Mais um ano no mundo do futebol que acaba e é tempo de fazer um balanço. Do ponto de vista internacional, 2025 foi um ano de viragem em alguns setores. Foi um ano rico em acontecimentos, desde títulos históricos a tragédias que marcaram o desporto, até competições disputadas em formatos inéditos. O desporto rei voltou a demonstrar a sua capacidade de reinvenção, de emocionar e de gerar um impacto muito além das quatro linhas. Os clubes e as seleções escreveram mais capítulos memoráveis, o futebol feminino continua a consolidar o seu crescimento e o futebol no seu global, continua numa era de expansão e espetáculo, apesar da evolução e diferenças para outrora.
Sendo sempre relativo quais são os melhores acontecimentos de um ano, neste caso para o futebol internacional, vários merecem uma menção honrosa. 2025 foi o ano em que o PSG viveu um dos anos mais dominantes da sua história, somando a UEFA Super Cup (derrotando o Tottenham nos penáltis após um 2-2) e a Intercontinental Cup (decidida nos penáltis frente ao Flamengo depois de um empate a um golo) à UEFA Champions League, Liga Francesa e Taça de França num calendário desgastante e irrepreensível.
Ainda na senda dos feitos coletivos, há que destacar clubes como Barcelona, Nápoles, Liverpool e Bayern Munique que brilharam com títulos de campeão nacional e futebol atrativo à moda de cada um dos seus países. Nota ainda para o Tottenham, que voltou finalmente a erguer um troféu europeu com a conquista da UEFA Europa League, algo que lhe fugia desde 2008 e em termos europeus já não acontecia desde 1984. Já o Chelsea ao ter vencido a quarta edição da UEFA Conference League, tornou-se o único clube a vencer todas as competições europeias da UEFA.
A nível individual, os FIFA Awards 2025 consagraram Ousmane Dembélé como Melhor Futebolista do Mundo, após uma temporada extraordinária pelo PSG (35 golos e 14 assistências em 53 jogos) em que tudo venceu, e Aitana Bonmatí, a jogadora do Barcelona que conquistou o prémio de Melhor Jogadora pelo terceiro ano consecutivo, acabando por reforçar um domínio espantoso na história recente do futebol feminino.
Foi também um ano em que se confirmou o crescimento global do futebol, com a estreia de um Mundial de Clubes em formato distinto (32 clubes) nos Estados Unidos, em que se viu o alargamento da UEFA Champions League para 36 clubes e também marca os primeiros passos concretos da FIFA na integração de tecnologia e Inteligência Artificial a caminho do Campeonato do Mundo de 2026. As body cams nos árbitros e a tecnologia avançada de impedimento semiautomático (SAOT, presente no Mundial de Clubes 2025) são bons exemplos.
Após reunir um apanhado de acontecimentos que honraram o futebol e merecem uma menção, chega o momento de reunir os mais memoráveis. Neste artigo, reúnem-se os cinco momentos mais marcantes de 2025 no futebol internacional. Cinco acontecimentos que definiram o ano pela sua importância desportiva, simbólica e até emocional.
5.
Inglaterra vence o UEFA Women’s Euro 2025 – A conquista britânica no Women´s Euro 2025 voltou a confirmar a Inglaterra como uma potência dominadora do futebol feminino a nível europeu. Num Campeonato da Europa altamente competitivo, as Lionesses jogaram com maturidade, profundidade de opções e capacidade para decidir nos momentos decisivos, com figuras como Hannah Hampton, Alessia Russo, Beth Mead e Ella Toone a mostrarem-se e a assumirem protagonismo.
Liderada por Sarina Wiegman, esta equipa inglesa jogou num 4-3-3 clássico com posse, momentos de pressão alta e muita utilização dos corredores laterais. Mais do que um título, foi a consolidação de um projeto vencedor, goleando adversários como Países Baixos (4-0) e País de Gales (6-1), eliminando nas grandes penalidades rivais de nome relevante como Suécia, Itália e Espanha e em geral, um futebol feminino cada vez mais relevante no panorama global.
4.
Chelsea vence o Mundial de Clubes – Foi uma das surpresas do ano, pois poucos apostavam nos blues para vencerem o Mundial de Clubes com um novo formato para este ano. Apesar de nunca ter sido visto como um dos favoritos à conquista do título, a verdade é que além de ter um elenco cheio de talento, os londrinos liderados por Enzo Maresca tinham ao seu dispor um conjunto muito alargado de jogadores (muitas vezes tinham um número de convocados a ultrapassar os 25 elementos).
Os blues tiveram sempre um onze com algumas alterações de jogo para jogo, uma gestão que acabou por se tornar inteligente e eficaz nas contas finais. O Chelsea apenas perdeu o segundo jogo por 1-3 frente ao Flamengo e venceu os restantes adversários: Los Angeles FC (2-0), Espérance de Tunis (3-0), Benfica (4-1 após prolongamento), Palmeiras (2-1), Fluminense (2-0) e PSG (3-0).
Com um sistema assente no 4-2-3-1 mais ofensivo, a criar variadas oportunidades por jogo, com laterais a ajudar no ataque (James e Cucurella), trio atacante móvel (nomeadamente Cole Palmer, Pedro Neto e João Pedro), construção com posse (Enzo Fernández e Moisés Caicedo) e explorava frequentemente os espaços entre linhas. Mas a sua característica geral agregando as anteriores foi a pressão alta e que se verificou muitas vezes na final e que lhe permitiu vencer o grande favorito e campeão europeu, PSG que já se encontrava com algum desgaste após uma época intensa. Mais um feito notável na história do Chelsea.
3.
Portugal vence a UEFA Nations League – A conquista da Nations League por parte da Seleção Nacional Portuguesa reforçou a ideia de uma seleção cheia de talento, com maturidade, competitiva e preparada para decidir grandes jogos a seu favor. Tendo passado de forma clara um grupo com Escócia, Polónia e Croácia sem qualquer derrota, passando mais em diante adversários como Dinamarca (5-3 nas duas mãos), Alemanha (que não vencia desde 2000 e desde 1985 em solo germânico) e a Espanha campeã da Europa 2024.
Num percurso onde se destacaram Cristiano Ronaldo (oito golos e segundo melhor marcador do torneio), Francisco Trincão, Nuno Mendes, Vitinha, Bruno Fernandes e Diogo Costa, jogou num 4-3-3 mais dinâmico que permitia transições mais rápidas e sendo compacta entre linhas. Num contexto europeu altamente equilibrado, Portugal voltou a afirmar-se entre as melhores seleções do “velho continente”, combinando talento individual com alguma organização coletiva e mantendo viva a ambição de títulos de maior importância (Mundial ou Euro) com esta nova geração.
2.
Morte de Diogo Jota – Provavelmente, o momento mais comovente do ano e que merece um destaque enorme. Mais do que um acontecimento desportivo, a morte de Diogo Jota e do seu irmão André Silva foi um dos momentos mais dolorosos do futebol mundial em 2025.
Na madrugada do dia 3 de julho, os dois irmãos, faleceram num grave acidente de carro na província de Zamora, em Espanha. Segundo as autoridades, o veículo em que viajavam saiu da estrada possivelmente devido ao rebentamento de um pneu, colidindo e acabando por incendiar-se.
Nessa altura, Diogo Jota iria apanhar um barco para regressar a Inglaterra, onde iria iniciar treinos com o Liverpool para a pré-época. Um desfecho tristíssimo e chocante que provocou uma onda de emoções como há muito não se via no mundo do futebol.
A comoção global à volta do acontecimento, as homenagens de várias figuras e clubes (Jurgen Klopp, Wolves, FC Porto) e até a Premier League mostrou-o através de mensagens de condolências à família e homenageando de forma carinhosa o malogrado jogador português. Além do impacto no Liverpool (plantel campeão foi ao funeral do colega falecido), na Seleção Nacional (amigos como CR7 ou Rúben Neves) e naturalmente na comunidade do futebol em geral mostraram como o futebol também é feito de pessoas, emoções e ligações humanas que vão muito além do jogo.
1.
PSG conquista a sua primeira UEFA Champions League – O topo do desta pequena lista pertence a um momento há muito aguardado: o PSG conquistou finalmente a UEFA Champions League. Depois de anos de investimento, frustrações e quase-sucessos, o clube da capital francesa alcançou o seu maior feito a nível internacional, fechando um ciclo histórico de perseguição pelo tão ansiado objetivo e afirmando-se definitivamente como um clube entre a elite do futebol mundial.
Uma equipa que entra para a história por atuar num 4-3-3 dinâmico, com posse em busca de oportunidades de marcar e que fazia pressão alta após perder o esférico, realizando também bastantes transições rápidas e um coletivo com bastante mobilidade ofensiva. Um grupo com jogadores recheados de qualidade onde se destacam Dembelé, Barcola, Doué, Hakimi, Vitinha, João Neves e Nuno Mendes. Luis Enrique além de ter alcançado a sua segunda Champions League da carreira, conseguiu também o feito de ter transformado o PSG num grupo de trabalho em que o coletivo está acima de qualquer estrela, através de um plantel mais equilibrado.
Tendo ficado num sofrido 15.º lugar na fase da Liga e após ter feito uma avassalador play-off em que “despachou” o Brest por 10-0 (a duas mãos), os parisienses deixaram para trás Liverpool, Aston Villa e Arsenal, até ter vencido de forma categórica por 5-0 o Inter de Milão na final de Munique. Um triunfo que mudou o estatuto do clube e marcou 2025 de forma indelével.
