Jogadores que Admiro #7 – Javier Zanetti

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    Zanetti é talvez o jogador que mais admiro no futebol, a par de Paul Scholes. E porquê? Porque, com 40 anos (feitos a 10 de Agosto), ainda corre como “miúdos” de 20. É um líder-nato e joga cada partida como se fosse a última da sua carreira.

    É um versátil jogador que actua preferencialmente a lateral direito. Mas já o vi jogar a central, médio defensivo, médio centro e até a interior, quando o Inter jogava numa espécie de losango, onde Zanetti e Cambiasso ocupavam as posições mais interiores do meio-campo. É um prazer ver este “menino” jogar. Faz lembrar quando estávamos na escola e tocava para sair: corríamos todos em direcção ao campo, as equipas já estavam feitas do dia anterior e só queríamos divertir-nos… É isso que Javier faz: diverte-se a jogar futebol e diverte o público que o vê!

    Penso que falar em palmarés é totalmente dispensável, embora deva dizer que o ponto alto da sua carreira foi a vitória na Champions contra o Bayern de Munique, por 2-0, em que capitaneou a equipa (na altura de Mourinho, só podia…) numa grande vitória. Vê-lo segurar a taça foi algo emocionante, erguê-la com um orgulho do outro mundo, qual criança quando recebe algo que sempre quis. Se existiram momentos no futebol que fizeram vir as lágrimas aos olhos do telespectador, esse foi um deles…

    Zanetti pertence a uma “geração de ouro” da selecção argentina. Jogou com Batistuta, Crespo, Ayala, Aimar e Véron, assim como joga actualmente com Messi, Agüero, Tévez, Cambiasso e Dí Maria. São duas gerações totalmente distintas que só têm um elo de ligação: Zanetti. De referir também que é um jogador respeitado por tudo e por todos – ninguém pode apontar o dedo a qualquer atitude do jogador, é um Senhor do futebol.

    Embora não seja tecnicamente o jogador mais evoluído da sua equipa, é tacticamente um dos melhores do mundo (a experiência também pesa). Adequa-se perfeitamente a qualquer sistema de jogo: desde o 1-4-(1+2+1)-2 – ou 1-4-4-2 losango – , passando pelo género de 1-4-3-3 de Mourinho e terminando no actual sistema habitual do Inter, 1-3-5-2. Nunca vemos o seu lado descompensado, assim como podemos observar que a maioria dos golos das outras equipas nasce em zonas onde Zanetti não está. Coincidência? Pois…

    Se defensivamente é perfeito, a atacar também não fica atrás. Não tem medo de ter a bola nos pés e gosta de assumir o jogo em momentos chave. Convém dizer que não é um Roberto Carlos a nível técnico, nem sequer um Marcelo, mas tem a “técnica q.b.” para as suas funções. É o típico lateral que ganha a linha e cruza a bola direitinha para os colegas. Daqueles pés só sai poesia. E se tiver de bater? Bate. Se tiver de levar um vermelho para parar um contra ataque, em prol da equipa, leva…

    Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com
    Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com

    Com a idade, embora continue a ser uma autêntica “motinha” nos flancos, começou a “proteger-se” e já não se aventura a subir tantas vezes no terreno, isto é, procura ser mais um jogador de equilíbrios e compensações tácticas. Num dos poucos jogos que vi o Inter fazer no pós-Mourinho e antes da lesão de Zanetti, pude observar que quase sempre Álvaro Pereira subia no terreno e Zanetti baixava e juntava aos três centrais (fazendo assim uma linha de 4 defesas quando assumidamente jogam com 3), permitindo à equipa uma maior consistência defensiva e uma segurança muito maiores em caso de contra-ataque.

    Não existem palavras que realmente possam descrever a magia de Zanetti, uma magia que não é a de Aimar, Messi, Rui Costa, Figo ou Ronaldo… É mais uma magia do estilo Paul Scholes, Giggs, Beckenbauer, Roy Keane ou Ambrosini. São os chamados de “carregadores de piano”, que permitem depois a alguém que tenha mãos o possa tocar em condições, passe-se a analogia futebol-musica!

    Numa palavra descrever Javier? Classe. Acrescento: muita classe!

    Um dia poderei, orgulhosamente, dizer aos meus filhos e netos que vi jogar uma panóplia de enormes futebolistas, mas, se me perguntarem quais aqueles que mais me emocionaram ao ver jogar, responderei: Ronaldo “Fenómeno”, Paul Scholes e… Zanetti. É uma estranha paixão esta que nutro pelo futebol dele e não consigo transmitir por palavras aquilo que é olhar para a história deste senhor e ver o que passou. Ainda agora regressou de período de 6 meses de lesão devido a uma rotura do tendão de Aquiles, e quando todos pensavam que seria o momento de retirada, ele renovou e já voltou aos relvados por pelo menos mais uma época! Se isto não é amor ao futebol, o que é? Põe em risco o próprio bem-estar físico (uma rotura aos 40 anos não é igual a uma aos 25) porque não consegue dizer “basta!”, prefere continuar a fazer aquilo que lhe dá real prazer: 22 jogadores, 3 árbitros e 50 mil espectadores: a arte do futebol!

    Convém também lembrar que Mourinho disse que Zanetti é um dos seus “eternos jogadores”, tal como Drogba, Lampard ou Ricardo Carvalho.

    Espero que ainda o vejamos jogar por muitos anos e que seja o jogador profissional mais velho do planeta!
    Em jeito de final, e de forma muito pessoal, obrigado, Javier Zanetti, por teres sido um dos responsáveis por eu me tornar um “football’aholic”!

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