Ontem deitei-me tomando conhecimento de uma tragédia que se estava a iniciar na zona-centro do meu país. Hoje acordei com todos os órgãos de comunicação social dando conta de uma catástrofe natural e humana, a maior de sempre a acontecer no nosso país.
Para além dos hectares de floresta ardida, essencial à nossa saudável existência, também as mais de 50 pessoas haviam perdido as suas vidas, dentro de viaturas enquanto passeavam com as suas famílias, ou iam encontrar-se com as mesmas, ou tentavam salvar o que era seu.
Quando isto acontece, tudo o resto, todos os problemas que nos assolam diariamente, ficam a parecer tão pequenos e insignificantes, e mais pequenas ficam as quezílias futebolísticas e desportivas que muitas vezes nos dividem e geram polémica, divisões e discussões.
Certamente, o fogo não fez distinção entre os que são adeptos do SL e Benfica, do FC Porto, do Sporting CP, do UD de Leiria, do CD Fátima ou de outro qualquer clube de futebol ou desportivo. E também por isso todos nos devemos unir para lutar contra esta tragédia, não apenas na luta directa com o fogo mas trabalhando em comunidade com a limpeza das florestas e a manutenção das mesmas.
O futebol deveria servir como um escape para problemas maiores que surgem nas nossas vidas e não tornar-se mais um problema com que nos preocupamos diariamente, tornando-se muitas vezes o problema prioritário que nos assola.
Problemas sérios são estes, que ceifam vidas, que destroem tudo o que se construiu durante anos, pessoas que ficam sem nada. O futebol e o desporto só têm um papel: o de tentar minimizar essa dor através do seu papel de utilidade pública e de entretenimento de massas. Junto disto, todos os “Guerras”, e-mails, todas as escutas ou o que seja, são mesquinhices de quem não dá valor a mais nada se não às suas carteiras.
O futebol pode agora também, como motivador de massas, tentar passar uma imagem construtiva de ajuda às vitimas, e passar uma mensagem que influencie a limpeza de matas, a ajuda aos bombeiros, e muitas outras iniciativas que se podem desenvolver para minimizar o risco de que se repitam catástrofes como a que está a acontecer em Pedrogão Grande.
Hoje não somos benfiquistas, sportinguistas, portistas… Somos portugueses, e essencialmente humanos que choram os que partiram e devem ajudar o “irmão” que chora pelo parente perdido, pelos bens destruídos.
Hoje eu trocaria qualquer titulo que o meu clube já tenha conquistado ou possa vir a conquistar pela vida de qualquer uma das pessoas que desapareceu no meio das chamas.
Foto de Capa: Beira Baixa TV