António Barbosa: Liga 2 – Os desafios defensivos na luta pela manutenção

    António Barbosa está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol e professor universitário. Da Escola de Futebol Fernando Pires, em Braga, onde se iniciou como técnico em 2002. O técnico de 41 anos tem acumulado experiências, no campo e no gabinete (coordenação da formação), ao serviço de Vilaverdense, Trofense, Famalicão (sub-23), Varzim, Sanjoanense e Lank Vilaverdense, último projeto que abraçou, esta temporada, na Liga 2, e que foi prematuramente interrompido ao fim de apenas nove jogos oficiais.

    A luta pela permanência na Liga 2 passa também pelo desempenho defensivo. A análise dos comportamentos em ações de golo sofrido, aos últimos três classificados (Feirense, Belenenses e Lank Vilaverdense) identifica padrões de comportamento que ajudam a contextualizar a posição na tabela.

    Eis as conclusões que se evidenciam:

    Feirense | 27 Pontos | 43 golos sofridos     

    A equipa sofreu 24 golos em organização defensiva. Dez golos surgiram na sequência de momentos de pressão no setor ofensivo, evidenciando a relação entre a pressão alta no terreno de jogo, ou a dificuldade numa pressão eficaz, e a reorganização defensiva. Quando a pressão é batida, a consequência é máxima.

    Em situação de defesa mais próxima da sua baliza, o Feirense concedeu outros nove golos em marcação homem-a-homem, dentro da área, situação na sequência da qual os seus posicionamentos foram arrastados, libertando espaços primordiais de finalização.

    Nas situações de bolas paradas defensivas, os golos sofridos são maioritariamente de penálti, com o Feirense a demonstrar ser uma equipa eficaz, sobretudo, na defesa dos cantos. 

    A defesa da profundidade e da variação de flanco no momento imediatamente anterior à finalização, é igualmente um desafio, que até ao momento resultou em cinco de oito golos sofridos em transição defensiva.

    Belenenses | 26 Pontos | 49 golos sofridos     

    Mais de metade dos golos sofridos acontecem em momento de organização defensiva, sendo de realçar que em 10 situações a equipa tem uma relação numérica de superioridade absoluta no centro de jogo (dois ou mais jogadores do que o adversário).

    Quando tenta defender em bloco mais alto, os movimentos de profundidade e diagonais da equipa adversária nas costas dos seus centrais originaram seis golos sofridos.

    De realçar ainda que a equipa sofreu oito golos em situações de remate exterior, na zona central, evidenciando a dificuldade em manter-se compacta e pressionante em zonas de tiro à sua baliza.

    Em transição defensiva, o Belenenses sofreu apenas sete golos. Uma realidade que está relacionada com a forma como ataca: é uma equipa que privilegia um jogo direto, procurando chegar à baliza adversária em contra-ataque, tendo sempre vários jogadores atrás da linha da bola quando perde a posse.

    Nas bolas paradas defensivas é de realçar cinco golos sofridos na sequência de perda de segunda bola, ou com bola na zona atrasada, bem como outros 5 golos sofridos sempre ao primeiro poste.

    Lank Vilaverdense | 21 Pontos | 55 golos sofridos     

    É uma equipa que procura jogar em ataque posicional. O comportamento na primeira etapa de construção da equipa, ainda em setor defensivo, resultou em três situações de perda e golo sofrido. A entrega da posse de bola aos adversários ocorreu sempre corredor central, face à pressão oposta em igualdade numérica.

    Relativamente aos golos concedidos em transição defensiva, é de realçar que a equipa sofreu sete golos em igualdade numérica, com três em situações de segunda bola, o que expõe a dificuldade em reorganizar a defesa da zona da baliza.

    Nas bolas paradas, onde a equipa sofreu um total de 19 golos, evidencia-se a dificuldade em disputar a primeira bola no primeiro poste, situação em que nasceram dez golos sofridos.

    Em organização defensiva a equipa é eficaz no fecho do corredor central, evidenciando mais dificuldade em travar os corredores laterais e os movimentos nas costas do central oposto (diagonal contrária à bola). As diagonais nas costas ou em apoio do ala oposto são responsáveis por 13 golos sofridos.

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