Força da Tática: O castelo encarnado não resistiu ao feiticeiro Marroquino

    Depois da derrota em Amesterdão, o SL Benfica procurava responder da mesma moeda, em Lisboa, para garantir três importantes pontos na luta pelo apuramento.

    Esperava-se, como no jogo anterior, um confronto equilibrado e foi a isso mesmo que assistimos. Um equilíbrio que conduziu à divisão de pontos, que os encarnados não desejavam, mas que acabaram por merecer, por alguma falta de audácia nos momentos chave.

    Rui Vitória montou um 4-1-4-1 muito organizado e disciplinado defensivamente, não concedendo grandes espaços entre linhas, abdicando da capacidade ofensiva que necessitava para vencer o jogo.

    Erik ten Hag, apresentou o mesmo onze que fez alinhar em Munique, com alguns ajustes interessantes, contudo sem o mesmo efeito pela disciplina e anulação dos espaços entre linhas do Benfica.

    SL Benfica | Castelo encarnado a lutar pelo seu comandante

    Todos sabemos que as vozes de contestação, em volta de Rui Vitória, têm subido de tom nas últimas semanas, assim o treinador português entrava para este jogo em uma situação que não era propriamente a ideal, na sua relação com os adeptos.

    Os primeiros momentos do jogo viram um Benfica particularmente agressivo, quando não tinha a posse da bola, pressionando em 4-1-4-1, com Fejsa e Jonas entre as duas linhas de quatro.

    A dupla Grimaldo-Cervi foi particularmente importante nestes momentos de pressão da construção holandesa. Quando o argentino se juntava a Jonas (com uma trajetória que obrigava o central a jogar dentro), na pressão aos centrais, o espanhol ocupava o espaço que Cervi tinha deixado e encostava-se em Mazraoui, acompanhado o marroquino, no limite, até zonas interiores (que já vou falar mais à frente).

    Fonte: V8 Live

    Também Gabriel e Gedson não tiveram problemas em ocupar posições agressivas, bem dentro do meio campo holandês, o que explica a opção de Rui Vitória por colocar Pizzi no banco dos suplentes, já tanto Gabriel como Gedson, apresentam a disponibilidade para fazer “piscinas”, ao contrário de Pizzi.

    Esta abordagem foi particularmente eficaz, na medida em que obrigava De Jong a baixar em demasia e afastava a primeira linha de construção do Ajax (De Ligt – Blind – Jong) do resto da equipa, particularmente de Tadic.

    Fonte: V8 Live

    Assim, em vez de jogadores como Tadic/Beek/Ziyech tocarem na bola, era cada vez mais Onana a fazê-lo. E o Benfica acabou por chegar ao golo, com mérito, pela forma estruturada e organizada como pressionou o AFC Ajax.

    AFC Ajax | A falta de harmonia, pelos demasiados jogadores alocados à construção

    Como falei no ponto anterior, a abordagem do Benfica foi muito eficaz, na medida em que obrigava De Jong a baixar em demasia e afastava a primeira linha de construção do Ajax (De Ligt – Blind – Jong) do resto da equipa e em concreto de Tadic.

    Como vimos em Munique, Tadic na posição de ponta de lança procura através da sua mobilidade e flutuações, criar superioridade juntos dos médios adversários e receber bolas nos espaços entre linhas, no corredor central. Frente ao Benfica, pela boa organização encarnada, não o conseguiu fazer.

    O comportamento dos laterais, que garantem a largura, permite aos dois homens médios ofensivos (ontem Ziyech e Neres) flutuar para posições interiores, espaços onde são tremendamente efetivos, já que as suas ações (pela proximidade à baliza adversária) deixam a equipa sempre mais perto do golo. Ontem, os níveis de agressividade do Benfica quando o Ajax pretendia ter bola no corredor central levaram a melhor e os holandeses tiveram muitas dificuldades.

    Fonte: V8 Live

    Quando o Benfica abriu o marcador, encurtou ainda mais as linhas, baixou ligeiramente e o Ajax teve muitas dificuldades em posse de bola, pela quantidade excessiva de jogadores que alocava à fase de construção, pela inferioridade que tinha no meio campo e por ter demasiados jogadores no corredor central.

    Fonte: V8 Live

    Momento Chave | O Feiticeiro Marroquino

    As lesões de Jonas e Salvio prejudicaram a capacidade ofensiva do Benfica, algo que foi bem evidente depois do Ajax ter chegado ao golo do empate.

    Esse empate surgiu depois de um momento de brilhantismo de Ziyech, que baixou até zonas bem recuadas para colocar, com um passe excecional, Tadic na cara do golo. Vemos como a equipa cria o espaço onde o marroquino vai receber a bola no timing perfeito. Jardel ainda dá ideia de acompanhar o movimento, mas fica relutante em abondar a sua zona, deixando assim Cervi em uma posição de inferioridade numérica.

    Fonte: V8

    Depois do golo holandês, e até ao final do jogo, o Benfica teve apenas 40% de posse de bola. E apenas conseguiu incomodar Onana, na procura do golo que precisava, no período de descontos, com mais coração que outra coisa.

     

     

    Foto de Capa: AFC Ajax

     

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.