Mais uma convocatória da principal selecção nacional portuguesa e novamente surpreende que, num país com tão poucas referências ofensivas de excelência, se continue a ignorar os poucos goleadores lusos que vão demonstrando, semana após semana, que poderiam ser a chave para pelo menos minimizar as enormes lacunas que a “Equipa das Quinas” tem sofrido na posição “nove” nos tempos mais recentes da sua história. Um desses exemplos, lembre-se, é Bruno Moreira, que, aos 28 anos, parece viver o auge das suas capacidades, somando 18 golos no Paços de Ferreira, isto depois de já ter facturado por 14 ocasiões na temporada anterior.
Quanto ao outro, trata-se daquele que considero o jogador que mais mereceria ser o ponta de lança da selecção nacional no próximo Europeu: Hugo Vieira, do Estrela Vermelha de Belgrado. Afinal, aos 27 anos, após ser vítima de algumas más escolhas na carreira e, acima de tudo, da dor resultante do desaparecimento precoce da companheira, Hugo Vieira vive um excelente momento de forma, assumindo-se de pleno direito como a principal referência ofensiva do histórico clube sérvio, onde é um verdadeiro ídolo de uma fanática e muito numerosa massa adepta.
Salto para a ribalta em Barcelos
Hugo Filipe da Costa Vieira nasceu a 25 de Julho de 1988 em Galegos e iniciou a sua carreira num modesto clube local, mais concretamente, o Santa Maria, onde permaneceu durante a fase mais embrionária do seu percurso. Pelo meio, ainda assim, viveu experiências nos franceses do Bordéus e no Estoril-Praia, dois emblemas que representou ainda antes dos 20 anos de idade e onde falhou a adaptação, não se conseguindo impor. O grito do Ipiranga do atacante surgiria no seguimento da passagem pelos canarinhos, em 2008/09, quando, na primeira divisão distrital de Braga, ao serviço do Santa Maria, apontou 48 golos, números que contribuíram decisivamente para a subida desse emblema aos campeonatos nacionais e que valeram a Hugo Vieira o salto para o Gil Vicente. Nesse emblema de Barcelos, e depois de uma temporada de adaptação (14 jogos, três golos), o móvel ponta de lança daria os primeiros passos rumo à ribalta em 2010/11, com 12 golos em 28 jogos. E esse percurso ascendente conheceria o seu primeiro ponto alto na época seguinte, que marcou o regresso do Gil Vicente ao principal escalão do futebol português, quando Hugo Vieira facturou por sete vezes em 33 jogos oficiais.