Jogadores que Admiro #4 – Juan Román Riquelme

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    Na minha visão do futebol, a posição 10 é única; é talento no seu estado puro. Não é qualquer um que é capaz de a desempenhar. Um jogador que actue como playmaker tem de ser o elo de ligação entre o meio campo e a linha de ataque, pisando terrenos entre o meio-campo e a defesa da equipa contrária. A criatividade e a qualidade técnica são, por isso, indispensáveis. Infelizmente, as exigências tácticas do futebol actual estão a condenar este tipo de jogadores – os treinadores optam por dar preferência aos box-to-box, elementos mais completos. Na minha opinião, é tirar um pouco da beleza do futebol.

    “Yo en la cancha veo todo”. Quem o diz é Juan Román Riquelme, um dos últimos grandes 10 do futebol mundial e um dos jogadores com mais classe que vi jogar. Um predestinado, um craque que coloca a bola onde coloca o olhar. “El Señor Fútbol”, como é conhecido, goza de um prestígio ímpar na América do Sul. Na Argentina, o 10, quase sempre o melhor jogador da equipa (entretanto, em Portugal vamos vendo Rúben Amorim com a camisola 10…), é chamado de “enganche” e ficou especialmente célebre desde os tempos de Maradona. Riquelme, enquanto representou a selecção argentina, foi dono e senhor dessa camisola, mesmo jogando ao lado de nomes como Messi ou Aimar. Já ao serviço do Boca Juniors, seu clube do coração e onde é uma autêntica lenda, venceu 3 Libertadores, 1 Taça Intercontinental e 5 campeonatos, tendo um papel preponderante em todos os títulos. A nível individual, foi considerado o melhor jogador argentino do ano por 4 vezes, sendo apenas superado por Messi.

    Juan Román Riquelme / Fonte: ronaldo7.net
    Juan Román Riquelme / Fonte: ronaldo7.net

    Apesar da sua qualidade fora do normal, o médio não vingou na Europa, pelo menos da forma que se esperava. O seu percurso no Barcelona ficou marcado pela difícil relação com Van Gaal. O holandês, para além de lhe dar poucos minutos, ainda o colocava descaído sobre um flanco, onde o seu estilo de jogo perde influência. A mudança para o Villarreal (na altura uma equipa modesta) acabou por dar um novo rumo à carreira de Riquelme. Na sua melhor época, conduziu o “Submarino Amarelo” às meias-finais da Champions e à melhor classificação de sempre na Liga Espanhola. Depois de uma temporada de sucesso, o seu rendimento baixou significativamente nos anos seguintes. O argentino acabaria por regressar ao Boca, acusado de não ter intensidade para o futebol europeu e de ser o típico 10 sul-americano. De facto, Riquelme não é propriamente rápido. Também não contribui muito nas tarefas defensivas. Mas o que dá ofensivamente compensa todas estas lacunas. Qualquer treinador que tenha à sua disposição um jogador deste nível tem de construir a equipa em torno dele. A sua presença em campo não “queima” os companheiros, bem pelo contrário.

    Riquelme ainda não terminou a carreira (por mim, podia durar para sempre). Aos 35 anos, continua a ser o coração da equipa do Boca, encantando a cada jogo todos os adeptos que se deslocam à Bombonera. No futebol, como em tudo na vida, há os que têm de trabalhar para chegar ao topo e os que têm um talento inato. Não tenho dúvidas de que Riquelme terá sido abençoado por um qualquer “Deus do futebol”. É um génio, e isso percebe-se a cada toque na bola.

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