📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

Força da Tática: A diferença do detalhe em jogo competitivo | FC Barcelona 2-1 FC Porto

- Advertisement -

Força da Tática: A divisão / conquista de espaços, as superioridades numéricas defensivas / ofensivas e a gestão da bola foram determinantes. A rubrica de hoje é da autoria do treinador de futebol, Bruno Romão, e é sobre o FC Barcelona x FC Porto, referente à quinta jornada da fase de grupos da Champions League.

Análise Tática: FC Barcelona 2-1 FC Porto

FC Porto

O FCP iniciou o jogo com o seu melhor 11 disponível para este jogo no sistema habitual (4-4-2) com Diogo Costa, João Mário, Pepe, Fábio Cardoso, Zaidu, Pepê, Eustáquio, Varela, Galeno, Taremi e Evanilson. Tendo em conta a profundidade do plantel e as lesões não houve surpresas.

Defensivamente, o FCP procurou condicionar alto, com marcação individual, a construção para fora, de forma a anular o jogo interior do adversário. Foi algo que tentou fazer logo a partir do pontapé de baliza. Aqui houve uma preocupação notória de preparar a equipa, quer o Barcelona construísse a quatro ou a três, sem saltar no GR para não “desmontar” a pressão.

Detalhe importante: a transformação da construção a três para quatro, com a baixa de De Jong para criar superioridade numérica e indefinição. Houve uma preocupação constante de compactar o bloco em todas as zonas na pressão vertical e horizontal, aspeto em que o FCP é normalmente forte.

Ofensivamente, o FC Porto procurou construir com personalidade, atraindo a pressão alta do FCB, que optou por saltar em Diogo Costa, criando espaços aproveitados à vez por Eustáquio ou Varela a ligar. Houve uma clara intenção do FCP verticalizar a construção e ligação para aproveitar a versatilidade de Taremi / Pepê nos espaços, procurando as costas dos médios em apoio, ou por Galeno e Evanilson mais em profundidade. Houve uma opção clara de chegar área com quatro a cinco jogadores com a intenção de finalização suportada pelo registo de golos sofridos do FCB (16 golos sofridos em 18 jogos).

FC Barcelona

Iniciou o jogo no sistema base 4-3-3 com Peña, Araújo, Koundé, Martinez, Cancelo, De Jong, Gundogan, Pedri, Raphinha, Lewandowski e Félix. De registar as opções de Araújo como lateral direito e Koundé como central direito, no sentido de controlar os apoios frontais de Taremi e a profundidade de Galeno, simplificando as dinâmicas de construção, no fundo controlar o corredor mais forte do FCP.

Defensivamente, o clube catalão procurou condicionar alto a construção do FCP e saltar no guarda-redes a 3 e algumas vezes a 4, com Pedri a saltar com Lewandowski. Frequentemente vimos Lewandowski a conduzir a pressão para o lado direito da equipa, onde Araújo e Raphinha dão maior intensidade à pressão exterior. A defender no seu meio-campo, vimos frequentemente o bloco organizado em 541 (por vezes até 631) com o extremo do lado da bola a baixar. Aqui, a opção de baixar foi clara para aproveitar a qualidade individual dos avançados em contra-ataque, de forma a explorar espaços exteriores nas costas dos laterais do FCP, que projetam ofensivamente.

Ofensivamente, a construção a três (4, 23 e 5) teve frequentemente um quarto homem, De Jong, no sentido de atrair a pressão e quebrar linhas, procurando chegar à qualidade individual de Cancelo e Raphinha, projetados após variação. O posicionamento interior de Félix junto de Lewandowski fez com que ofensivamente a equipa assumisse estruturas muito versáteis no aproveitamento dos corredores interiores – 352, 334, 424 e 433.

O Jogo

O FCP faz uma primeira parte muito bem conseguida, sobretudo após os 10’, em que Sérgio Conceição (SC) ajustou o posicionamento de Pepê na marcação individual alta para controlar de frente Cancelo, transformando muitas vezes a pressão em 4-2-4 para 4-3-3. A partir desta fase houve também melhor controlo defensivo de De Jong na construção, com a utilização de um dos médios. A estrutura compacta da linha defensiva foi decisiva para a qualidade da pressão.

A equipa de SC foi mais sólida coletivamente e teve uma boa frequência em qualidade e número de jogadores na chegada à área (transição e organização ofensivas com 11 remates). O primeiro golo foi um bom exemplo desta boa ligação e capacidade de criação em contra-ataque.

Algo surpreendente foi a frequente indefinição de funções do Barcelona, quando as duas primeiras linhas de pressão eram batidas, bem como as dificuldades de coordenação / agressividade na defesa da área. O FCP procurou explorar este aspeto, acelerando o jogo nos espaços livres e criando muitas situações de finalização. Ao longo do jogo, o Barcelona procurou atacar atraindo a pressão para variar o jogo, criando situações de 1v1 com os laterais nos corredores exteriores em ataque rápido e contra-ataque. A estratégia de explorar as dificuldades de João Mário surtiram efeito neste ponto, com os dois golos marcados a surgirem deste tipo de situações

A reação do Barcelona na segunda parte foi a esperada, com o FCP a ter menos bola, mesmo em momentos em que a pressão do adversário tinha pouca intensidade. Mesmo marcando perto dos 60’ o 2-1 e tendo maior volume de jogo na segunda parte, sempre que o FCP teve mais bola o adversário teve dificuldade. A equipa de SC tem um plantel mais curto e alguns jogadores a precisar de tempo de jogo, (Zaidu e Evanilson por exemplo) o que nestes momentos dá consistência e tomada de decisão.

Na segunda-parte o FCP compactou o bloco e subiu menos as linhas a pressionar para dar maior cobertura à pressão nos corredores exteriores. Neste período do jogo foi notória a dificuldade do FCB em defender, quando a equipa de SC esteve mais disponível para dar opções ao portador da bola.

Num jogo com tanto equilíbrio e contra tanta qualidade individual, o FC Porto competiu ao mesmo nível, mas não conseguiu controlar alguns aspetos que são identidade da equipa. Os duelos (1ª e 2ª bola), a marcação próxima das opções de transição quando a equipa está perto da área a atacar, a qualidade da pressão horizontal (1º golo do FCB, com Taremi muito perto e a não apertar Koundé) e a cobertura aos laterais (pelo médio ou central mais próximo na proteção sobretudo a João Mário – 1º e 2º golos) foram determinantes e deixam a perceção à equipa, até pelas palavras de SC no pós jogo, de que detalhes que frequentemente dominam não foram controlados.

Aspetos Chave do Jogo

A organização / solidez e a personalidade do FCP contra um adversário com muito mais soluções. A falta de ritmo competitivo de alguns jogadores expôs alguma falta de rotinas ofensivas e defensivas dos mesmos. A velocidade dos jogos da Champions exige todos os jogadores a top. 1-1 ao minuto 32, logo após o FCP marcar o 0-1com muito mérito, num período do jogo em que está claramente por cima, trazendo confiança ao adversário, que estava a ter dificuldades para assentar o seu jogo ofensivo e sofria com a criação de situações de finalização da equipa de SC.

Alguma inconsistência do FCP nos duelos e na pressão horizontal, o que permitiu variações, anulando a boa organização / divisão dos espaços defensivos e expondo especificamente as dificuldades de João Mário, o que aumentou a frequência da necessidade de coberturas aos laterais contra jogadores fortes no 1v1. O FC Barcelona teve um bom aproveitamento da qualidade individual dos jogadores projetados por fora, após variação do jogo à largura para criar desequilíbrios, sendo os golos dois bons exemplos.

Jogo muito rico taticamente, com ambas as equipas a revelar boa flexibilidade, no sentido de dominar os espaços através de superioridades numéricas momentâneas com e sem bola. Os detalhes e a qualidade individual fizeram a diferença.

Artigo de opinião de Bruno Romão, treinador de futebol

Redação BnR
Redação BnRhttp://www.bolanarede.pt
O Bola na Rede é um órgão de comunicação social desportivo. Foi fundado a 28 de outubro de 2010 e hoje é um dos sites de referência em Portugal.

Subscreve!

Artigos Populares

Palmeiras de Abel Ferreira vence Juventude e segura liderança do Brasileirão

O Palmeiras foi ao terreno do Juventude vencer por 2-0, na jornada 31 do Brasileirão. A equipa de Abel Ferreira continua na liderança.

Defesa do Tondela na mira do Sporting e do Braga

O Sporting e o Braga estão de olho em Brayan Medina. O defesa-central colombiano tem estado em destaque no Tondela.

Real Betis bate Mallorca com bis de Antony: eis os resultados do dia da La Liga

O Real Betis venceu o Mallorca por 3-0 para a jornada 11 da La Liga. Antony bisou com golos na primeira parte.

Aaron Ramsey dispensado do Pumas por se ausentar para procurar pelo seu cão desaparecido

Aaron Ramsey jogou apenas seis jogos pelo Pumas e foi dispensado após se ausentar para procurar pelo seu cão desaparecido.

PUB

Mais Artigos Populares

Changchun Yatai de Ricardo Soares despromovido na Liga Chinesa

O técnico português, Ricardo Soares, chegou a meio da temporada ao Changchun Yatai e não conseguiu evitar a despromoção.

Venceu o Mundial 2014, reformou-se aos 29 anos e dedica-se ao desportos radicais: «Quero beneficiar destes momentos difíceis»

André Schurrle, campeão mundial pela Alemanha em 2014, retirou-se aos 29 anos, e agora decidiu dedicar-se aos desportos radicais.

Christian Chivu reflete sobre a vitória do Inter Milão e elogia liderança de Lautaro Martínez: «Um exemplo para todos»

O técnico do Inter Milão, Cristian Chivu, falou sobre a vitória deste domingo frente ao Hellas Verona e elogiou Lautaro Martinez.