Universo Paralelo: Roubaix à chuva

    Em Mons-en-Pevele, Greg van Avermaet não pode esperar mais, se ainda quer chegar ao grupo mais avançado. O belga assume a corrida desde a entrada do setor 11, e o pelotão segue em fila indiana na sua roda. Van Aert segue no seu encalço, e Benoot vem logo de seguida. Em quarto, segue Pollitt, mas, a certa altura, a roda dianteira do alemão fica presa na lama. Perde o controlo da bicicleta e acaba no chão, retendo os outros favoritos. Lampaert ainda passa, mas os 20 metros de atraso transformam-se em 30, 40, 50,… E o belga fica em terra de ninguém.

    A realização mostra-nos um desolado van der Poel a olhar para horizonte, enquanto espera por assistência mecânica. Aos seus pés, uma Canyon partida em dois. A corrida está agora a seis. Durbridge, Eekhoff e Jungels têm 50 segundos sobre Avermaet, van Aert e Benoot.

    Os perseguidores vão cortando um pouco a desvantagem, e nos setores sucessivos 7 e 6 têm a dianteira no seu campo de visão. Mas um Jungels irrequieto ataca na frente e deixa Durbridge para trás. Eekhoff ainda se aguenta na sua roda. O australiano é rapidamente engolido e ultrapassado pelo trio, e o duo da frente também acaba por se ver alcançado à entrada do setor 5.

    Do Carrefour de l’Arbre é esperado que seja o momento decisivo para a corrida e não desilude. Wout van Aert fica parada, é lama a mais para a corrente da sua bicicleta. Perde qualquer hipótese de lutar pelo triunfo.

    Benoot também acaba em dificuldades: o problema é um furo. Rapidamente há solução, e a Sunweb aproveita o facto de ser a única com dois ciclistas na frente. O belga recebe a bicicleta do seu colega de fuga. Ensopado e na berma da estrada, a estreia de sonho no Paris-Roubaix de Eekhoff acaba com o braço estendido à espera de uma roda.

    Benoot fica a dez segundos da frente. Mas… Fantástico! No meio da lama, consegue recuperar e chegar aos outros dois antes do penúltimo setor. Em Hem, Avermaet bem tenta, mas os adversários não descolam e continua a ser uma luta a três.

    Conseguirá Avermaet repetir a vitória de 2017? Fonte: Tour de France

    O setor 1 é meramente simbólico e o trio da frente passa por ele a alta velocidade, mas Avermaet aparenta ter algumas dificuldades na traseira do grupo. Estará finalmente a fadiga a levar a melhor? A moto da câmara dá-nos a resposta com um plano aproximado da roda traseira. Um furo.

    Não há possibilidade de trocar de bicicleta. Resta aguentar na roda e tentar fazer o melhor possível. Nem a chuva impede o velódromo de Roubaix de estar a abarrotar. Benoot lidera na primeira meia volta e Avermaet segue em terceiro. Com uma volta para o fim, Benoot abre para o lado e convida os adversários a passar para a frente. Jungels não se faz rogado.

    Sem querer esperar pelo sprint, o luxemburguês impõe um ritmo demoníaco, e Benoot faz tudo por não perder a roda. Avermaet resigna-se ao último lugar do pódio, e só consegue tentar manter o controlo da bicicleta. Na última curva, Jungels ainda lidera e mantém a pressão sem se levantar do selim. Benoot sai pela direita, mas já não tem pernas para acelerar mais. Bob Jungels vence o Paris-Roubaix, depois de um ataque a quase 100 quilómetros da meta. Chapeau!

    Foto de Capa: Paris-Roubaix

    Artigo revisto por Mariana Plácido

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