Força da Tática: Uma melodia Riverside

    O Borussia Dortmund foi ao Veltins-Arena vencer o eterno rival, Fußball-Club Gelsenkirchen-Schalke 04. Esta vitória em Gelsenkirchen, permite à equipa de Lucien Favre chegar aos 36 pontos na Bundesliga, mantendo a vantagem de nove para o FC Bayern Munique (3º lugar). Domenico Tedesco continua a ter uma época difícil ao comando do Schalke, ocupando o 13º lugar com mais cinco pontos que o último classificado.

    Abordagem Domenico Tedesco | Congestionar o duplo-pivot adversário

    Um dos jogos mais interessantes de estudar esta época foi o Club Atlético Madrid vs Borussia Dortmund, em Espanha, para a Liga dos Campeões. Nessa vitória Colchonera por duas bolas a zero, o Atlético conseguiu reduzir o impacto e influência de Reus no jogo e anular a capacidade de Witsel e Delaney ditarem os ritmos e iniciar a fase ofensiva desde posições recuadas.

    Para Tedesco, baseando-se na “fórmula” Simeone, era importante congestionar o corredor central, acreditando que ao ter superioridade no meio campo, Reus ia ser forçado a baixar demasiado no campo para participar nos momentos de construção.

    Fonte: Sky Sports

    O Schalke apresentou um sistema 4-3-1-2, com Bentaleb nas costas dos dois avançados: Burgstaller e McKennie. No meio campo em losango, para além de Bentaleb, alinharam também Rudy (médio mais recuado), Harit e Schopf. Na defesa a quatro não houve lugar para Naldo, sendo a dupla de centrais composta por Nastasic e Sané.

    Abordagem Lucien Favre | Um sistema sem surpresas

    Lucien Favre, ao contrário de Tedesco, não realizou alterações significativas ao seu sistema habitual. Para o 4-2-3-1 entraram apenas Akanji, pela lesão de Zagadou, e Alcácer. Larsen continua a ser aposta no lado esquerdo, na frente do lateral Hakimi, relegando para o banco de suplentes Guerreiro e Pulisic.

    Hakimi e Piszczek, os laterais, tiveram um papel especialmente importante no jogo, na forma como o Borussia resistiu e acabou por quebrar o esquema de pressão do Schalke.

    Organização Defensiva Schalke 04 | Os estímulos para pressionar

    O 4-3-1-2, 4-4-2 losango, como gostarem de chamar, do Schalke era um sistema coeso e compacto horizontalmente. Caso a bola estivesse, como em baixo, no corredor esquerdo do Schalke, o médio interior do lado oposto (Schopf) fechava dentro, procurando dar equilíbrio à equipa.

    No início de construção do Dortmund, os dois homens mais adiantados do Schalke aproximava-se dos dois defesas centrais com o objetivo de impedir o passe interior para o duplo pivot, forçado o passe para os defesas laterais, que eram deixados livres.  Assim que a bola chegava a um destes jogadores, o avançado do lado da bola e o médio interior saíam em velocidade para pressionar e encurtar o espaço. Aí sim, o objetivo era ganhar a posse de bola.

    Fonte: Sky Sports

    O facto de serem os médios interiores a pressionarem os defesas laterais do Dortmund em conjugação com o inteligente trabalho sem bola do duplo pivot do adversário, impossibilitou o Schalke de ganhar as tais bolas dentro do meio campo defensivo do Borussia. Isto porque Hakimi e Piszcek tinham sempre um intervalo de tempo confortável (para o nível que estamos a falar) até sofrerem a pressão do adversário, e tinham a possibilidade de manipular o momento (a velocidade com que encurtavam) do homem que os vinha pressionar a seu favor. Desta forma não perdiam a posse da bola e até conseguiam encontrar linhas de passe interiores para os respetivos média ala, que baixavam no espaço deixado livre pelo jogador do Schalke que os estava a pressionar. Como podemos ver:


    Fonte: Sky Sports

    E foi assim que o Borussia ia conseguindo, ao mesmo tempo que desgastava, ultrapassar as primeiras linhas de pressão do Schalke.

    O desgaste foi parte fundamental do jogo e da forma como Favre sabotou a estratégia de Tedesco. Depois do golo de Delaney, Witsel ia baixando entre os dois defesas centrais, criando superioridade numérica frente aos ponta de lança adversário. Esta superioridade permitiu ao Borussia circular a bola de um corredor ao outro, desgastando a compacta equipa adversária que era obrigada a grandes deslocamentos.

    Fonte: Sky Sports

    Falta de largura em Organização Ofensiva

    Este foi o grande problema da equipa de Domenico Tedesco. Naturalmente que as baixas no plantel, que forçaram o treinador a usar um médio a ponta de lança (McKennie) também não ajudaram. Apesar disso, havia uma grande sobreposição de jogadores do Schalke no corredor central, o que permitia ao Dortmund com um jogador marcar dois adversários. Bentaleb baixava em demasia para as zonas de Rudy, dificultando a progressão da bola, McKennie e Burgstaller demasiado próximos no centro do ataque.

    Fonte: Sky Sports

    Assim, os defesas laterais do Borussia podiam se manter confortavelmente junto dos respetivos defesas centrais, criando uma equipa compacta horizontalmente. Adicionalmente ninguém trabalhava e procurava explorar o lado cego da linha média do Borussia.

    Concluindo, o Schalke nunca conseguiu esticar horizontalmente o adversário, pela falta de largura em Organização Ofensiva, e foi incapaz de romper e penetrar a linha média do Borussia, pela má ocupação dos espaços (demasiados próximos), falta de exploração do lado cego de Witsel-Delaney e poucos movimentos de rotura (com exceção de Harit).

    Segunda parte | Uma resposta limitada ao nível de ATP

    As alterações que Tedesco realizou, particularmente a entrada de Serdar para o lugar de Bentaleb. Adicionalmente os médios interiores começaram a flutuar cada vez mais para zonas exteriores, a equipa era mais larga em Organização Ofensiva e acabou mesmo por chegar ao golo em resultado de um cruzamento no corredor esquerdo.

    Uma postura que permitiu chegar ao golo, mas que obrigou a equipa a gastar a pouca energia que ainda tinha. Isto contribui para um Schalke menos intenso na pressão e uma estrutura menos coesa. O médio defensivo Rudy era forçado a cobrir grandes quantidades de terreno, desprotegendo a sua linha defensiva. Estavam reunidas as condições para Sancho, Reus e companhia acelerarem com bola e usaram a sua qualidade individual.

    Vitória justa, muito fruta da qualidade individual dos jogadores do Borussia, onde foram evidentes as dificuldades do Schalke em criar ocasiões de verdadeiro perigo de forma consistente.

    Foto de capa: Borussia Dortmund

    Revisto por: Jorge Neves

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.