O Sport Lisboa e Benfica pode vir a ter um projeto na estrada em 2021. Nesta segunda-feira, em declarações ao Bola na Rede TV, Rui Porto Nunes referiu que existe essa hipótese para os lados da Luz.
Apesar de não haver nenhum veredicto sobre o assunto, o cenário de uma possível reentrada da marca Benfica no pelotão nacional deixa o aficionado comum algo pensativo.
A última vez que o SL Benfica esteve na estrada foi em 2008. O projeto na modalidade durou duas épocas, visto que tinha começado em 2007. Alguns ciclistas da equipa ainda correm na atualidade, como Edgar Pinto (W52-FC Porto), Rui Costa (Team UAE Emirates), Hugo Sancho (Miranda-Mortágua) e o atual campeão nacional de estrada, José Mendes.
Uma equipa recheada de talento, mas também composta por nomes mais experientes. A equipa tinha o experiente José Azevedo, o “Foguete da Rebordosa” Cândido Barbosa, Rúben Plaza, que acabou por se tornar um ciclista de WorldTour, e Danail Petrov, que foi várias vezes campeão nacional búlgaro. O Benfica tinha o estatuto de equipa pro continental, acabando a temporada com 14 vitórias. As prestações obtidas não foram de encontro com as expetativas, deixando de haver financiamento por parte da João Lagos Sports.

Havendo uma possibilidade de retorno do clube encarnado, algumas questões se levantam. Seria benéfico o Benfica ingressar na modalidade? O clube estaria disposto a libertar fundos suficientes para construir uma boa equipa? Ou iria juntar-se a uma equipa já existente? O projeto seria para durar?
Enquanto se fala neste cenário hipotético, o Sporting CP não vai ter o nome associado ao ciclismo nesta época que se aproxima. O clube desvinculou-se do Clube Ciclismo de Tavira, afastando-se da modalidade, após quatro épocas no calendário velocipédico. O FC Porto encontra-se ligado à W52, desde 2016, conquistando várias vitórias desde então. A continuidade para a próxima temporada está assegurada, com nomes apontados para a revalidação do título na Volta a Portugal, casos de Amaro Antunes e do inevitável João Rodrigues.
Desengane-se o adepto, que não acha impactante a presença de uma equipa dos três grandes nas estradas portuguesas. A vinda dos grandes clubes do futebol para o ciclismo acaba por promover a modalidade, criar uma maior dinamização de meios e recursos, mas também novos patrocinadores e parcerias. Muitas marcas querem, desde logo, associar-se ao nome SL Benfica, Sporting CP ou FC Porto.
Aquela rivalidade que já vimos, outrora, nas estradas portuguesas traria um maior ânimo durante os percursos das etapas em Portugal. O SL Benfica é uma marca muito grande, com uma massa adepta gigante, certamente que a sua vinda para o ciclismo impulsionaria o número de pessoas nas bermas das estradas, causando um maior mediatismo nas conversas de café, e mesmo nos diários desportivos.
Já se procura há algum tempo um travão na hegemonia da equipa portista. Um projeto de cores vermelhas seria bom para aumentar a competitividade a nível nacional e, quem sabe, expandir o ciclismo português.
No entanto, será que os novos “adeptos” da modalidade seriam os mais interessantes? Ou será que o ódio do futebol e das outras modalidades iria transparecer para o ciclismo? Se assim for, existem dúvidas quanto ao modo saudável/fair play da assistência nas provas.
A tornar-se realidade, pode ser uma faca de dois gumes, com diversos pontos positivos, mas com a possibilidade de existência de alguns negativos, com o principal a ser criado pelas próprias pessoas, que não gostam de ciclismo, aumentando (mais ainda) a clubite de alguns “pseudo fãs” de ciclismo pela altura da Volta a Portugal.
Foto de Capa: Volta a Portugal