indicação de um prémio em disputa (um jantar, uma rodada de cervejas), a retenção era muito maior. Esse foi o ‘gancho’ para nós mudarmos a designação de descrição para prémio”, conta-nos João Duarte.

    Após o lançamento da aplicação em fevereiro de 2018, o número de utilizadores cresceu de forma rápida, muito graças ao word of mouth gerado por amigos e familiares. A componente de live score surgiu pouco depois do lançamento da aplicação, fruto do feedback dos utilizadores, assim como a possibilidade de os utilizadores verem as apostas dos seus amigos e um chat universal para cada jogo, como complemento ao chat de cada liga.

    Foi também lançada uma funcionalidade que permite saber qual a aposta mais frequente para um jogo que ainda está por acontecer, que dá uma tendência do resultado esperado.

    Parcerias – clubes e marcas

    Neste momento, o KMS tem cerca de 330.000 utilizadores registados. O maior mercado é o Brasil, seguido de Portugal, onde são cerca de 100.000 o número de utilizadores. A app está classificada na App Store com 4.7/5 e na Play Store com 4.5/5, e o utilizador tipo tem uma idade entre os 18 e os 34 anos.

    O KMS conta atualmente com cerca de 330.000 utilizadores ativos
    Fonte: Kiss my Score

    Para João Duarte, onde há mais potencial para trabalhar em parceria é com clubes e marcas. “Os clubes, porque os seus fãs jogam na nossa aplicação. Aqui o nosso objetivo é ser intermediário entre clubes e adeptos, oferecendo aos clubes mais um canal de comunicação com os seus fãs”, refere. Para além disso, o KMS permite aos clubes chegar aos fãs num ambiente mais positivo do que o das redes sociais e dá-lhes acesso a informação sobre os adeptos, numa era em que esta é tão valiosa.

    O primeiro clube com quem foi fechada uma parceria foi o SL Benfica, em novembro de 2018. O clube oferece todos os meses um prémio ao vencedor da Liga Benfica, que pode ser uma camisola de jogo, um bilhete para um jogo ou para uma visita ao museu. “Neste caso torna-se muito vantajoso para os clubes porque conseguem chegar de uma forma muito particular a um nicho também ele muito particular, os millenials.”

    Aquilo a que se assiste é uma situação “win/win/win”. “Os clubes ganham porque conseguem mais um canal de comunicação com os fãs, os utilizadores ganham a possibilidade de obter mais prémios e ganha o KMS porque a comunidade cresce”, afirma João Duarte. A parceria com o Benfica está a ser consolidada e o fundador do KMS promete ter mais novidades brevemente.

    Relativamente ao mercado português, a recetividade dos clubes a quem apresentou o projeto foi boa, diz-nos João Duarte, e a perspetiva é de que sejam anunciadas parcerias com mais clubes, para além do SL Benfica, ao longo deste ano.

    Para as marcas o valor acrescentado desta parceria é “a oportunidade de chegarem a um público muito segmentado, um nicho, alavancado na emoção que está associada ao futebol. Para os nossos utilizadores é uma vantagem muito grande, pois podem ganhar mais prémios, que são experiências, que acabam por ser muito melhor recebidas do que os produtos.”

    Estas experiências são, por exemplo, um bilhete para ver a final da Liga dos Campeões ao vivo, a possibilidade de ver um jogo da própria equipa no banco de suplentes ou ir ao relvado do estádio da sua equipa no intervalo de um jogo.

    Durante o Mundial 2018, o KMS fechou uma parceria com a marca Licor Beirão. No final da competição, o vencedor da Liga Licor Beirão foi presenteado com uma festa, oferecida pela marca, que incluiu DJ e bebida. Isto permitiu à empresa ter presença na aplicação durante toda a competição e interagir com os utilizadores, para além de ter visto o seu patrocínio ser amplificado pelos meios de comunicação.

    O SL Benfica foi o primeiro clube a fechar uma parceria com o KMS
    Fonte: SL Benfica

    Outras oportunidades no âmbito de parcerias com marcas estão a surgir com “aquelas que já fazem parte do ecossistema do futebol, que patrocinam clubes, estádios e tudo o que acontece à volta do futebol. São as mais óbvias porque já perceberam as vantagens de estar associado ao desporto e à emoção que este desperta”, afirma João Duarte.

    O KMS adiantou ao Bola na Rede que está neste momento em negociações com marcas das áreas da alimentação, bebidas e material desportivo, e espera em breve lançar novas parcerias para os seus utilizadores.

    E como é que o KMS comunica para os adeptos do futebol? “A nossa grande divulgação é o word of mouth, tem sido a nossa melhor publicidade. Em média, cada utilizador que se regista, convida pelo menos mais um para se registar. Durante o Mundial, esse número subiu para quatro, o que se traduziu num crescimento exponencial”, diz o fundador do KMS.

    2019 traz samba, eSports e mais modos de jogo

    Os eSports é algo que já não pode ser dissociado do futebol. Por isso, o KMS criou já este ano uma liga para apostar nos resultados da competição de eSports da Federação Portuguesa de Futebol. Tendo em conta a emergência deste fenómeno em mercados como o Brasil e a Alemanha, o KMS já está em negociações para incluir as respetivas ligas de eSports na sua aplicação.

    As perspetivas para 2019 são positivas, principalmente porque o KMS entrou neste ano já a vencer: foi uma das doze startups a participar no programa de aceleração do FC Koln, da Alemanha, e foi o grande vencedor do programa, arrecadando o prémio de “Melhor Startup”. “Vamos avançar também com uma parceria com o clube, cujos moldes iremos anunciar brevemente. Para além disso, estamos em negociações com clubes da Primeira Liga Portuguesa, assim como clubes da Alemanha e do Brasil.”

    A primeira ronda de investimento está a ser fechada neste momento e João Duarte revela que há um clube muito interessado, assim como uma empresa de media com grande relevância no panorama mediático português. O objetivo desta ronda de investimento não é “obter dinheiro por dinheiro, mas sim dinheiro para nos abrir portas. Queremos alguém que esteja inserido no mundo desportivo e que nos ajude a aumentar a nossa comunidade”, refere João Duarte.

    E o que é que tem sido o segredo para o sucesso da aplicação juntos dos utilizadores? Nas palavras do fundador do KMS, “nós estamos sempre com os ‘ouvidos abertos’. Estamos muito atentos ao feedback que recebemos dos utilizadores, temos inclusive um sistema de feedback na aplicação, e várias funcionalidades foram já criadas precisamente como consequência desse feedback”, diz João Duarte.

    Em 2019 o KMS vai apostar forte nos mercados da Alemanha e Brasil
    Fonte: FIFA

    João Duarte revelou em primeira mão ao Bola na Rede a próxima novidade a apresentar: “A possibilidade de jogar durante o decorrer de um jogo.” De que forma? “Iremos lançar desafios, por exemplo, quem será o próximo jogador a marcar um golo, quantas defesas fará o Buffon ou quantos golos é que o Cristiano Ronaldo vai marcar.”

    Esta nova funcionalidade responde ao pedido dos utilizadores para mais formas de jogar e interagir com o jogo, permitindo ter acesso a informação que outras aplicações não têm. “Se de 10.000 utilizadores, 9.000 disseram que o Cristiano Ronaldo vai marcar um golo, para mim que não estou a ver o jogo, diz-me muito. É um grande insight sobre o que está a acontecer e é fruto da nossa ambição de nos tornarmos na melhor ferramenta para acompanhar um jogo de futebol.”

    Para este ano, o KMS quer estabelecer-se nos mercados português, brasileiro e alemão, antes de se aventurar noutros países. “A Alemanha é um país com grande abertura a este tema e muito desenvolvido em termos da transformação digital e digitalização da comunicação. É um país com bastante potencial, tanto em termos de clubes como de utilizadores, pois culturalmente estão muito habituados a este tipo de jogo”, afirma João Duarte.

    Para além destes, o mercado dos Estados Unidos e o mercado asiático também despertaram a atenção do KMS. Em relação ao Brasil, com a realização da Copa América este ano, João Duarte prevê um fenómeno de crescimento em termos de utilização da app durante esse período, “porque respondemos a uma necessidade muito específica, para a qual existem muito poucas soluções no mercado atual.”

    Foto de Capa: FPF

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