Que jogos devo rever nesta Quarentena? Portugal 3-2 Inglaterra do Euro 2000

    Vivemos tempos muito difíceis e enfrentamos uma situação de alerta mundial sem precedentes. Cada dia com saúde é uma dádiva mas a sombra do contágio, nosso ou daqueles de quem gostamos, paira sobre nós incessantemente.

    Em tempos sombrios como este, o Bola na Rede decidiu trazer algo de positivo para o dia-a-dia dos leitores, que possa trazer esperança e luz à escuridão que nos engoliu. Não pretendemos com isto que se esqueça ou que se finja que não se passa nada, mas antes que se traga alguma esperança e otimismo a um ambiente demasiado (ainda que justificadamente) negativo.

    Relembro neste artigo um dos jogos mais extraordinários da história do nosso futebol. E, por que não dizê-lo, do futebol mundial. Estamos no dia 12 de junho de 2000, uma segunda-feira que poderia ser igual a tantas outras do calendário, mas que se tornou numa segunda-feira histórica porque Portugal esteve a perder por 2-0 aos 18’ mas acabou a vencer a Inglaterra por 3-2, entrando com o pé direito no Euro 2000.

    A seleção portuguesa foi sorteada para o chamado “grupo da morte”, com as temíveis Inglaterra e Alemanha, assim como a não tão temível Roménia. Ironia das ironias, acabaram por ser portugueses e romenos a seguir para os quartos-de-final da competição, deixando pelo caminho dois colossos do futebol mundial. Mas estamos a adiantar-nos na história.

    Inglaterra e Portugal enfrentaram-se no Philips Stadion em Eindhoven e os ingleses entraram a todo o gás. Aos 18 minutos, a Inglaterra já vencia por 2-0 com golos de Paul Scholes e Steve McManaman. Ambos os golos surgem de cruzamentos teleguiados de David Beckham do lado direito do ataque inglês, que apanham desprevenido um Portugal algo adormecido.

    Mas a verdade é que a seleção não se vai abaixo e começa calmamente a chegar à frente e a controlar o jogo. Jogadores como Figo, Rui Costa, João Pinto ou Nuno Gomes chegam a este Campeonato da Europa em grande momento de forma, pelo que é inevitável a remontada portuguesa neste final de tarde em Eindhoven.

    Apenas quatro minutos depois de sofrer o segundo golo, Portugal volta ao jogo com um golo, e que golo, de Luís Figo. Servido por Rui Costa, o 7 português galga uma boa distância e, a cerca de 35 metros, envia um míssil com selo de golo que entra mesmo ao ângulo da baliza de David Seaman. A magnitude do golo de Figo é visível na reação do guarda-redes inglês ao seu remate: Seaman fica pregado ao chão, controlando apenas com o olhar a trajetória da bola desde que sai do pé do nosso craque e entra onde a coruja faz o ninho. É caso para dizer que o guarda-redes da Inglaterra teve visão privilegiada para o primeiro golo de Portugal.

    Luís Figo fez o primeiro golo de Portugal frente à Inglaterra
    Fonte: FPF

    O empate chega ainda antes do intervalo, num golo extraordinário de João Pinto. Na minha opinião, o melhor golo de cabeça que já vi. Tudo começa numa troca de bola paciente de Portugal no meio-campo da Inglaterra, à espera de uma brecha no muro defensivo adversário. Rui Costa acaba por ver essa oportunidade quando recebe descaído para a direita e centra a meia altura para a grande área. João Pinto surge de rompante e, num gesto técnico fabuloso, põe a cabeça onde Sol Campbell põe o joelho e cabeceia certeiro, com a bola a embater no poste antes de fazer a rede balançar.

    Na segunda parte, é uma questão de tempo até Portugal passar para a frente do resultado. Os ingleses estão emocionalmente derrotados e Portugal transpira confiança pela recuperação que faz. Aos 59’, Rui Costa, que está na génese dos três golos de Portugal, recebe no meio e rasga a defesa inglesa com um passe de morte para Nuno Gomes. O 21 faz a receção orientada e dispara cruzado, estreando-se a marcar pela Seleção e colocando o placar em 3-2 a favor de Portugal.

    Que este exemplo de superação, esperança e acreditar nos possa inspirar a ser a nação valente e imortal que cantamos no nosso hino nacional. Esta vitória foi fruto do trabalho e do esforço coletivo de todas as individualidades. Espero que recordar este jogo possa trazer alegria, por um lado, mas também que inspire cada um de nós a fazer a sua parte para vencermos este vírus. A fórmula, esta equipa do Euro 2000 já nos mostrou: o coletivo trabalhar para o objetivo comum, na soma do contributo de todas as individualidades. Ou seja, o país como um todo respeitar as diretrizes das entidades competentes e isso passa pelo contributo individual de cada cidadão. Haja bom senso nestes tempos difíceis mas ânimo também.

    “The night is darker before the dawn. And I promise you, the dawn is coming.” (Harvey Dent em The Dark Knight).

    Artigo revisto por Diogo Teixeira

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