A época desportiva 2019/2020 aproxima-se a passos largos do seu final. Com a cortina das competições nacionais e internacionais prestes a cerrar, há já algumas certezas no que concerne à próxima temporada.
Uma delas prende-se com o futuro de Hector Herrera. Mais dia menos dia, mais declaração de amor menos jura de paixão, e o mexicano será confirmado como reforço, ao que parece, do Atlético de Madrid. Seja este ou não o destino do capitão do FC Porto, parece claro que o médio acabará por deixar o Dragão.
Inicia-se, portanto, o debate sobre a sua sucessão. Cinco épocas depois, chega ao fim o legado de Herrera. Durante muitos anos um mal-amado da bancada, a verdade é que acabou sempre por ser opção. Com todas as qualidades e defeitos que tem acaba por levar a equipa para um estilo de maior vertigem e de menor circulação.
Fonte: FC Porto
Para já, Óliver Torres perfila-se como candidato único à vaga deixada por Herrera. Há que considerar o eventual regresso de Sérgio Oliveira e a possível chegada de reforços para a posição. De qualquer forma o espanhol avança para a próxima época na pole position.
É um jogador sem igual no plantel e no futebol português. O dínamo espanhol é o melhor no capítulo do passe e a gerir os ritmos de jogo. A falta de oportunidades apenas pode ser justificada pela ideia de jogo de Sérgio Conceição para a equipa porque jamais poderá ser utilizado o argumento da qualidade. Óliver é exímio no controlo, na retenção e transmissão da bola e uma solução ideal para quem prefere privilegiar a circulação em detrimento da incessante procura da profundidade e do transporte de bola.
É, também, importante contrariar o argumento, tantas vezes utilizado para justificar a sua falta de utilização, que se prende com a suposta dificuldade do espanhol no momento defensivo. Para além de ser o melhor no capítulo do passe e a gerir os ritmos de jogo, nunca perde agressividade no momento defensivo.
Sérgio Conceição afirmou há meses que o jogador fez trabalho específico no sentido de melhorar esse capítulo do seu jogo, mas eu, como tenho vindo a proclamar, considero que essa nunca terá sido uma lacuna, mas sim mais uma das suas qualidades. Óliver é talentoso, mas operário, e compensa a falta de robustez física com uma inteligente ocupação dos espaços e com uma capacidade de desarme invulgar para um jogador tão tecnicista. Um prodígio.
É certo que perde para Herrera no transporte de bola em progressão dada a passada mais larga do mexicano, no entanto, nunca se pode ou deve descurar a qualidade de um jogador como Óliver.
Assim, apesar do lamento que fica pela saída de um jogador que soube conquistar o seu espaço e estatuto, fica a ideia de que a sua saída pode ser uma oportunidade para alterar e elevar o nível de jogo da equipa, que esta época, diga-se, deixou a desejar. Se à saída de Herrera juntarmos a provável transferência de Marega para Inglaterra percebemos que Sérgio Conceição pode, agora, tentar introduzir novas variantes no jogo da equipa e dar maior primazia à posse, controlo e circulação de bola.
Foto de Capa: FC Porto
Artigo revisto por: Jorge Neves