Eusébio Cup | 5 convites em atraso

    Benfica

    Com a Eusébio Cup 2023 como último jogo a definir da pré-época, surgem as dúvidas no ar quanto ao possível adversário.

    Existindo a contrariedade da data avançada – já em Agosto, com muitos dos campeonatos a ter a início logo no primeiro fim-de-semana – ao Benfica aperta-se o cerco de equipas que juntem as propriedades de serem capazes de proporcionar bom espectáculo, tornando-se boa preparação para o jogo da Supertaça, e que existam laços entre essa mesma instituição e Eusébio. O Benfica procura, vai procurando, sucedem-se os rumores de possíveis nomes – mas nada entusiasamante, nem nada definitivo.

    Surge então da nossa parte cinco nomes que terão de ser prioridade num futuro próximo. Alguns, até pela óbvia ligação ao Benfica e Eusébio, surgem constantemente como sugestões da massa adepta – sugestões que voam até aos gabinetes da Luz e que, por uma razão ou outra, ficaram até agora na gaveta.

    Santos FC

    Perfila-se diante do protagonista Eusébio um gigante de proporções colossais, adversário que conservou fama de invencível aos seus olhos – quase como se os ídolos de infância fossem inultrapassáveis, intocáveis por questão de respeito.

    O Santos não só de Pélé, mas de Pepe, Coutinho, Dorval e Zito, foi o primeiro grande embate internacional de Eusébio. Naquele Torneio de Paris, em Junho de 1960 – portanto com o Benfica já campeão da Europa – os brasileiros desataram a fazer pouco dos portugueses. Um, dois, três, quatro a zero até ao intervalo; do quinteto ofensivo titular, saiu Santana para dar lugar a Eusébio, que então já sentiu na pele o cinco zero. «Nem sabia de que terra era! Mas fui me acalmando e a verdade é que meti três golos num instante. Nunca mais posso esquecer o público de pé, gritando pelo meu nome» contou certo dia o Pantera Negra, relato que serve para explicar o 6-3 final. Que não seria a última sova dada pelo Peixão nas Águias.

    Na Intercontinental de 1962, dose dupla – 3-2 no Vila Belmiro e 2-5 no Estádio da Luz, numa das melhores demonstrações de força daquele lendário conjunto brasileiro. Nunca Eusébio se conseguiu superiorizar em campo aos craques que o inspiraram: na Mafalala natal, ainda antes de surgir o Sporting de Lourenço Marques na sua vida, o clube do bairro era… «Os Brasileiros».

    E se cada um se designava por um craque canarinho à sua escolha – Eusébio era, naturalmente, o Pélé do pedaço. E se por aqui não se justifica afinidade suficiente, como esquecer o convite dos de Vila Belmiro para o centésimo aniversário do seu recinto, em 2017?

    No tal jogo onde também se homenageou Léo e no qual o menino Zé Gomes se fez estrela para logo depois desaparecer no firmamento, ao falhar penalty que ganhara com a ginga tradicional de Vera Cruz… 

    Manchester United FC

    Chega a ser má educação ainda não ter trazido os diabos vermelhos a Lisboa para homenagear o King, por toda a história que envolve Eusébio e as turmas inglesas, especialmente a de Manchester.

    Que o sucesso não se faz apenas de vitórias, é já ponto assente na nossa vivência diária – e por isso, como se festejam os recordes batidos e as infinitas proezas do nosso herói, é obrigatório existir espaço à contemplação das pedras que foram surgindo pelo caminho.

    O United, que impôs a maior derrota caseira de Eusébio (um 1-5 em 65-66, nos Quartos da Taça dos Campeões), foi o último a impedi-lo de ganhar a prova, em 1968, de forma macabra até – no prolongamento, por 1-4, depois de Eusébio falhar golo em cima dos 90’ que, diz quem viu, não havia falhado nem falharia mais na sua carreira. Quase como se alguém lá de cima carimbasse, em tom jocoso, o princípio do declínio.

    E mais? E o encontro que serviu para festejar o meio século de vida, em 1992? Quando o United – que já era de Alex Ferguson – levou tão a sério a ocasião que achou bem estrear um atrevido e pomposo francês chamado Eric Cantona, que era o nome do momento em Inglaterra e na Europa pelo dinheirão gasto na transferência? O King a abençoar Le Roi, joguito de palavras aparvalhado antes de relembrar a grande tirada publicitária da Nike:

    1966 was a great year for english football.

    Eric was born…

    No ano em que Eusébio se mostra ao mundo no Mundial que os Ingleses ganham, Cantona nasce.

    Os dois inocentes que dali a 26 anos se encontrariam para passar testemunho: enquanto um se despedia dos relvados – porque jogou alguns minutos nesse dia, marcando até um golo… – o outro estreava-se pela equipa que lhe deu projecção lendária. Coincidências… que só ajudam a explicar a urgência de ter Red Devils para disputar o troféu de que falamos.

    CA Peñarol

    Como nos outros exemplos, a necessidade de relembrar os adamastores da vida profissional de Eusébio como exercício saudável de reviver na plenitude a sua incomparável carreira. O Peñarol impediu de forma categórica o Benfica de ser campeão intercontinental em 1961, depois de responder a um 1-0 dos lisboetas com um 5-0 que perguntava se existiam dúvidas.

     A estupefacção benfiquista é seguida dum sinal discreto para algum dirigente de fato e gravata, que se apressa para o telefone mais próximo e diz à malta em Lisboa para mandar Eusébio e Simões, imberbes adolescentes, num avião directo a Montevideo para ajudarem no jogo de desempate. Foram titulares e sim, ajudaram, mas não o suficiente: porque ficou 1-2 para os uruguaios que assim levaram a taça.

    Foi o primeiro jogo oficial de Eusébio para uma competição internacional. Não é razão mais que suficiente?

    Sporting CP

    Como parece impossível a hipótese derby não ter sido ainda equacionada, tal como impossível é os interessados no fenómeno futebolístico e benfiquista não saberem de trás para a frente e de frente para trás a história da contratação de Eusébio, que em formato telegrama se transformava na Ruth, deixamos aqui alguns números jogados ao calhas – que esperamos que sirvam de prego final duma tábua que parece tabu, onde se pinta: Benfica-Sporting era o jogo favorito do King ou pelo menos aquele onde mais se divertia.

    A seguir a Peyroteo em golos marcados(48 em 45 jogos…) no derby, quem vem? Sim, é claro que Eusébio, com 27 em 29 jogos. Agora, se perguntarmos quem é que conseguiu marcar mais num só jogo? Também é Peyroteo, mas agora em empate técnico com a Pantera, que fez um poker, no 4-1 de 1972-73 e igualou o conseguido em 1947-48 por Peyroteo, num resultado igual.

    Dada a parelha nos recordes, seria o melhor dos argumentos constatar que a despedida de Fernando Peyroteo tinha sido contra o Benfica, existindo obrigação histórica para cumprir do nosso lado.

    Mas não foi. Veio de Madrid o Atlético.

    Club Libertad

    Convidar os paraguaios serviria para reaproximar Óscar Cardozo do Benfica, fazendo-lhe a mais que merecida homenagem ainda em falta ao melhor marcador estrangeiro da história do clube.

    E que melhor ocasião para prestar vassalagem a um ponta de lança de eleição que o jogo de Eusébio, por quem Óscar nutria o mais profundo respeito?

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.