Embora não estejamos aqui para falar disso, há que referenciar que um dos campeonatos mais pobres dos últimos anos terminou e, depois do 11 revelação da primeira metade da época em Portugal, apresento, no mesmo formato, o 11 revelação para a segunda metade da temporada, excluindo os “três grandes”.
Guarda Redes

Lukáš Horníček – É factual que esta temporada tivemos variadíssimos guarda-redes de alto nível a revelarem-se em Portugal, desde Tomas Vaclík no Boavista, que foi um dos responsáveis pela quase manutenção das Panteras e que apenas surpreendeu os mais desatentos, a Cezary Miszta no Rio Ave, passando por Kaique no Farense, que apenas agarrou o lugar neste final de temporada e chegando até Patrick Sequeira no Casa Pia.
No entanto, para mim, um dos grandes responsáveis pela estabilização do SC Braga na segunda metade da temporada e pela sucessão – diria upgrade até – estável de Matheus, foi Horníček.
Shot-stopper brutal, com pouquíssima tendência para o erro, confortável com bola e forte no controlo da profundidade. Na temporada, sofreu 17 golos em 24 encontros, na soma de todas as competições.
Defesa Direito

Diogo Travassos – Numa temporada em que o Estrela da Amadora usou 41 jogadores ao longo da temporada, Diogo Travassos foi um dos mais estáveis nas escolhas, com 26 encontros disputados e 20 titularidades, sendo quinto do clube nessa lista e tendo-se assumido como indiscutível, desde a saída de Danilo Veiga para o Lecce no mercado de inverno.
É um jogador versátil, que efetua movimentos por dentro ou à largura, tecnicamente refinado e com agressividade e sobriedade no plano defensivo. Ao que tudo indica, estando emprestado pelo Sporting, retornará a Alcochete em 2025/2026.
Defesa Central

Felix Bacher – Desde que entrou no onze inicial de Ian Cathro não mais saiu, jogando ora ao centro, ora no vértice esquerdo do tridente de centrais. É mais uma prova do trabalho de scouting do Estoril, tendo sido recrutado ao Tirol, uma equipa de meio da tabela da Bundesliga austríaca.
Apesar dos seus 190 centímetros, não é um defesa extremamente agressivo, atlético ou que se imponha fisicamente, privilegiando a inteligência, a leitura dos lances defensivos, posicionando-se bem para defender, sobretudo na defesa a cruzamentos. Destaca-se também pela forma como trata a bola, pela capacidade no passe a longas distâncias e pelos argumentos técnicos sob pressão.
Defesa Central

Sidoine Fogning – No meio de tantos jogadores chegados a Portugal e ao Bessa após terem sido retirados os banimentos, alguns com estatutos altos, como Van Ginkel ou Kurzawa, Fogning foi, sem margem para dúvidas, o que agrega melhor a relação rendimento-potencial.
Defesa central canhoto de 195 centímetros, camaronês, oriundo diretamente das distritais do Porto e, mais especificamente, do Coimbrões, provou que a qualidade está em todo o lado, sem exceção.
Para além da altura, é muito atlético, forte a defender, seja em espaços reduzidos, mas principalmente em espaços largos e também agrega com bola, conseguindo criar desequilíbrios através do passe ou da condução.
Defesa Esquerdo

Francisco Chissumba – Seguindo a tendência recente do SC Braga de lançar jovens da formação, sobretudo sob a alçada de Carlos Carvalhal, apareceu Chissumba na equipa principal, formado nos arsenalistas desde idade muito tenra, face a um fraco planeamento desportivo na posição e às lacunas de Adrián Marin e de Yuri Ribeiro, que, entretanto, já saiu para o Blackburn Rovers.
Não sendo um portento técnico e que, a meu ver, não tem um potencial altíssimo, tem aparecido bem na equipa principal, mostrando muita bravura, energia e agressividade em ambos os lados do campo.
Médio Defensivo

Mohamed Bamba – No seguimento da transferência de Mory Gbane para o Stade de Reims, chegou a Barcelos, do mesmo destino, o costa-marfinense, Mohamed Bamba, a custo zero, para fazer a mesma função que fazia o seu antecessor, como médio mais recuado que baixa para ajudar a defender a cinco.
Desde a chegada de César Peixoto ao Gil Vicente, tem sido um indiscutível, tendo apenas sido substituído em dois encontros dos onze que disputou.
É fisicamente imponente, forte nos duelos e muito forte nas coberturas defensivas.
Médio Defensivo

Djibril Soumaré – Na época de regresso do Nacional à Primeira Liga de Portugal, em que perdeu médios como Carlos Daniel e Vladan Danilovic, Tiago Margarido foi obrigado, com poucos recursos financeiros, a arranjar soluções para o setor intermédio, sobretudo a título de empréstimo, como Daniel Penha, Matheus Dias, Miguel Baeza e o próprio Djibril Soumaré.
O médio senegalês é mais um produto do recrutamento do SC Braga, tendo tido sucesso na equipa B e na equipa sub-23. À semelhança de Bamba, também efetua várias vezes o movimento de recuo para o setor defensivo, mas tem maior rendimento a jogar no miolo.
É um jogador muito completo, com força física, mas também com agilidade, forte na recuperação e nas coberturas, mas com capacidade de desdobramento ofensivo através da condução e, não sendo um organizador de jogo, tem capacidade ao nível do passe a várias distâncias.
Posto isto, e face a alguns problemas no meio-campo arsenalista, espero que faça parte do plantel 2025/2026.
Médio Centro

Mathias de Amorim – A saída de Zaydou Youssouf e a chegada de Hugo Oliveira para comandar a equipa obrigou o Famalicão a fazer mexidas e a reconstruir o meio-campo. Aí, até com Mirko Topić a perder algum espaço, foi aparecendo Mathias de Amorim.
Também é uma prova da prospeção de talento da turma famalicense além-fronteiras, tendo sido adquirido a um Bordéus que vive sérias dificuldades e aproveitando a sua dupla nacionalidade (francesa e portuguesa).
Variando entre ser segundo médio do meio-campo e o médio mais ofensivo do triângulo, já soma três internacionalizações sub-21 por Portugal e marcará presença no Europeu do próximo mês do mesmo escalão.
Avançado Móvel

Yanis Begraoui – Tal como o Famalicão, o Estoril também procura muito talento nas divisões inferiores francesas. Assim surgiu Begraoui em Portugal, oriundo do Pau FC, onde estava emprestado pelo Toulouse.
Foi, a par de Ricardo Horta e de Alejandro Marqués, o quinto melhor marcador do campeonato, com onze golos marcados, tendo feito várias funções no ataque, ora mais ao centro, ora como avançado interior a partir de uma das faixas.
É muito atlético, robusto fisicamente e mortífero no ataque às costas da defesa, em movimentos verticais ou diagonais. Tem técnica, é forte no um para um e conseguiu demonstrar imensa frieza ao serviço da equipa de Ian Cathro.
Ponta-de-lança
Yan Maranhão – Tem de nome Yan Lincon Farias de Sousa, no entanto é chamado de Yan Maranhão, dada a sua origem do estado brasileiro do Maranhão.
Tal como Fogning, também é oriundo das divisões inferiores do futebol português, tendo saltado diretamente da Liga 3, do Anadia – tendo chegado esta temporada do União Rondonópolis -, para a Primeira Liga, para representar o Moreirense.
Na turma de Cristiano Bacci, que, entretanto, já não é o treinador dos Cónegos, apontou três golos em oito encontros, tendo até marcado ao FC Porto.
Tem agilidade, é muito interessante na variedade de movimentos a que se oferece e tem faro de golo. No Anadia, apontou 14 golos em 17 partidas.
Ponta-de-lança
Afonso Patrão – Isto quase que parece uma lista de jogadores do SC Braga, mas o objetivo não é esse, mas sim premiar quem merece.
Assim sendo, Afonso Patrão, que até era o suplente de Gabriel Silva na seleção de Portugal vice-campeã da Europa sub-17 em 2024, onde estavam jogadores como Rodrigo Mora, Geovany Quenda ou João Simões, foi ganhando o seu lugar face no onze face à falta de produção dos pontas-de-lança bracarenses.
É um protótipo do tipo de avançado que se tem formado pelos arsenalistas, na linha de Vitinha, sendo jogadores robustos, muito agressivos, capazes no jogo de pivô e soberbos no ataque ao espaço.
Assim sendo, face ao falhanço da contratação de Roberto Fernández, à inconsistência do jogo de El Ouazzani e aos períodos de ausência de Fran Navarro, espero que tenha lugar assegurado no plantel da próxima temporada para continuar a explosão.