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Euro 2024, Grupo C: terça-feira, 25 de junho de 2024, 20h
A ANTEVISÃO: EXIGE-SE MAIS FUTEBOL AOS CRIADORES DO JOGO – ESLOVENOS COM OPORTUNIDADE HISTÓRICA DE CLASSIFICAÇÃO
Vida difícil para a Inglaterra, apesar dos quatro pontos ao fim de duas jornadas. As mandrionas exibições provocam o rebuliço dos mais fanáticos e até dos mais experientes – a selecção dos Três Leões é, na Alemanha, a que pior se apresenta do leque de favoritas, por isso despertaram Gary Lineker e Alan Shearer, porta-vozes da nação que não mediram as palavras na avaliação: insuficiente, negativa, com direito a todo o slang. Harry Kane, o capitão tão ou mais goleador do que eles foram, chegou-se à frente logo no Domingo; Declan Rice depois, acompanhado por Gareth Southgate.
As apreciações referem sobretudo o posicionamento e a apatia de Kane, insinuando que faz tudo menos ser ponta de lança; Sugeriu-se até que o ritmo lento se alastrou a todo o sistema, que a equipa da Inglaterra não funciona derivado dum sem número de pormenores, o mais pertinente a suposta “falta de vontade” e o mais factual aquilo de não existir lateral-esquerdo de raiz – Luke Shaw, cheateado pelo tendão desde Fevereiro, continua a recuperar… em estágio, ainda que já tenha treinado esta Segunda, dia 24 – faltando também resolver as fracas dinâmicas da intermediária, com Alexander-Arnold a apresentar-se muito abaixo do expectável.
Se Kane e Rice enfrentaram as críticas de frente, aceitando o estatuto dos protagonistas da novela e tentando argumentações bem calculadas, esbatendo ponto a ponto, coube ao comandante Southgate a relativização. «É o mundo em que vivemos. Sou alheio a isso, não me é de todo importante. O que é importante para mim é guiar este grupo de jogadores e fazer o melhor no torneio. Somos uma equipa de grande perfil e eu sinto-me confortável neste cargo. Aliás, não preciso de ouvir o ruído exterior porque sou o meu maior crítico, assim como todos os jogadores consigo próprios. »[1]
Kane, depois de lembrar Lineker e Shearer que… «também não ganharam nada», aproveitou as críticas para fazer um exercício de revisionismo histórico, lembrando a todos que competições internacionais exigem outro tipo de preparação – é essencial não entrar a matar. «As experiências passadas realmente ajudam, eu tento aprender com elas. Os jogadores mais internacionais, que estão aqui há mais tempo, fazem o mesmo e temos a responsabilidade de partilhar esse conhecimento com os mais novos. O que interessa realmente é onde e como termina. Ninguém se lembrará do 1-1 com a Dinamarca se ganharmos o Euro. Basta entender que não se pode pensar que está tudo bem por ganharmos 3-0 e não podemos entrar em depressão por estarmos a apresentar o nível de jogo actual. O que interessa é chegar à fase a eliminar. Chegando aí, só depende de nós.»[2] Kane, que começou o Mundial da Rússia com cinco golos nos dois primeiros jogos, só marcaria mais um no caminho até às Meias-finais; No Euro2020/1, fez ao contrário: fica em branco nos grupos e explode no mata-mata, com quatro golos. No Qatar, repetiu a fórmula: fase de grupos em branco, golos nos Oitavos e nos Quartos. Pelas estatísticas de 2024, é essa receita novamente prato do dia.
Ainda mais alheio a tudo isso estará Clément Turpin, senhor do apito neste Inglaterra x Eslovénia e que já esteve no jogo inaugural.
[1] https://www.bbc.com/sport/football/live/cg33354pyqet
[2] https://www.theguardian.com/football/article/2024/jun/23/harry-kane-gives-history-lesson-to-suggest-he-will-peak-in-the-knockouts
10 DADOS RÁPIDOS
- Seis confrontos entre Inglaterra e Eslovénia: grande aproveitamento dos primeiros, com cinco vitórias. Uma delas (1-0) nos grupos do Mundial 2010.
- A Inglaterra está invicta em fases de grupos do EURO desde 2004 (1-2, França). Em 2008 não se classificaram.
- Southgate tem tido dificuldades em encontrar a fórmula certa, sobretudo a atacar: sete remates à baliza nestes dois jogos, com xG de 0,54 contra a Sérvia e 0,82 versus Dinamarca.
- No seu reinado, contam-se 21 jogos contra o actual top10 do Ranking FIFA, e o registo não é animador: 10 derrotas e cinco empates!
- A Eslovénia pode estar longe desse estatuto (57º lugar da FIFA) mas é importante realçar os notáveis feitos desta geração – que só perdeu dois dos últimos 23 jogos (13V, 8E): desde Junho de 2022, só Finlândia (Junho de 2023) e Dinamarca (Novembro último). É a melhor fase de sempre.
- Podem aproveitar o embalo e conseguir a primeira vitória de sempre em Europeus, missão falhada em 2000 (2E, 1D) e ainda por aparecer, apesar da invencibilidade actual.
- Bastando empatar se a Dinamarca não vencer a Sérvia, o 1.º lugar dará à Inglaterra grandes probabilidades de encontrar a Áustria, por enquanto o melhor terceiro dos Grupos D/E/F; seria o escaldante reencontro dos tabloides com Ralf Rangnick.
- À Eslovénia interessa apenas ganhar, que só assim fica apurada – e tem que esperar pelo tropeção da Dinamarca para realizar o cenário mais difícilKARNICNIK, o apuramento enquanto líder do grupo.
- Cinco golos nos últimos seis jogos de EURO para Harry Kane.
- Quatro jogos apitados por Clément Turpin a ingleses: duas vitórias e duas derrotas; uma derrota na única ocasião com eslovenos.
JOGADORES A TER EM CONTA
Cole Palmer – Pode ser o determinante ponto de charneira na estrutura do sonho da Inglaterra. As coisas não estão a funcionar, Foden e Bellingham atrapalham-se nas entrelinhas, Kane ainda está a arrancar, Trippier não encarrila por falta de canhota saliente. Palmer, mesmo que se tenha destacado a partir de zona central ou meia direita no Chelsea, pode dar uma ajuda na exploração daquele corredor – e dotar o onze de mais um canhoto, imprevisibilidade sempre necessária, que Saka não tem mãos a medir com as encomendas…
Zan Karnicnik – Estrela do Celje que eliminou o Vitória vimaranense das competições europeias na temporada que findou, Karnicnik entretém-se na ala direita à custa de muito rigor e dedicação – as valias técnicas, não sendo de elite, não prejudicam o desempenho, já que a solidariedade que aborda cada lance e o sentido prático de excelência, evidente no golo marcado à Sérvia (foi o MVP), tornam-no num lateral competente, com capacidade para, sozinho, tomar conta do corredor. Chega ao último jogo com um grande desafio: continuar a tornar inútil o flanco esquerdo inglês. Com 8.50 bolas recuperadas por jogo, é vice-líder nesse capítulo – acompanhado por nomes como Akanji, Guéhi ou Calafiori –, só suplantado pelo croata Sutalo, que conta umas extraordinárias 9,50.
XI´s PROVÁVEIS
Inglaterra: Pickford; Walker, Stones, Guehi e Trippier; Bellingham e Rice; Saka, Foden e Cole Palmer; Kane
Treinador: Gareth Southgate
«Penso que tivemos ciclos diferentes com esta equipa, momentos distintos. Não creio que a nossa perfomance nestes dois jogos tenha reflectido o nosso nível nos últimos anos. Estamos numa fase onde não funcionamos da maneira que pretendemos. É um grande desafio perceber o que está mal, corrigir e ser honesto sobre o que se passou há três ou quatro dias».[1]
Eslovénia: Oblak; Karnicnik, Drkusic, Bijol e Janza; Stojanovic, Gnezda Cerin, Elsnik e Mlakar; Sporar e Sesko
Treinador: Matjaz Kek
«Respeitamos muito a Inglaterra. Sabemos qual a sua força e individualidades. Ainda agora começou o Euro e já os consigo ver como favoritos. Tentaremos neutralisá-los, sabendo que também temos a qualidade necessária para marcar». [2]
[1] https://www.bbc.com/sport/football/live/cg33354pyqet
[2] https://www.france24.com/en/live-news/20240624-slovenia-boss-kek-expects-troubled-england-to-mount-euro-charge
PREVISÃO DE RESULTADO: Inglaterra 2-1 Eslovénia