As 5 substituições que valeram ouro no Futebol Português

1.

França 0-1 Portugal, 2016 (Éder) – Este artigo tinha, imperativamente, que terminar com aquela que foi, indiscutivelmente, a melhor substituição do futebol português de sempre. Falo, claro está, da final do Euro 2016. Qualquer português digno desse nome sabe onde viu a final, com quem, e como festejou aquele golo mítico da Seleção. Por exemplo, eu estava num café, com amigos e familiares, e festejei aquele tento aos saltos, até ficar sem fôlego nem voz. Mas valeu a pena.

Já tinha sido impressionante Portugal chegar à final do Europeu de Futebol, praticamente só com empates. Ter agora a oportunidade de vingar a final perdida em 2004 em casa, num país com tantos dos nossos emigrantes, o que quase fazia com que jogássemos sempre em casa. Era uma dádiva, o momento de gravar o nome de Portugal na história do futebol.

No dia da final, o Stade de France parecia território português, de tantas as camisolas das quinas que se viam e pelo fervor que se ouviu ”A Portuguesa”. No entanto, a crença e a vontade dos nossos adeptos e jogadores, sofreu um revés logo ao minuto oito, quando o joelho do nosso capitão, Cristiano Ronaldo, foi atropelado por Dimitri Payet (falta nem vê-la); creio que todos percebemos que, naquele momento, Ronaldo estava com um joelho fora da final.

Entretanto, as oportunidades para a França sucediam-se, mas Rui Patrício construiu uma muralha na baliza dos portugueses. Aos 25’, quando Ronaldo deu lugar a Quaresma, saindo de maca, lavado em lágrimas, acredito que alguns portugueses tenham visto os casos malparados, outros choraram por dentro e os restantes tenham insultado Payet. Portugal ia ensaiando tímidas aproximações à baliza de Lloris, quando Cédric teve uma das melhores contribuições para a equipa em todo o torneio, aquele valente safanão em Payet, que o deixou estendido no relvado. O intervalo chegou, com o resultado a manter-se e com a equipa das quinas a demonstrar uma péssima pontaria, já que não me lembro de um único remate à baliza. A segunda parte foi mais do mesmo.

Os gauleses tentavam o golo de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Felizmente para nós, tinham adiado o São Patrício para Julho, e o nosso guarda-redes defendia tudo, com os pés, com as mãos e, quando tinha que ser, com os olhos. Aos 79’, começou o milagre português: Renato Sanches saía, para dar lugar a Éder; não vou mentir, fiquei preocupadíssima ao perceber que a nossa melhor hipótese de ganhar um europeu era meter agora um avançado que eu mal me lembrava de ter feito golos pela selecção.

Tornou-se na melhor e mais agradável chapada de luva branca da minha vida. Com a entrada de Éder, alguma coisa mudou; por exemplo, logo depois dessa substituição, Portugal fez os dois primeiros remates à baliza, com Nani a fazer um cruzamento muito traiçoeiro que obrigou Lloris a aplicar-se e na recarga, Quaresma tentou uma bicicleta que terminou nas mãos do guardião francês.

No entanto, era um excelente augúrio. Acabou por ser, ainda assim, sol de pouca dura, já que a França fez um forcing final, nos últimos minutos do tempo regulamentar, pregando-me o susto da minha vida, quando a segundos do apito final, Gignac atirou ao poste da baliza de Rui Patrício. Tenho quase a certeza que o meu coração parou naqueles milissegundos e só voltou a bater quando vi a bola bem longe dali. Curiosamente, o prolongamento viria a ser a melhor parte do jogo para Portugal. Entrou bem nos primeiros 15 minutos, com Pepe a cabecear a centímetros da baliza adversária (embora estivesse em fora-de-jogo).

O mesmo aconteceu na segunda parte do prolongamento. Aos dois minutos, Raphael Guerreiro, de livre directo, atirou à trave. Cerca de um minuto depois, João Moutinho recuperou a bola a meio-campo, deu-a a Éder e o resto é história: “Vai Éder, vai Éder, vai Éder, vai Éder, chuta, chuta, chutou…GOLO, GOLO, GOLO, ÉÉÉÉÉÉ Éderrrrr, já lá mora! Já lá mora! Já lá mora!”. Depois disso, estive a controlar a respiração naqueles que foram os 13 minutos mais aterradores da minha vida. O apito final do árbitro inglês tirou-me um elefante de cima dos pulmões. Foi provavelmente, o melhor momento da história do futebol português. A entrada de Éder, o patinho feio, foi uma substituição que valeu ouro. Literalmente. O melhor suplente da história da selecção nacional.

 

Inês Figueiredo Mendanha
Inês Figueiredo Mendanhahttp://www.bolanarede.pt
A Maria é uma orgulhosa barqueirense (e por inerência barcelense ) que aprendeu a gostar de futebol antes de saber andar. Embora seja apologista das peladinhas entre amigos, sai-se melhor deixando o que pensa gravado em papel. Benfiquista de coração e Gilista por devoção é sobretudo apaixonada pelo futebol que faz o país parar quando a bola começa a rolar.                                                                                                                                                 A Maria escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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