Ezequiel Marcelo Garay González foi um dos jogadores que mais prazer me deu ver jogar pelo Sport Lisboa e Benfica. O argentino, natural de Rosário, chegou à Europa em 2005 e desde então que se tem afirmado como um central de topo no panorama mundial do futebol.
A vinda do argentino para a Luz, a troco da módica quantia de 10 milhões de euros, foi uma das movimentações improváveis do mercado de verão de 2011, visto que o defesa central, à época com 25 anos, se encontrava no Real Madrid CF e era um jogador com alguma rotação no plantel principal dos “merengues”.
No entanto, sem perspetivas de se tornar numa aposta regular em Madrid, Garay fez as malas e mudou-se para Lisboa onde, ao serviço dos encarnados, jogou, provavelmente, o melhor futebol da sua carreira. O jovem defesa central encontrava no SL Benfica uma boa opção para jogar regularmente num cenário competitivo interessante, em que lhe era permitido disputar as competições europeias.
Assim, o argentino podia sonhar com um lugar na seleção albiceleste. De resto, foi durante a sua passagem nas “águias” que o conseguiu fazer, tendo disputado os jogos de qualificação e ido, efetivamente, ao Mundial de 2014 no Brasil.
Com um jogo aéreo fortíssimo, velocidade de raciocínio e leitura de jogo acima da média e um enorme à vontade e qualidade a construir jogo, Garay depressa conquistou lugar no onze titular dos encarnados, formando com Luisão uma das melhores duplas da Europa.
O reflexo disso foi a caminhada europeia dos encarnados nesse período de tempo, ao chegar por duas vezes consecutivas à final da Liga Europa. As “águias” não tremiam defensivamente independentemente do adversário, muito por culpa da dupla Luisão-Garay.
A vinda de Garay veio revolucionar o paradigma de centrais do Benfica. Foi o primeiro grande “central moderno” que o Benfica teve no que a construir jogo diz respeito – não, não me estou a esquecer de David Luiz, mas o brasileiro não tem a capacidade de construção que o argentino apresenta -, pelo que tornou claro a importância de ter defesas que se sintam confortáveis com a bola nos pés de modo a libertar outros jogadores da primeira fase de construção do jogo.
Queria também deixar uma palavra de apoio ao Garay, que, como é conhecido, se encontra infetado com COVID-19. É apenas mais um adversário que te tenta driblar, mas que tenho a convicção de que vais conseguir desarmar com um daqueles cortes maravilhosos a que nos habituaste. Força, campeão!
Foto de capa: SL Benfica