João Prates: A sina portuguesa do sofrimento | Portugal x Chéquia

    João Prates está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol e inicia o seu espaço de opinião no nosso site em pleno Euro 2024. O técnico de 51 anos já orientou o Dziugas da Lituânia, o Vaulen da Noruega e esteve na formação do Al Batin e Hajer Club da Arábia Saudita.

    Dois momentos que vão ficar na história do futebol: Cristiano Ronaldo faz o sexto Europeu consecutivo e Pepe torna-se o jogador mais velho de sempre a marcar presença nesta grande competição de seleções..

    O Jogo

    O futebol é simples e Martinez complicou. Numa estrutura de 1x3x4x3, optou por Nuno Mendes como central e Cancelo como lateral interior. Nuno Mendes nunca se sentiu confortável naquela zona do campo, Cancelo andou em zonas interiores sem ter acções ofensivas e o lado esquerdo ficou dependente dos raides de Rafael Leão.

    Há várias questões a colocar: Gonçalo Inácio jogou toda a época no Sporting neste sistema, um jogador de muita qualidade na construção, perante um bloco baixo da Chéquia, não seria – como se veio a comprovar a partir dos 63 minutos – a melhor opção para iniciar o jogo? Nuno Mendes é aquilo que chamamos em linguagem futebolística um ‘cavalo’ e, perante o bloco baixo da Chéquia, não teria sido mais útil no corredor?

    Para analisar o jogo de Portugal é obrigatório olhar para o adversário que está do outro lado e a diferença de qualidade é enorme. A equipa das quinas dominou o jogo e a posse, mas sempre de forma lenta, previsível e sem movimentos de ataque à profundidade ou sobreposições nos corredores, o que tornou a organização defensiva do adversário mais fácil.

    Rafael Leão e Ronaldo estiveram perto de marcar nos dois lances da primeira parte em que Portugal podia ter inaugurado o marcador.

    Cristiano Ronaldo Portugal
    Fonte: Filipe Oliveira / Bola na Rede

    Segunda Parte

    Portugal entrou igual: dominador, com mais posse, mas uma posse consentida pelos checos, que mantinham o seu foco na organização defensiva, esperando por um erro de Portugal.

    A posse de bola pode ser esteticamente bonita, mas o futebol continua a viver de objectividade e a Chéquia, com poucos passes e muita passividade dos jogadores lusos, fez um lindo golo.

    Martinez percebeu os equívocos, tirou Dalot e Rafael Leão e colocou Gonçalo Inácio e Diogo Jota. Portugal melhorou. Cancelo e  Nuno Mendes ocupavam agora os seus lugares habituais, Jota oferecia mais amplitude e Vitinha assumia, ainda com mais evidência, a batuta do meio campo. Portugal empataria num lance de infelicidade do central checo, depois de Nuno Mendes (na sua posição de ala) cabecear para defesa incompleta do guarda- redes.

    Vitinha Portugal
    Fonte: Filipe Oliveira / Bola na Rede

    Com 20 minutos para jogar, e perante este adversário, Portugal tinha a obrigação de ir à procura do segundo golo. Aguardava-se que o selecionador  refrescasse a equipa, pois algumas unidades davam sinais claros de cansaço, nomeadamente Bernardo Ronaldo, e a verdade é que Portugal tinha no banco quem pudesse agitar o jogo. Contudo, Martinez esperou até aos 90’ para voltar a mexer e a sorte bateu-lhe a porta. Pedro Neto e Francisco Conceição, nas primeiras vezes que que tocaram na bola, oferecem os três pontos a Portugal.

    Em suma, Portugal, pela qualidade individual dos seus jogadores, tem de jogar mais, ser mais objectivo, mais dinâmico e ter no seu selecionador um facilitador para que todos possam render no máximo da sua qualidade. A vitória é justa, os três pontos são importantes, mas a qualidade dos adversários vai subir e só o melhor de cada um (ofensivamente e  defensivamente) somado ao colectivo pode fazer Portugal sonhar com o titulo europeu.

    Destaques

    • Francisco Conceição: um toque, um golo.
    • Cristiano Ronaldo e Pepe: pela história que deixam no futebol mundial.
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