Universo Paralelo: Roubaix à chuva

    Este Universo Paralelo pode surgir de muitas maneiras – seja a China a ter melhores regras sanitárias para os seus mercados de carne, seja a ser um país democrático liberal onde não se silencia quem avisa do surgimento de um novo vírus, seja qualquer outra possibilidade que deixo à imaginação do leitor -, mas o ponto fundamental é simples: sem isolamento imposto pelo Coronavírus, a época ciclística continua na estrada ao seu ritmo normal com o Paris-Roubaix.

    Na Ronde, Greg van Avermaet esteve quase a quebrar o enguiço e foi até foi o mais forte no paralelo, mas um grupo reduzido de perseguidores alcançou-o à entrada do último quilómetro. Mathieu van der Poel acelerou para o primeiro Monumento da carreira, batendo Sagan e van Aert. Depois de tamanha exibição no empedrado, o campeão olímpico era o grande favorito para o inferno do norte.

    As previsões meteorológicas de precipitação pareciam estar erradas e os ciclistas saíram dos arredores de Paris, sob um ameno sol primaveril. Os primeiros 50 quilómetros são marcados por tentativas de fuga sem sucesso, enquanto CCC e Deceuninck-QuickStep comandam o pelotão a alto ritmo. Mas a CCC já não tem mais cartas para queimar antes do final, e a Deceuninck sozinha não consegue controlar um ataque numeroso: quinze ciclistas estabelecem-se na frente, criando um perigo para os favoritos. A Mitchelton-Scott foi a maior agitadora da fase inicial da corrida e é recompensada com uma presença forte no grupo dianteiro, com Durbridge, Edmondson e Smith.

    Os ciclistas rolam para norte, e, por volta dos cem quilómetros percorridos, encontram o primeiro setor de pavé. E, então, começa. Primeiro ligeira, depois torrencial. 18 anos depois, há Paris-Roubaix à chuva.

    À parte de uma queda que tira Mike Teunissen da corrida, não há muito a contar até entrarmos nos últimos 100 quilómetros. O grupo de escapados começa a perder algumas unidades, mas vai mantendo uma vantagem acima dos dois minutos que lhe dá asas para sonhar. O setor 19 começa a desenhar a corrida. No Trounee d’Arenberg, a Mitchelton-Scott volta ao ataque e Smith e Durbridge selecionam a dianteira, passando a levar somente quatro colegas de escapada. No pelotão, há resposta à altura. A Deceunick começa a aproveitar o dispor de vários líderes para fazer a diferença, e Bob Jungels lança-se em perseguição solitária à frente.

    Benoot é um dos favoritos no paralelo, ainda mais quando há chuva
    Fonte: Strade Bianche

    A CCC assume a perseguição, mas, no setor 17, van Hooydonck não tem pernas para mais, e Schar fura. Restam só Trentin e Avermaet, forçando BORA-hansgrohe e Jumbo-Visma a assumir o grupo principal em busca do dianteiro. Uns bons quilómetros mais à frente, à chegada do setor 13, Jungels está quase na frente, mas Durbridge acelera novamente e só Eekhoff segue na roda. Com a lama, a estrada fica ainda mais estreita. O campeão luxemburguês tem dificuldades em conseguir passar por um Gougeard sem forças para aguentar mais na frente, perdendo valiosos segundos e tendo que perseguir durante mais um bom bocado.

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