Quem quisesse apostar na vencedora dos Mundiais de contrarrelógio, tinha uma escolha quase óbvia: a bicampeã Annemiek van Vleuten. Arriscar seria acreditar que Anna van der Breggen finalmente derrotaria a sua nemesis. As outras corriam para o bronze.
Sem Ellen van Dijk para completar o trio holandês que dominara o podium em 2018, recaíam na jovem americana Chloe Dygert-Owen as expectativas de poder chegar à sua primeira medalha neste nível.
Campeã mundial e recordista do mundo na pista e dona e senhora do circuito norte-americano durante esta temporada, Dygert começou a mostrar desde cedo que estava na hora de se dar a conhecer em definitivo às estradas europeias e, pouco depois de começar a sua prova já estava a dobrar Lisa Brennauer. A alemã, que havia partido um minuto antes, é “somente” uma antiga campeã do mundo da especialidade e recente vencedora do crono e da Geral do Madrid Challenge.
Os quilómetros passavam e o domínio acumulava-se. No final, cifrar-se-ia nas oito o número de adversárias dobradas e na meta estabelecia um tempo dominador e que lhe garantia uma medalha, restava saber qual.
Os queixos começaram a cair foi quando os tempos de Breggen e Vleuten começaram a aparecer. Não só não havia domínio holandês, como nem sequer era próximo. Na chuva de Yorkshire, foi de humildade o banho servido às duas melhores ciclistas da atualidade, inofensivas perante um domínio avassalador que se refletiu na maior diferença entre primeiro e segundo em Mundiais de Contrarrelógio.
É difícil colocar em palavras o significado deste triunfo de Chloe Dygert-Owen, não só pelo ouro, mais até pela esmagadora vantagem. Resta um cliché, ainda que sincero: fez-se história.
CLASSIFICAÇÃO/MEDALHAS:
- Chloe Dygert-Owen (USA) 42:11.57
- Anna van der Breggen (NED) +1:32.35
- Annemie van Vleuten (NED) +1:52.66
Foto de Capa: Yorkshire 2019
Revisto por: Jorge Neves