US Open #1: Os destaques negativos do torneio feminino e masculino

modalidades cabeçalho

Está a decorrer neste momento o US Open, aquele que é o último torneio do Grand Slam do calendário tenístico. Realiza-se todos os anos no complexo de Flushing Meadows em Nova Iorque e é daqueles torneios quase sempre pródigo em grandes histórias ou em grandes desilusões a nível desportivo.

Poderia ter optado por outros destaques negativos (como a derrota prematura da número 5 mundial Mirra Andreeva na terceira ronda, de Elina Svitolina na ronda inaugural, ou de Casper Ruud na segunda ronda contra um tenista fora do top 100), mas optei por estes devido à sua qualidade e às maiores expectativas que deposito em cada um deles.

Estes são aqueles que eu considero os maiores destaques negativos desta edição. Escolhi dois tenistas do circuito feminino e outros dois do circuito masculino. 

Os critérios para considerar estes os destaques negativos estão muito relacionados com o estatuto de cada tenista, e na generalidade dos casos, com o facto de terem perdido com um adversário de qualidade infinitamente inferior.

Começando por aquele tenista no qual inclusive escolhi ser o ideal para a foto que acompanha este artigo de opinião, não poderei deixar de destacar negativamente o russo Daniil Medvedev, ex-campeão do Open dos Estados Unidos em 2021, e já múltiplo finalista de outros torneios do Grand Slam.

O seu ano desportivo tem sido pautado por uma extrema irregularidade exibicional e profunda crise de resultados, que fez com que caísse abruptamente várias posições no ranking mundial. Um jogador que chegou a ser número um mundial, e que se manteve no top 5 por vários anos consecutivos, sendo visto como um dos adversários mais perigosos de se defrontar (nomeadamente em superfícies mais rápidas como a do Open do Estados Unidos), é neste momento uma sombra desse jogador que fazia da solidez do seu jogo, a sua maior arma.

Medvedev tem um excelente serviço, mas o que sempre diferenciou o seu jogo (até por ter uma pancada de direita pouco ortodoxa e vistosa), era o facto de ser um poço de consistência, de ter uma das melhores pancadas de esquerda do circuito, e de obrigar os seus adversários a autênticas maratonas. 

Na generalidade dos casos, a sua grande capacidade física e tremenda consistência, fazia com que Medvedev (nunca tendo sido propriamente brilhante e esteticamente apelativo) levasse de vencida os seus rivais, mas algo terá mudado durante este ano, cujos sinais de “declínio desportivo” já vinham sendo apresentados com um péssimo fim de época no ano de 2024.

É inegável que estamos numa era essencialmente dominada pelos “monstros” Jannik Sinner e Carlos Alcaraz (com uma réplica bastante digna oferecida pelo campeoníssimo Novak Djokovic), mas isso não justifica que Medvedev apenas tenha ganho um jogo em torneios de Grand Slam este ano. É um registo francamente pobre.

No Open da Austrália, sucumbiu diante do jovem norte-americano Learner Tien (num dos melhores jogos do torneio, diga-se de passagem) numa autêntica batalha de segunda ronda que durou quase 5 (!) horas de jogo, no qual Medvedev inclusive pôde ganhar, pois serviu para fechar a partida, e não conseguiu materializar essa oportunidade, acabando por perder num agónico match tie-break.

Depois disso, em Roland Garros (jogado em terra batida, que não é de todo a sua superfície favorita e a mais adequada ao seu jogo), perdeu na primeira ronda contra um especialista de terra batida, como é o britânico Cam Norrie. Mas mais uma vez, tendo a oportunidade de conseguir resolver a partida a seu favor, voltou a falhar estrepitosamente e desperdiçar a chance de concluir o jogo com o seu serviço.

Em Wimbledon, contra o francês Benjamin Bonzi, voltou a perder numa primeira ronda de um torneio de Grand Slam. No fim do jogo, Medvedev foi pouco auto-crítico (algo que não é o seu apanágio, pois é sem dúvida dos jogadores mais transparentes e de comunicação mais fluída e esclarecida do circuito) e ainda chegou a dizer que o jogador francês apenas joga bem contra ele, como que justificando a sua incapacidade de levar de vencida um jogador tão talentoso mas igualmente inconsistente, como Bonzi. 

Medvedev acabou por perder esse encontro em quatro sets, não conseguindo dar seguimento àquele que provavelmente foi o torneio em que melhor se exibiu este ano (onde fez final, perdendo apenas para um Alexander Bublik em estado de graça, que havia derrotado Jannik Sinner pelo caminho), em Halle, que serve de preparação para o Grand Slam de relva na catedral do ténis.

Mas o que se passou no Open dos Estados Unidos, é algo que deve ser destacado ainda mais negativamente. Não apenas pela derrota contra Benjamin Bonzi (o seu carrasco de Wimbledon), mas pelo seu comportamento absolutamente vexatório e vergonhoso durante esse jogo. 

Estando a ser claramente dominado pelo tenista francês por dois sets a zero, e com 5-4 e 40-0 no serviço do francês (dispondo assim naquele momento de três match points de forma consecutiva), um fotógrafo resolveu entrar dentro de campo de forma inadvertida e o árbitro de cadeira concedeu a oportunidade de ter um novo primeiro serviço ao jogador francês, o que desatou a ira e a loucura de Medvedev. Medvedev não só se dirigiu ao árbitro de forma imprópria, como incitou o público a fazer um barulho ensurdecedor, o que desconcentrou por completo Benjamin Bonzi, que desapareceu literalmente do jogo a partir daí durante mais de dois sets. 

Conseguiu reerguer-se no quinto e derradeiro set (demonstrando ter uma grande força mental), acabando por ganhar o mesmo pelo parcial de 6-4. Pode-se dizer que se fez justiça com esse desfecho, pois Medvedev teve um comportamento anti-desportivo absolutamente inqualificável, e deveria ter sido desqualificado na minha modesta opinião, tendo-se ficado apenas por uma singela multa de 42 mil dólares, o que não é de todo suficiente.

Não sou o maior apreciador do estilo de jogo de Medvedev, mas sempre enalteci as suas qualidades tenísticas, o seu QI tenístico, e a sua inata capacidade de fazer jogar mal os seus adversários (o que é sem dúvida uma grande qualidade num tenista). Mas com o que nunca irei estar de acordo, são com estas atitudes anti-desportivas, com que de vez em quando o russo nos brinda, devido ao facto de ser muito temperamental.

Em busca de se reencontrar com o seu ténis e com a sua melhor versão, Medvedev decidiu romper a sua ligação de 8 (!) anos com o treinador francês Gilles Cervara, seu grande mentor e um dos responsáveis pelo facto do russo ter conseguido obter grandes êxitos na sua carreira. Como disse anteriormente, Medvedev já foi número um mundial, já ganhou um Grand Slam, já marcou presença noutras finais de Grand Slam, já ganhou 20 títulos na sua carreira (todos em torneios diferentes numa estatística tão impressionante quanto inusitada), e acredito que tal não seria possível sem o seu treinador, que sempre foi a calma na tormenta e na loucura de Medvedev. 

Veremos qual o caminho que o russo irá eleger daqui para a frente. Continuo a acreditar que no topo das suas faculdades, Medvedev ainda é jogador com qualidade para estar no top 10 (ou até mesmo no top 5), mas terá de mudar alguns aspectos do seu jogo, e nomeadamente o seu comportamento em campo. Estas atitudes anteriormente motivavam-no a jogar melhor (nomeadamente quando tinha o público contra si), mas agora já nem essas estratégias funcionam.

O outro destaque negativo desta edição do Open dos Estados Unidos tem de ser obrigatoriamente o da norte-americana Madison Keys. Vencedora do seu primeiro título do Grand Slam este ano com a conquista do Open da Austrália (derrotando a número um mundial e grande favorita Aryna Sabalenka), sendo anteriormente finalista do Open dos Estados Unidos, partia com naturais expectativas para o “seu” Grand Slam.

Jogando em casa e com forte apoio nas bancadas, ninguém poderia esperar o que veio a acontecer. É indesmentível que Keys não apresenta atualmente o rendimento dos primeiros meses do ano (onde ganhou os dois primeiros torneios que disputou). Na gira norte-americana, não passou dos oitavos-de-final em Cincinnati (perdeu com Elena Rybakina) e não conseguiu derrotar a dinamarquesa Clara Tauson em Montreal, ficando-se pelos quartos-de-final.

Contudo, tanto Tauson como Rybakina, são adversárias do top 20 mundial. O que se passou na primeira ronda com Madison Keys, é quase surreal. Defrontando a tenaz mexicana Renata Zarazua (que nunca tinha ganho a uma tenista do top 10 na sua carreira), disparou um número astronómico de 89 (!) erros não forçados em três sets. 

Desperdiçou uma vantagem de 3-0 no segundo set, e viu a sua adversária ganhar-lhe um jogo em que apenas fez 8 (!) winners. Zarazua ganhou por total desinspiração e desacerto de Keys num jogo que durou mais de três horas, e que acabou com os parciais de 6-7 (10), 7-6 (3) e 7-5 a favor da tenista mexicana.

Keys tinha legítimas aspirações para lutar pelo título em Nova Iorque, mas sai vergada com uma das piores derrotas da sua carreira. 

É quase impossível ganhar-se um jogo em que se comete mais de 80 erros não forçados, e mesmo assim dada a pouca experiência de Zarazua nestes palcos, Keys podia ter ganho esse jogo. Só isso atesta como é quase inexplicável esta derrota da tenista norte-americana, que voltou a ser neste torneio aquilo que sempre caracterizou a sua carreira: um grande talento, mas muito inconsistente. 

Mas 2025 já deixou um bom sabor de boca a Keys, é toda uma vencedora de Grand Slam e espero uma Madison Keys mais forte no próximo ano.

Outro destaque negativo tem de ser inevitavelmente o grego Stefanos Tsitsipas. A atravessar uma grande crise de confiança (que se prolonga desde o ano passado), a sucessão de resultados negativos tem sido uma constante durante o ano de 2025, perdendo contra adversários a que ganharia facilmente há uns tempos atrás.

A instabilidade da sua relação com o seu pai e treinador (tendo inclusive tomado a decisão de deixar de ser treinado pelo mesmo durante uns breves instantes), o foco mediático da sua relação com a tenista espanhola Paula Badosa (correndo rumores de que esta já terá terminado), desviaram a atenção do talentoso tenista grego daquilo que outrora era essencial: a sua carreira de tenista e a melhora do seu jogo, para colmatar as evidentes lacunas que o seu jogo apresenta actualmente.

A sua deliciosa esquerda a uma mão é constantemente atacada pelos seus adversários, porque deixou de fazer mossa a nível ofensivo, e defensivamente é muito permeável. O seu serviço deixou de ser tão eficaz, e a sua direita já não é tão penetrante e profunda como era quando Tsitsipas estava no topo da sua forma. 

O tenista helénico já foi finalista de torneios de Grand Slam, e agora tem dificuldade em ganhar encontros de primeira ronda contra adversários de qualidade infinitamente inferior à sua. Acumulando derrotas atrás de derrotas, não consegue entrar numa dinâmica de vitória consistente, que tenha o condão de restituir a sua confiança.

Tomando a decisão de começar a ser treinado (durante o hiato da sua relação profissional com o seu pai Apostolos) pelo temperamental croata Goran Ivanisevic (ex-treinador de Novak Djokovic), Tsitsipas pensava que o seu jogo ia ganhar outra dimensão e que iria voltar a ser um tenista para chegar às rondas finais dos torneios, nomeadamente os torneios de Grand Slam, no qual já poderia ter sido vencedor de um deles pelo menos, caso não tivesse sucumbido psicologicamente e cedido à solenidade da ocasião, quando se viu a ganhar por dois sets a zero contra Novak Djokovic, na célebre final de Roland Garros do ano de 2021.

Mas essa ligação não durou nem dois meses, tendo acabado depois de Ivanisevic ter tido declarações infames sobre o seu jogador. Por pior fisicamente que Tsitsipas possa estar, um treinador não pode proferir umas declarações, como as que Ivanisevic teve, acusando Tsitsipas de estar em pior forma do que ele, de ter pouca ética profissional e de não saber o que fazer para melhorar o seu jogo. Acto seguido (e compreensivelmente), Tsitsipas resolveu voltar à sua zona de conforto e ser treinado pelo seu treinador de sempre: o seu pai.

Sigo a carreira do tenista grego há muitos anos, sempre considerei tóxica a sua relação com o seu pai, mas entendo que tenha decidido voltar a ser treinado por ele, depois de ter sido humilhado publicamente. Mas esta volta às origens não teve o efeito que Tsitsipas desejava, sendo que depois de uma pouca convincente vitória na primeira ronda contra o francês Alex Muller, foi derrotado pelo alemão Daniel Altmaier (essencialmente um especialista de terra batida) quando parecia ter o encontro perfeitamente controlado. 

Estava a ganhar por dois sets a um, quebrou o serviço do alemão de entrada no quarto set, mas depois perdeu-se em campo, e começou a cometer decisões táticas erróneas e a perder o controlo do jogo. Perdeu esse quarto set, no quinto set ainda dispôs de match point no serviço do jogador germânico, mas não conseguiu aproveitar essa oportunidade, acabando por ceder o seu serviço no jogo seguinte. O jogo acabou com um momento de grande tensão entre ambos tenistas (perante a incredulidade de Altmaier), promovido por Tsitsipas, que chegou inclusive a dizer em tom ameaçador: “Da próxima vez não perguntes porque é que acertei em ti. Se serves por baixo…”

A estratégia de servir por baixo é totalmente legítima e não é de todo justificadora de uma atitude destas por parte do tenista grego. Este momento revela a atual instabilidade mental e emocional de Tsitsipas, que vai ter que trabalhar muito para reencontrar o seu melhor jogo e voltar aos lugares cimeiros do ranking mundial, algo que vejo difícil se não melhorar a sua condição física e não estabilizar mentalmente.

Por último, devo destacar negativamente a norte-americana Coco Gauff. Não tanto pelo facto de apenas ter chegado à quarta-ronda desta edição do torneio, mas sim pela forma como perdeu e por algumas declarações que considero totalmente descabidas e desafortunadas, mas eu já lá irei.

Começando pelo rendimento desportivo, Gauff ganhou Roland Garros este ano numa final que foi maioritariamente decidida por um vendaval de erros não forçados por parte da bielorrussa Aryna Sabalenka. Sim, Gauff teve mérito em ser a tenista que melhor se adaptou às condições de jogo (muito húmidas e ventosas), mas quando a tua adversária comete mais 40 erros não forçados (70 contra 30) do que tu numa final de Grand Slam, deve prevalecer esse facto na análise do jogo.


É manifestamente exagerada a pressão e comparação com Serena Williams de que Gauff é alvo por uma franja da comunidade tenística e da imprensa norte-americana. Têm estilos de jogo diametralmente opostos. Gauff é mais uma counterpuncher (termo usado na gíria tenística para descrever um jogadora que baseia o seu jogo em passar da defesa para o ataque), e Serena era uma jogadora que tomava constantemente a iniciativa do ponto, era extremamente ofensiva e tinha no serviço uma arma letal. Apesar de Coco Gauff ter apenas 21 anos, duvido que consiga chegar à excelência do melhor serviço da história do ténis feminino na minha humilde opinião.

Toda esta pressão e exposição mediática depois da sua vitória em Roland Garros, foram prejudiciais para uma tenista que tem mais de seis anos como tenista profissional, mas não deixa de ser uma jovem de 21 anos, que pode facilmente deslumbrar-se e perder o foco.

A superfície de relva exige muito mais de Gauff, que seja mais ofensiva e não seja tão passiva, pelo que não foi surpreendente que tenha perdido contra uma jogadora tão ofensiva como a ucraniana Dayana Yastremska. Foi na primeira ronda, mas pode-se dizer que não teve muita sorte com o sorteio, pois Yastremska estava a jogar muito bem em relva, e inclusive vinha de fazer final em Nottingham, num dos torneios de preparação para Wimbledon.

Depois dessa derrota inesperada (mas que até se pode considerar lógica, pelos motivos anteriormente mencionados) em Wimbledon, Gauff abdicou de jogar em Washington, não tendo tido prestações meritórias em Montreal (perdeu contra a prodígio canadiana Victoria Mboko nos oitavos-de-final) e em Cincinnati (perdendo para a italiana Jasmine Paolini nos quartos-de-final). 

Em ambos torneios, os maiores sinais de preocupação estavam relacionados com o seu serviço. Na sua estreia em Montreal contra a sua compatriota, Gauff cometeu 23 (!) duplas faltas. Na sua derrota contra Paolini em Cincinnati, Coco fez 16 (!) duplas faltas.

Para poder ser mais competitiva no Open dos Estados Unidos e para poder terminar com este “drama” das duplas-faltas, na semana anterior ao último Grand Slam da temporada, Coco Gauff fez algumas mudanças na sua equipa técnica, encerrando a parceria com o treinador Matt Daly e contratando o especialista em biomecânica Gavin MacMillan, com o objetivo de melhorar seu desempenho no serviço.

Depois de ultrapassar uma titânica batalha de primeira ronda de três horas com a australiana Ajla Tomljanovic (em que voltou a chegar aos dois digítos de duplas faltas), Gauff conseguiu derrotar a sempre perigosa Donna Vekic (medalha de prata olímpica e antiga semifinalista de Wimbledon) na segunda ronda, ultrapassou facilmente a polaca Magdalena Frech e parecia estar numa clara subida de prestação do seu serviço, o que aumenta exponencialmente os seus índices de confiança.

Numa reedição do encontro de terceira ronda da edição de 2019 (no qual Gauff tinha apenas 15 anos), Coco defrontava a japonesa Naomi Osaka, que manifestou publicamente e de forma muita corajosa todos os problemas de saúde mental com que tem lidado nos últimos anos. Os resultados desportivos não têm sido os mais convincentes, mas quando Osaka joga ao seu melhor nível, arrisco-me a dizer que ainda é provavelmente a melhor jogadora de pisos rápidos do mundo.

O seu excelente serviço faz-lhe ganhar muitos pontos gratuitamente, permite-lhe tomar a iniciativa do ponto, onde faz uso da profundidade, colocação e potência das suas pancadas. 

É inegável o facto de que Gauff cometeu mais de 30 erros não forçados, o que não é de todo habitual na tenista norte-americana, mas esta derrota de Gauff não pode ser dissociada da excelência do jogo de Osaka, que se encontra neste momento nas meias-finais do torneio e que se sagrou vencedora, sempre que chegou a esta fase de um torneio do Grand Slam.

Mas o que mais me desconcertou em Gauff, foram as duas declarações pós-jogo. Em conferência de imprensa, Gauff (que como disse anteriormente, tem apenas 21 anos), disse o seguinte: “Neste momento não me interessa o que vá fazer nos torneios até ao fim do ano. Só estou focada nos Grand Slam, isso é o que realmente importa.”.

Se esta declaração viesse de uma multi-campeã Venus Williams (que voltou a jogar e muito bem com 45 anos de idade), eu poderia compreender e considerar natural que abordasse a sua carreira desta forma.

Agora, uma jogadora de apenas 21 anos (que é certo que já é multimilionária), afirmar que só lhe importam os torneios do Grand Slam, e que o seu objectivo são apenas os torneios de Grand Slam, considero extremamente prematuro e pode inclusive ser prejudicial para o crescimento e natural evolução do seu jogo.

Gauff não pode achar que por mais consistente que seja, que não poderão surgir tenistas tão boas ou melhores do que ela nos próximos anos. Aliás, neste momento já as há, e ela devia ter consciência disso. Contrata uma nova equipa técnica, e só lhe importam os resultados que vai ter em quatro (!) torneios durante o ano (por mais que estes sejam os Grand Slam)?

Considero totalmente equivocado este mindset. Claro que uma jogadora com o seu estatuto deve priorizar os Grand Slam, mas isso não quer dizer que passe a menosprezar os restantes torneios, e acima de tudo, que lhe comece a dar preguiça jogar todos os outros torneios. Denotei uma extrema arrogância (nada usual em Gauff) no tom com que Gauff proferiu estas declarações, e estou convicto de que este não é o caminho certo, caso Coco queira continuar a melhorar como tenista e ser-humano, tendo sido exemplar até à data.

Angelina Barreiro
Angelina Barreirohttp://www.bolanarede.pt
Natural de Monção, a Angelina é Licenciada em Relações Internacionais e, Mestre em Economia Social pela Universidade do Minho. Vê o desporto como um dos bons lados da vida, que forma uma boa parceria com a escrita e o jornalismo. O seu interesse pelo desporto surgiu cedo, tendo como principal área de interesse o Futebol, o Ténis e a Fórmula 1.

Subscreve!

Artigos Populares

Iniciar caminhada com o pé direito | Arménia x Portugal

Arménia, Hungria e República da Irlanda são as turmas que Portugal terá de ultrapassar para chegar ao Mundial 2026.

Fernando Santos continua sem ganhar pelo Azerbaijão e sofre goleada de 5-0 frente à Islândia

O Azerbaijão de Fernando Santos continua num mau momento. A equipa orientada pelo técnico português foi goleada por 5-0 frente à Islândia.

Benfica vai receber Arouca no dia das eleições do clube

O Benfica vai jogar frente ao Arouca no dia 25 de outubro. O encontro vai ter lugar no dia das eleições para a presidência do clube encarnado.

Luís Freire comenta primeira vitória por Portugal Sub-21: «O adversário arriscou mais um bocado, tivemos espaço e acabámos com uma grande jogada e o...

Luís Freire abordou a vitória de Portugal frente ao Azerbaijão por cinco bolas a zero, num encontro relativo aos Sub-21.

PUB

Mais Artigos Populares

O que podemos esperar da nova dupla de pilotos da Cadillac? | Fórmula 1

A Cadillac vai juntar-se à Fórmula 1, em 2026, e já anunciou a dupla de pilotos que vai correr pela equipa norte-americana e pode-se dizer que apostaram na experiência.

Barcelona pode vir a arrepender-se: Marcus Rashford já foi avisado por Hansi Flick

O Barcelona contratou Marcus Rashford neste mercado de transferências, mas a forma do internacional inglês está longe de agradar.

Uganda aplica goleada em Moçambique e Marrocos qualifica-se: eis os resultados da qualificação africana para o Mundial 2026

O Uganda bateu Moçambique por quatro bolas a zero durante esta sexta-feira, num encontro da qualificação para o Mundial 2026.