A nova época de Formula E arrancou no passado dia 15 de dezembro em Ad Diriyah, na Arábia Saudita. Começou bem e foi uma corrida entusiasmante, com indecisão até ao fim, muito devido ao facto de os pilotos terem de se adaptar aos novos carros ou ao novo formato das corridas. Contudo, no final, a bandeira axadrezada desceu para apenas um homem, e esse é António Félix da Costa.
O português teve uma corrida muito longe de calma, com Jean Eric Vergne a não vencer por culpa de uma penalização. Durante toda a corrida, os carros da Techeetah foram sempre mais rápidos que o Bmw Andretti de Félix da Costa. A Formula E é um desporto relativamente recente – vai apenas para a sua quinta temporada, onde houve sempre um vencedor diferente. Deste modo, fazer previsões no inicio da época tem uma grande probabilidade de dar errado. Contudo, esta temporada revela a possibilidade de ter um português como vencedor, e a Bmw Andretti parece ter construído o carro para tal.
Na Formula E, os monolugares são iguais em termos de chassis e componentes aerodinâmicos; as equipas apenas mudam os motores elétricos e suspensão, e, este ano, parece que a Bmw acertou em cheio. Nos testes de pré-época foram os mais rápidos, com o português a liderar a tabela com o melhor tempo, seguido por Vergne e o seu colega de equipa, Alexander Sims. A primeira corrida foi promissora – Félix da Costa qualificou-se em Pole Position e acabou por vencer, mas a história da corrida foi a velocidade estonteante dos carros da Techeetah, onde Vergne e Lotterer eram mais rápidos que os Bmw, e só não ganharam por sofrerem penalizações.
Vai ser uma época longa, em que estas duas equipas vão lutar pelo lugar de topo e, claro, não se pode esquecer a Audi, que, apesar de terem tido uma primeira corrida abaixo das expetativas, são os campeões de construtores, e nunca se devem colocar de lado como possíveis candidatos ao título. Contudo, o facto é que António Félix da Costa tem um carro competitivo, e a possibilidade de mostrar o talento pelo qual há muito ele é conhecido por ter. Desde os seus dias na Formula Renault que ele era considerado um futuro piloto de Formula 1. Fazia parte da academia de pilotos da Red Bull e muitos consideram que o português apenas perdeu o lugar na Toro Rosso em 2014 para Daniil Kvyat por razões políticas. A Formula E pode ser jovem, mas já possui um bom pedigree no que toca à qualidade dos seus pilotos, muitos deles ex-pilotos de Formula 1 a quem não foi dada uma merecida oportunidade, como Jean Eric Vergne ou veteranos muito respeitados, como Felipe Massa. Se o piloto português da Bmw se conseguir afirmar como campeão no meio destes grandes pilotos, vai finalmente demonstrar o seu talento e, quem sabe, finalmente abrir as portas da Formula 1.
Texto revisto por: Mariana Coelho
Foto de Capa: BMW Motorsport