Em pequeno sempre me disseram que as cenouras fazem bem à vista, e de facto houve uma cenoura que me fez bem à vista e me encantou enquanto pisou os relvados de futebol. Essa cenoura chama-se Paul Scholes.
Scholes, foi um médio que representou o Manchester United toda a sua carreira e foi um dos “boys” criados em Manchester por Sir Alex Ferguson, juntamente com outros craques, como David Beckham, Ryan Giggs, Nicky Butt e os irmãos Neville.
Pode-se explicar a carreira de Scholes, primeiramente por ter um tutor como Sir Alex Ferguson. O escocês lançou muito dos grandes jogadores britânicos na Premier League e Scholes não fugiu à regra.
Depois, crescer num grupo de enorme qualidade e que ao longo dos anos conquistou praticamente tudo o que havia para conquistar a nível de clubes pelo Manchester United, mostram toda a dimensão do que era a escola preconizada por Sir Alex Ferguson, basta ver que actualmente os jovens que são lançados actualmente em Old Trafford não têm nem a mística nem um tutor que os faça elevar de patamar competitivo.
Foi neste contexto que a carreira de Scholes se notabilizou. Inicialmente Scholes jogava como um Second Striker, um segundo avançado, o que ajuda a explicar o elevado número de golos na sua carreira.
Com o avançar da carreira, Scholes foi decaindo no terreno até se tornar um médio centro de eleição com visão apurada de jogo, grande sentido táctico, e nuances mentais do jogo que juntamente com os seus atributos físicos e técnicos, fizeram dele um dos melhores médios da sua geração.
Ele não é o típico jogador inglês, é muito mais que isso, a sua qualidade extravasa para além dos campos da Premier League. Podia colocar Scholes a jogar no Barcelona que encaixaria como uma luva. Inteligência a jogar, qualidade quer no passe curto, quer no passe longo, são atributos essenciais para se jogar nos blaugrana e que Scholes tinha de sobejo.
Mas tal como jogaria no Barcelona, também colocaria Scholes a jogar noutra equipa de topo da Europa sem problema.

Não é exagerada a minha observação, pese embora o seu reconhecimento individual não ter sido espelhado em títulos internacionais. Nada que fizesse o seu desempenho baixar, o reconhecimento que tinha dos colegas, adversários e adeptos é melhor que qualquer bola ou bota forrada a ouro!
Querem mais uma prova de que este cenourinha era um senhor? Muito bem.
A 31 de maio de 2011, Scholes anunciou a sua retirada do futebol para uma bem merecida reforma.
Mas como vimos muitas vezes nos filmes de Rambo, quando o Coronel Trautman vai buscar o seu melhor soldado à paz da sua reforma para ajudar nos seus intentos da guerra, com Scholes passou-se o mesmo.
Ferguson, qual Trautman, num momento de aflição que o seu plantel atravessava fruto de uma grave crise de lesões, decide falar com o ex-número 18 para o ajudar numa última batalha, Scholes nem hesitou em dar uma ajuda à pessoa que o levou a ser o jogador que foi e ingressou na equipa em Janeiro. E tal como Rambo, Scholes acabou por ser o herói da equipa ao marcar no seu jogo de estreia após ter vindo da reforma e logo perante os rivais de Manchester, num jogo da taça de Inglaterra!
Uma história que só podia ter terminado com um final feliz pois no final dessa época o Man Utd sagrar-se-ia campeão inglês.
Agora, um pequeno exercício para vocês, imaginem um jogador de topo que escolheriam para cada atributo que vou mencionar. Capacidade de desarme, tabelinhas e passes a lateralizar, transição com bola, remate fora de área, cabeceamento e finalização dentro de área.
Pois bem, para todos estes atributos escolhia apenas UM jogador, Paul Scholes!
Tem todos estes atributos, o que o coloca no patamar de Lenda!!
Olhem para este palmarés e vejam se não é digno de uma lenda:
Premier League: 1995–96, 1996–97, 1998–99, 1999–00, 2000–01, 2002–03, 2006–07, 2007–08, 2008–09, 2010–11 e 2012–13
Champions League: 1998–99 e 2007–08
Mundial de Clubes da FIFA: 2008
Taça Intercontinental: 1999
Taça da Inglaterra: 1996, 1999 e 2004
Taça da Liga Inglesa: 2006 e 2009
Supertaça de Inglaterra: 1994, 1996, 1997, 2003, 2007, 2008 e 2010
No total foram 718 jogos, 155 golos e 75 assistências, só em Manchester, já na seleção o pecúlio foi menor mas não menos impactante, 66 jogos, 14 golos e nove assistências.
Podia ser Ronaldo? Podia.
Podia ser Pirlo? Podia
Podia ser Zidane? Podia
Mas é Scholes quem escolhi para meu ídolo, pois sempre me disseram que as cenouras fazem bem à vista!
Foto de Capa: Premier League
Artigo revisto por Diogo Teixeira