Tribuna VIP: O Salvador da semana mora em Braga (e não é aquele em quem estão a pensar…)

A jornada europeia só trouxe uma vitória (e épica) para as equipas portuguesas e algumas coisas para refletir. Foi o primeiro a entrar em campo e logo o mais certeiro. Na segunda jornada das fases de grupos das competições europeias, o SC Braga salvou a honra do convento pontual português, com uma reviravolta extraordinária num lotado Olímpico de Berlim, frente a um Union em crise.

O Salvador não desceu dos Céus, nem tão pouco da tribuna presidencial e tomou a forma divina a partir do banco de suplentes. André Castro tem jogado pouco neste arranque de temporada, mas surgiu perto da área alemã para desferir o heroico remate que valeu três pontos preciosos ao Braga na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O jogo na capital germânica foi tudo menos fácil para o Braga: a primeira parte trouxe uma lista infindável de perdas de bola e saídas de posição dos centrais que acabaram a habilitar o perigoso e vertical Becker para encontrar o caminho da baliza bracarense. Niakaté foi réu em termos defensivos, mas compensou esses erros com uma finalização perspicaz após lance de bola parada, ainda nos primeiros 45 minutos. Após o intervalo, o Braga soube circular melhor a bola, errou menos no passe e teve um Bruma inspirado (golo incrível de fora da área, depois de receber um passe afinado de Ricardo Horta). As trocas no Braga de Artur Jorge geravam a sensação de conforto com a igualdade até ao “monumento” de Castro a 15 segundos do final do tempo de compensação. A assistência foi de um Bruma que, por muito que faça, parece não ter o ainda o “acesso VIP” para o restrito Clube de Futebol Seleção de Roberto Martínez.

Ao momento histórico do clube do Minho (que ganhou favoritismo na batalha pelo 3º lugar e pode acreditar em intrometer-se na luta por chegar aos oitavos de final), sucedeu-se uma derrota inapelável do Benfica em Milão. A história foi distinta dos jogos da época passada entre “nerazzurri” e encarnados nos quartos de final, sobretudo na segunda metade. Os 45 minutos iniciais no Giuseppe Meazza mostraram um Benfica com a intenção de ter bola, mas parca capacidade para ativar o duo dinâmico da frente (Rafa a despontar das entrelinhas e David Neres mais solto, como unidade móvel ofensiva). O Inter soube controlar em termos defensivos, encontrou margem para progredir pelo corredor central e subiu os índices de pressão após o descanso. Valeu o golo de Thuram aos transalpinos, mas a verdade é que entre Trubin, os ferros e a falta de eficácia da equipa da casa, o Benfica se livrou de uma derrota mais pesada em Itália. O jogo não fluiu a partir do meio-campo, a perda de duelos foi uma constante e o trio interista engoliu o corredor central, sabendo ativar a mobilidade e ferocidade do duo Lautaro-Thuram e as desmarcações dos alas/laterais. A amostra ofensiva da turma de Schmidt no segundo tempo foi ainda mais pobre do que na fase inicial do jogo e ficaram à vista, uma vez mais, debilidades na leitura de jogo a partir do banco neste tipo de encontros.

Para o Benfica, seguem-se dois compromissos de tudo ou nada face à Real Sociedad (que continua a “voar” nesta Champions). Primeiro na Luz, depois em San Sebastián, os campeões nacionais terão de ser mais convincentes e eficazes em todos os capítulos do jogo, perante uma das equipas mais atraentes a trocar a bola e criativa a chegar a zonas de finalização do futebol espanhol.

Roger Schmidt
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Na quarta-feira, e a fechar os dois dias de Liga milionária, o FC Porto deu como sempre luta, mas acabou derrotado por um Barcelona que vai tentando reconquistar o estatuto de favorito à conquista da Champions. Sérgio Conceição repetiu o onze da derrota no clássico, esperando não ter os mesmos contratempos com expulsões do encontro frente ao Benfica. A verdade é que o problema esteve num erro individual, de Romário Baró, que falhou um passe e permitiu que Gundogan conquistasse a bola e servisse Ferrán Torres para o golo decisivo. Antes disso, já João Félix causava dores de cabeça à defensiva de uma equipa azul e branca que, ainda assim, conseguiu ter saídas perigosas para o ataque.

Nos segundos 45 minutos, os dragões estiveram por cima e não faltaram ocasiões para alcançar a igualdade. João Mário e Wendell destacaram-se com muita chegada a partir das laterais, Pepê rompeu bem por dentro (como na Luz) e ainda houve um penálti revogado e um lance de golo anulado aos portistas. A ameaça do empate pairou até ao derradeiro apito do árbitro, ficando a ideia de que o FC Porto continua a ser uma equipa competitiva nos jogos grandes a partir do plano estratégico de Sérgio Conceição e de que o Barça vai ter de comer mais “Danoninhos” de talento e futebol associativo (não pode ser só via Yamal ou Félix) para poder voltar a dar luta no topo do futebol da Europa.

Por último, deu-se a terceira derrota da semana europeia para os emblemas nacionais, desta feita na Liga Europa. O Sporting tem convencido a nível interno, mas não estava preparado para o modelo de pressão ao homem, agressivo com e sem bola da Atalanta. Rúben Amorim admitiu as “dificuldades em entender” a forma de jogar dos italianos e isso percebeu-se nos 45 minutos iniciais. A equipa de Gasperini ganhou mais duelos, levou o Sporting a errar mais no passe e a buscar a alternativa de jogo direto (sem sucesso) para Gyokeres. Éderson e Koopemeiners destacaram-se no passe, os laterais/alas chegaram com frequência ao último terço e houve um Lookman endiabrado a desequilibrar entre a esquerda e a zona central.

A vantagem de dois golos (justificada) ao intervalo levou Amorim a mexer com perspicácia na equipa. Geny Catamo e Marcus Edwards trouxeram imprevisibilidade e agitação em zonas interiores, sabendo fugir à marcação ao homem transalpina. Coates veio também a jogo e trouxe a estabilidade que faltava à linha defensiva leonina (em que voltou a imperar Gonçalo Inácio, pela qualidade a antecipar e critério na saída de bola). O Sporting cresceu com bola (mérito também de Morita), passou a pressionar melhor, mas apenas marcou de penálti – embora depois disso o empate tenha estado muito próximo num par de ocasiões. Os 45 minutos “de avanço” acabaram por se revelar fatais, mas fica a aprendizagem para quando o futuro reservar duelos ante equipas que tenham este tipo de argumentos na pressão, em duelos diretos e saibam depois circular entre os três corredores.

Em suma, fica a nota de desilusão pelas três derrotas, mas com sinais distintos deixados por Benfica, FC Porto e Sporting. Os próximos compromissos, em dose dupla, serão chaves para definir as posições de apuramento nas duas competições. Quanto ao Sporting de Braga, que se saiba precaver para Bellingham e companhia, não perdendo a espontaneidade que levou à mudança de resultado em Berlim.

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