Força da Tática: No silêncio das goleadas, evolui um candidato

Esta semana de Liga dos Campeões marcou a qualificações de várias equipas para os oitavos de final da prova. No Grupo H, Manchester United FC e Juventus FC confirmaram o passaporte para a próxima fase com vitórias pela margem mínima frente a BSC Young Boys e Valencia CF, respetivamente.

Quando, nesta edição, se fala em candidatos à vitória, é difícil não pensar em Manchester City FC, Barcelona FC, Club Atlético Madrid e Juventus FC, assim, alguns adeptos podem estranhar o facto da vitória bianconeri ter sido alcançado apenas pela margem mínima.

É dessa vitória mínima que vou falar, três pontos que contam uma história muito interessante de uma equipa que de forma silenciosa vai dominado adversários. Da forma segura como circula a bola e domina o adversário, sempre preparada para uma possível perda da mesma, à forma como se organiza defensivamente.

Equipas Iniciais

O Valencia apresentou o seu habitual sistema 4-4-2, com Parejo e Kondogbia no centro do meio campo, Coquelin pelo lado direito e Guedes pela esquerda. Na frente a dupla Santi e Rodrigo, tinha a missão de destabilizar a construção italiana, sem bola.

Já a Juventus manteve o seu, cada vez mais habitual, 4-3-3 com Pjanic a ser ladeado por Matuidi e Bentancur. O internacional uruguaio continua a evoluir no silêncio, à semelhança da equipa, e assume cada vez um papel de importância no plantel da Juventus, repleto de opções e qualidade. Dybala começou o jogo na frente de Cancelo, pela direita, mas flutuava constantemente para o corredor central, assumindo-se como um #10, com o corredor entregue ao português.

Valencia, um candidato à Liga Europa

Marcelino García Toral não teve um início de época muito fácil, mas é inegável a forma exímia como trabalha o momento de Organização Defensiva, através do clássico 4-4-2, defendendo de forma sólida e transitando rapidamente quando a bola é recuperada. Não se trata de um sistema “Estacionar o Autocarro”, longe disso como vemos nas imagens em baixo, pelo adiantar dos jogadores. Mina e Rodrigo tentaram de forma ativa pressionar os defesas centrais e Pjanic, de forma a prevenir a progressão da bola de forma tranquila e estável. A Juventus, ao fazer subir os seus defesas laterais, Cancelo e Alex Sandro, conseguia ter superioridade numérica 3vs2 no centro do terreno, mas os dois avançados do Valência realizaram um excelente trabalho na prevenção do “passe fácil” para Pjanic.

Fonte: BT Sport 2

 

Com a ligação Defesas Centrais – Pjanic bloqueada, de forma direta, Bentancur ia baixando junto ao lado direito, aproveitando o espaço criado pela subida de Cancelo, para receber e avançar até ao meio campo.

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Quando dava de frente com a primeira das duas linhas de quatro do Valencia, a equipa procurava Dybala, entre linhas, ou as ações individuais de Cancelo.

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Dinâmicas relativamente simples e sem muito risco, sempre com jogadores atrás da linha da bola, com a finalidade de encontrar o homem livre entre linhas. Vemos também a importância de ter um homem a fixar a linha defensiva e que reconhece o movimento de Cancelo, quando este vêm para dentro, indo para fora, para criar o espaço no meio.

Contudo o Valência realizou um excelente trabalho na fase defensiva. Os movimentos de Bentancur e Dybala, que baixavam para receber o 1ª passe, permitiam à equipa ultrapassar a linha de pressão do Valencia, o que colocava grande pressão sobre a segunda, em especial Dani Parejo e Kondogbia.

Esta dupla tinha de dividir a sua atenção entre o portador da bola (na sua frente), o homem que tinham a flutuar nas suas costas (Dybala) e a posição dos restantes companheiros, uma missão que realizaram bem, se tivermos em consideração a dificuldade da mesma. Escolhendo bem os momentos para pressionar ou manter a posição central.

Se fazemos o 1-0, o jogo está feito

Esta é, provavelmente, a sensação que os jogadores da Juventus tem quando entram em campo. Pelo menos é a que eu tenho quando vejo os jogos da equipa de Turim, muito semelhante aquela que sentia nos melhores anos do Atlético de Madrid de Simeone, das duas finais da Liga dos Campeões.

Fonte: BT Sport 2

Ronaldo, mantêm-se encostado ao flanco esquerdo onde recebe para encarar o adversário. Quando isto acontece, o português ou vêm para dentro e remata ou solta na sobreposição de Alex Sandro, que vêm disparado desde trás. A equipa de Turim coloca 3 homens em zona de finalização e mantêm dois na cobertura à grande área, com a equipa preparada para ganhar segundas bolas e evitar as transições do adversário.
Esta é, provavelmente, a sensação que os jogadores da Juventus tem quando entram em campo. Pelo menos é a que eu tenho quando vejo os jogos da equipa de Turim, muito semelhante aquela que sentia nos melhores anos do Atlético de Madrid de Simeone, das duas finais da Liga dos Campeões.

2ª Parte

No segundo tempo, Allegri colocou Quadrado na direita e passou Cancelo para o corredor esquerdo. Uma alteração que soltou ainda mais Dybala para as zonas centrais e manteve Cristiano próximo ao corredor esquerdo. Um esquema assimétrico, que permitia à Juventus chegar com facilidade ao último terço e controlar o jogo.

Controlar o jogo por aquilo que deixava o Valencia jogar. Isto é, mesmo que a Juventus perdesse a bola, isso acontecia próximo à grade área adversária e não na sua zona média o que tornava muito difícil para o Valencia colocar em prática contra-ataques.

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Vemos como a Juventus reage à perda da bola, aproximando, comprimindo o espaço forçado ao jogo direito onde vinha ao de cima a capacidade de antecipação dos defesas centrais, permitindo à equipa manter-se no meio campo adversário, com bola.

Uma equipa que domina os adversários pela forma como posiciona as suas peças em campo, ligadas fortemente entre si. No tabuleiro de Allegri, as peças estão conectadas para ganhar a competição e não para golear adversários.

Foto de capa: Juventus FC

Revisto por: Jorge Neves

 

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João Mateus
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