Hoje, em Itália, apontam Gianluigi Buffon à baliza do FC Porto. Embora não acredite que seja um negócio com pernas para andar, importa deixar aqui um breve comentário acerca do assunto, não vá a SAD portista trocar-me as voltas.
Ainda estão por quantificar os reais benefícios que o FC Porto recolheu com a contratação e avultado investimento de Iker Casillas. A qualidade do jogador é inegável e os seus bons desempenhos, salvo algumas exceções, são praticamente inatacáveis. A questão que se coloca é: valeu a pena o esforço financeiro?
Na minha modesta opinião, a resposta é clara: não. Não está aqui em questão o inatacável comportamento de Casillas desde que chegou ao clube, a incontestável boa relação que criou com o Porto e os portuenses ou a sua qualidade enquanto guarda-redes. O que me parece é que nenhum clube português se pode dar ao luxo de gastar tanto dinheiro num só jogador, muito menos para a posição de guarda-redes. Para além disso, sem poder recorrer a números que suportem esta afirmação, não me parece que o retorno comercial da contratação de um dos jogadores mais titulados a nível mundial tenha servido para compensar o investimento.
No caso de Buffon, acresce que chegaria ao FC Porto na casa dos 40 anos de idade (Casillas chegou com 34), sem grande ritmo competitivo e sem grande utilidade futura.
Num plantel com tantas carências e perante a debandada geral que se avizinha não é, portanto, aconselhável que se cometa o mesmo erro. A prioridade deve ser dotar o plantel de maior qualidade nos vários setores e os jogadores contratados deverão ter uma perspetiva futura de geração de mais valias desportivas, mas, também, financeiras. Foi sob estes alicerces que se construíram as melhores equipas do FC Porto e deve ser, de novo, essa a estratégia. A juntar a isto tudo, exige-se uma aposta consistente na formação, sem a qual, dificilmente os clubes portugueses conseguirão continuar a ser competitivos.
Em suma, o futebol português não pode e não tem a capacidade para ser um espaço de pré-reforma para vacas sagradas. Não está em questão a qualidades dessas lendas do futebol mas sim o comprometer de uma estratégia que tem dado frutos. Tanto para a posição de guarda-redes como para todas as outras a aposta deve ser feita em jogadores relativamente jovens e com margem de progressão que possam gerar, a médio prazo, permitir encaixes financeiros (já depois de recolhidos os benefícios desportivos). Assim, perante o provável pendurar das luvas de Iker Casillas, acredito que a melhor solução para o problema será Diogo Costa. Irá cometer erros, é certo, mas lembro que Vítor Baía, Rui Patrício, Jan Oblak ou Ederson também os cometeram.
Foto de Capa: Paris Saint-Germain