O Passado Também Chuta: Sport Lisboa e Benfica

o passado tambem chuta

Se nos referimos aos inícios do Sport Lisboa e Benfica, tropeçamos com verdades e mitos, lendas próprias da germinação de um desporto importado, recente e no qual os Ingleses ditavam a lei do chuto. O curioso e fantástico desta época (fins do século XIX e princípios do século XX) são os propósitos e os comportamentos. A rivalidade era diferente do que hoje vemos, com olhos de espanto, pelos campos de futebol. Imperava a lógica curiosidade e utopia por um entretenimento novo, e a amizade entre os diferentes clubes era mais comum. Eram pioneiros e todos navegavam na mesma aventura. Eram desportivos.

As datas da fundação real dos clubes, e do Benfica também, oscilam e sofrem diferentes interpretações. No caso do Benfica inclino-me pela data da fusão entre dois clubes. Curiosamente, apesar da fama de ser o clube da arraia-miúda, o Benfica tem na sua metamorfose um nobre e um senhor nobre residente em Belém. Chamava-se Pedro Augusto Franco e era o Conde do Restelo desde o ano de 1877, no reinado de D. Luís. Era um homem abastado, executivo da Caixa Geral de Depósitos e proprietário da Farmácia Franco, onde se realizaram reuniões fundacionais, tanto do Sport Lisboa, clube do Restelo e um dos que se fundiram, como do Sport Lisboa e Benfica. Mas é neste momento que chega o curioso e a verdadeira osmose social que está na origem do Clube da Luz: entre os fundadores estão membros da Casa Pia. Na fundação do Sport Lisboa e Benfica estão presentes os nascidos em berço de ouro e os deserdados da fortuna.

No Campo de Sete Rios 1913-17
No Campo de Sete Rios 1913-17

Sobre o início existe também a dúvida sobre uma personalidade que foi, sem dúvida, importante, mas que carece de documentação fiável. Trata-se de Cosme Damião. Cosme Damião caracterizou-se como um grande impulsionador do Benfica, mas a sua participação na fundação do Sport Lisboa carece de documentação. Os documentos rezam outros nomes; falam de Manuel Goularde, José Rosa Rodriguez e Daniel Santos Brito. Em 1907, realmente, aparece Cosme Damião com grande empenho depois do rife-rafe provocado pelo facto de o Sporting roubar oito jogadores ao Sport Lisboa. O pânico entrou em cena. E é nesta altura que começam a reunir-se os membros do Sport Lisboa e o Grupo Sport e Benfica; é nesta altura que a pujança de Cosme Damião se faz notar. Foi sem dúvida um homem determinante na fusão que provocou a aparição do Sport Lisboa e Benfica em 1908.

O Benfica encrusta no seu emblema a águia. Encrusta-a como símbolo da glória e pelas metamorfoses que a águia vive até voar e ser adulta. É um crescimento de esforço e sobrevivência, mas só assim alcança a glória de percorrer os céus. O atentado a D. Carlos cometido pelo Buíça foi seu aliado à hora de conseguir uma bela sede com bilhar incluído. O Grupo Sport e Benfica apanhou a sede do escorraçado Partido Regenerador Liberal, possivelmente pelo facto de vários membros do partido serem sócios ou simpatizantes do Grupo Sport e Benfica. Ao acontecer a fusão entre o Sport Lisboa e o Sport e Benfica, o novo clube começou a desfrutar de excelentes instalações.

Mas o Benfica nasce e gera uma mística especial, que o transforma através dos tempos no clube com mais simpatizantes de Portugal. Nasce para a glória e para a mística ao ter, unicamente, jogadores portugueses. E nasce para a simpatia ao herdar do Sport e Lisboa a vitória sobre o Carcavelos em 1907. Este clube levava quase uma década sem perder e era formado só por ingleses. Já como Sport Lisboa e Benfica, a simpatia nacional cresceu pela vitória nos anos 30, nos primeiros campeonatos nacionais. O Sport e Benfica trazia consigo, também, a mística do ciclismo e esta junção de modalidades provocou o fenómeno nacional e internacional que hoje é.

O primeiro Presidente do Conselho Fiscal foi o Conde do Restelo, e o primeiro Presidente chamava-se João José Pires. Depois da metamorfose, nasceu em 1908 um mito e uma lenda que motiva, alegra e entristece muitas almas em Portugal. Além dos triunfos em Portugal ou no estrangeiro (como as duas Taças Latinas que fizeram, muito cedo, do Benfica um clube internacional) o Benfica é como um milagre de mística e determinação. Talvez seja por isso que o seu Estádio também é conhecido pelo Inferno da Luz.

José Luís Montero
José Luís Montero
Poeta de profissão, José simpatiza com o Oriental e com o Sangalhos.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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