O Mundial de Sub-20 é um palco privilegiado para descobrir o futuro do futebol. É ali por vezes o pontapé de saída para alguns nomes que, num piscar de olhos, passam de promessas a possíveis protagonistas nos maiores estádios do mundo. Nesta edição, o torneio voltou a cumprir essa tradição e revelou um conjunto de jovens que já começam a fazer os olheiros e adeptos sonharem com o que aí vem.
Entre os destaques, Yassir Zabiri foi o grande herói deste título inédito da seleção marroquina. O marroquino que atua em Portugal ao serviço do Famalicão, marcou os dois golos na final contra a Argentina. Mas Zabiri não está sozinho: há uma geração inteira de talentos (de distintos continentes e escolas de futebol) pronta para dar o salto.
No meio de tantas promessas, escolho cinco a quem auguro um futuro bastante promissor. Cinco jogadores que fizeram do Mundial de Sub-20 o seu cartão de visita para o futebol de elite.
5.
Maher Carrizo (Argentina) – Produto do Vélez Sarsfield (uma das melhores escolas de formação do futebol argentino), este jovem avançado da Argentina foi sem dúvida uma das grandes revelações do torneio, tendo marcado três golos e dado uma assistência, embora tenha estado bastante apagado na final. Um jogador que se destaca pela sua técnica apurada, e pela sua capacidade de desequilibrar entre linhas.
Com apenas 19 anos de idade, e já tendo-se imposto na equipa principal do Vélez Sarsfield, Carrizo aponta para uma transferência para o mercado europeu num futuro muito próximo.
4.
Lucas Michal (França) – Atacante da seleção francesa sub-20, estando neste momento ao serviço dos franceses do AS Monaco, fez um Mundial Sub-20 de grande impacto, sendo um dos melhores marcadores da prova com 5 golos, e exibindo-se a grande nível em fases decisivas do torneio. Representa o perfil moderno de atacante do futebol atual, e claramente a ter debaixo de olho: técnica, força física, velocidade e mobilidade são alguns dos atributos do jovem gaulês. Poderá comprometer a sua evolução o facto de estar a ter pouco tempo de utilização no seu clube, mas este torneio certamente despertou o interesse de vários clubes que pretendam reforçar a sua linha dianteira no mercado de Inverno.
3.
Benjamin Cremaschi (Estados Unidos) – Até há bem pouco tempo, era colega de Messi nos americanos do Inter Miami, encontrando-se neste momento emprestado aos italianos do Parma, onde devido à sua participação no Mundial Sub-20, ainda não teve a oportunidade de se estrear pela equipa transalpina.
Médio ofensivo de uma seleção dos Estados Unidos que foi apenas travada pela seleção de Marrocos (que viria a sagrar-se a grande vencedora do torneio), marcou cinco golos e deu duas assistências, tendo sido o Bota de Ouro do torneio, apesar de ter feito o mesmo número de golos do francês Lucas Michal, do colombiano Néiser Villarreal e do marroquino Yassir Zabiri. No Parma, estou convencido de que irá evoluir taticamente, embora tenha de se adaptar a uma intensidade de jogo e ritmo competitivo completamente diferente dos da MLS. Cremaschi destaca-se essencialmente pela sua excelente visão de jogo e uma grande capacidade de chegar à área adversária. De grande polivalência ofensiva (tanto pode funcionar como playmaker ou segundo avançado) e detentor de um bom remate, a sua versatilidade pode ser fundamental para se firmar na equipa do Parma, e quem sabe, se com isso, não possa vir a ser uma das grandes figuras emergentes da seleção sénior dos Estados Unidos (que são um dos anfitriões do próximo Mundial), comandada por Mauricio Pochettino.
2.
Othmane Maamma (Marrocos) – Muitos serão aquele que se vão questionar porque não figura no meu topo, mas fiz este top 5 não apenas com base no rendimento particular de um determinado jogador neste Mundial Sub-20, mas sim pensando numa lógica de antecipação daquele que eu considero que tem mais potencial para vir a ser um craque mundial. Othmane Maama foi indubitavelmente o melhor jogador deste torneio, destacando-se pelo seu futebol atrevido e criativo, muitos comparando a Cristiano Ronaldo nos tempos de Manchester United, jogando igualmente com a camisola número 7. Ágil e imprevisível, Maamma tem grande capacidade de desequilíbrio, é fortíssimo no um contra um, surpreendendo os seus adversários com súbitas mudanças de velocidade. Joga preferencialmente sobre a direita, mas sente-se confortável a partir de qualquer corredor ofensivo. Além do drible, destaca-se pela visão de jogo e capacidade de combinar em transições rápidas, servindo assistências decisivas e aparecendo em zonas de finalização. Estando atualmente ao serviço dos ingleses do Watford do Championship, necessitará de ganhar consistência exibicional e fortalecer-se fisicamente, mas neste torneio conseguiu compensar essas lacunas com inteligência tática e uma energia constante. Com uma maturidade surpreendente para a idade, Mamma é o típico extremo moderno: não é apenas um finalizador, mas é também um criador de jogo capaz de mudar o rumo de uma partida por si só.
1.
Gilberto Mora (México) – Nascido a 14 de outubro de 2008, no México. Aos 17 anos (disputou este Mundial Sub-20 com apenas 16 anos), Gilberto Mora não é apenas uma promessa: é um fenómeno.
Para termos uma noção da precocidade deste jovem talento, poderia jogar o Mundial Sub-17 (!) que começa no início de Novembro. Já ganhou uma CONCACAF Gold Cup ao serviço da seleção A mexicana, sendo titular na equipa comandada por Javier Aguirre.
O mais jovem marcador da história da Liga MX ao serviço dos mexicanos do Club Tijuana, apresentou-se no Mundial Sub-20 como se estivesse a jogar no pátio da sua casa. Toca na bola com grande naturalidade, lê o jogo como um veterano e tem uma relação quase instintiva com o golo. O seu talento cru, aliado à maturidade com que encara os grandes palcos, faz dele um caso raro, sendo claramente um daqueles nomes que se esperam ver, em poucos anos, nas listas de melhores do mundo. Ainda muito jovem, despontou no Mundial de Sub-20 com três golos e uma assistência em quatro jogos, tendo sido impactante a sua imagem ao sair do relvado lavado em lágrimas, no fim do jogo com a Argentina, que ditou a eliminação prematura do México nos quartos de final da prova. Já pretendido pelos colossos europeus (tendo-se vindo a acentuar os rumores de uma possível transferência para o Real Madrid quando atinja a maioridade), é dos jogadores que disputaram esta competição, aquele a quem vejo mais potencial para vir a ser uma estrela mundial.
O Mundial de Sub-20 voltou a cumprir o seu papel de janela para o futuro. Estes cinco jovens representam o que de melhor há na nova geração: técnica, coragem e inteligência dentro de campo. Entre eles, Othmane Maamma e Gilberto Mora destacam-se como símbolos de uma era em que o talento não conhece fronteiras – jogadores com ADN de craque, prontos para levar o futebol mundial a um novo patamar.

