Imperou a lei do mais forte no Estádio da Luz e o SL Benfica derrotou o CD Tondela com um golo aos 84 minutos de Haris Seferovic. Depois de, na época passada, a equipa Beirã ter vencido por 2-3 no Estádio da Luz, com show de Miguel Cardoso (atualmente no Dynamo de Moscovo), a equipa do CD Tondela voltou a fazer uma excelente exibição num dos palcos mais difíceis de se jogar como visitante no nosso país e foi por muito pouco que não voltou de Lisboa com pontos pelo segundo ano consecutivo.
É impressionante como Pepa, atual técnico do CD Tondela, voltou a montar uma estratégia que, não só anulou em grande parte do jogo a superioridade individual e coletiva do SL Benfica, como deu fluidez e argumentos ofensivos para ganhar o jogo. Pelo segundo ano consecutivo, Pepa dotou a equipa de valências que a fizeram sonhar com mais um resultado histórico na Luz.
Alicerçada num 4-4-2, a equipa de Viseu apareceu afoita e descomplexada no Estádio da Luz. Cláudio Ramos, novamente em grande nível, na baliza, quarteto defensivo com David Bruno e Joãozinho nas laterais, Ricardo Costa e Jorge Fernandes a centrais. No meio campo, corredor central entregue a Bruno Monteiro e João Pedro, com António Xavier e Juan Delgado mais descaídos. Na frente, Tomané e Jhon Murillo. Estes onze jogadores apresentaram-se a um nível individual muito bom, o que se espelhou numa exibição coletiva deveras interessante.
A diferença entre os ativos do SL Benfica e do CD Tondela é abismal, mas a equipa de Pepa soube disfarçar ao máximo essas diferenças, com um futebol “simples”, à primeira vista, e com pedras fulcrais no seu conjunto a destacarem-se.
Houve duas unidades que estiveram a um nível tremendo. João Pedro encheu o campo e foi a chave da grande exibição dos Beirões. O ex-LA Galaxy, que tinha sempre as coberturas atentas do experiente Bruno Monteiro, esteve em todo o lado. Cumpriu defensivamente, sobretudo na ocupação de espaços e a cortar linhas de passe, mas também se exibiu a um bom nível ofensivamente, revelando toda a sua qualidade de passe e visão de jogo, fazendo a ligação perfeita nas transições ofensivas.
Na frente para além de Tomané, sempre fortíssimo nos duelos, esteve um endiabrado Jhon Murillo. O internacional venezuelano, dispensado pelo SL Benfica no passado verão, jogou na Luz espicaçado e extremamente motivado. Em constantes procura de espaço, deu sempre solução aos colegas, sobretudo ao nível da profundidade, tendo estado inspiradíssimo também no um para um com os defesas encarnados.
Estas duas unidades, João Pedro e Jhon Murillo, marcaram a diferença e permitiram ao CD Tondela, não só defender o 0-0, como sonhar com nova vitória na Luz. Foram eles que permitiram a equipa se distinguir de todas as outras que lutam para não descer e que vão à Luz sofrer dois ou três no mínimo. Pepa teve o condão de dar à equipa argumentos para competir realmente com o SL Benfica. De resto, Bruno Monteiro, Ricardo Costa e Jorge Fernandes “secaram” Félix, Jonas e Seferovic, “secaram”, entenda-se, dentro do possível, e Cláudio Ramos encheu a baliza quando necessário.
Mais uma vez, o CD Tondela de Pepa provou como se joga num estádio de um grande, num jogo onde ativos como João Pedro e Murillo mostraram que podem e conseguem mais nas suas carreiras.
Foto de Capa: CD Tondela